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Resultados da Pesquisa

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    Transição para o ensino fundamental II : o que dizem as pesquisas brasileiras.
    (2021) Reis, Ludimila Maria da Silva; Nogueira, Marlice de Oliveira e
    Este artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica que analisou fatores escolares e sociais associados ao desempenho dos alunos na transição do 5o para o 6o ano. Os resultados indicam que são vários os fatores que afetam os alunos na transição escolar, como a entrada na adolescência, a adaptação a uma nova cultura escolar, a mudança da monodocência para a pluridocência, as exigências das disciplinas escolares, a fragmentação dos tempos e espaços, e as relações entre alunos e professores. Embora tais fatores estejam comumente presentes nos percursos de escolarização, eles afetam cada educando com maior ou menor intensidade, não sendo possível inferir um padrão de situação escolar vivenciado.
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    Políticas de ações afirmativas e seus limites frente à branquitude no Ensino Superior.
    (2022) Nunes, Adelina Malvina Barbosa; Diniz, Margareth
    Este artigo teve como referência os resultados da pesquisa de mestrado defendida no Programa de Pós- Graduação em Educação PPGE/UFOP. Foram expostas aqui nossas reflexões acerca da investigação do contexto de três Políticas de Ações Afirmativas (PPA) aplicadas ao Ensino Superior brasileiro (Lei no. 10.639/2003, Lei no. 12.711/2012, Lei no. 12.990/2014). A partir da chave de leitura dos estudos críticos da branquitude no Brasil, enunciamos possibilidades de compreensão dos limites das legislações frente à subjetividade. Observamos que (re)conhecer que a ideologia racial é estruturante da sociedade brasileira não tem sido o suficiente. Concluímos que é preciso saber de si, dar contorno às instâncias subjetivas e interpelar a posição dos sujeitos docentes do Ensino Superior.
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    Peace or violence : a ambiguidade dos discursos educacionais de acolhida e proteção pela confissão identitária.
    (2021) Dallapicula, Catarina; Lima, Gabriela Pereira da Cunha; Soares, Guilherme; Diniz, Margareth
    Usando como mote a canção “Peace or Violence”, em que o artista belga de ascendência ruandesa Stromae questiona se o “V” é um símbolo de paz ou violência, este artigo analisa os discursos de duas notícias para pensar os processos de inclusão escolar pela confissão identitária de pessoas que não se enquadram na heterocisnormatividade regida pela branquitude. As narrativas midiáticas apresentam processos de violência institucional direcionadas à performance de gênero e à sexualidade de estudantes. Questionamos como as identidades são assumidas pelas instituições em práticas que visam a inclusão, mas também podem reverberar em violências, entrando em um debate existente sobre os ganhos e perdas no uso das identidades como estratégia de acesso a direitos perante uma matriz de dominação em que diferentes marcadores identitários se interseccionam.
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    “Tô aprendendo a sonhar” : narrativas de jovens e sua relação com a escola.
    (2021) Nunes, Célia Maria Fernandes; Pádua, Karla Cunha; Araújo, Regina Magna Bonifácio de
    A arte cinematográfica tem se apresentado como potencializadora de ricas narrativas a partir de diferentes sujeitos, aspectos e abordagens. Percorrendo esse caminho, analisamos o documentário Nunca me sonharam que apresenta, na diversidade e singularidade das narrativas, as expectativas de vida e de futuro de jovens que frequentam as escolas públicas do Brasil. Optamos pela utilização do enfoque hermenêutico e narrativo para analisar os acontecimentos da vida narrados no filme, tomando como foco a relação dos jovens com a escola. Dessa forma, buscamos produzir uma análise narrativa que lança luz às falas dos jovens inserindo-as em uma história significativa, preservando os elementos singulares e aspirando uma com- preensão de sua particular complexidade. Falamos de jovens que vivem a sua condição juvenil na diversidade de experiências, sonhos e expectativas de vida. A centralidade dessas vozes e a diversidade desses estudantes podem mobilizar reflexões sobre a desigualdade social em nosso país e o papel fundamental da educação e da escola. O diálogo com suas narrativas nos revela que “tem muitas coisas que queremos dizer, mas não podemos”, que “tem muito sonho. Muita ideia. Pouca gente escutando pra realizar”.
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    Medicalização da infância na fase escolar : um debate à luz das categorias poder e resistência.
    (2022) Souza, Jackeline da Silva; Ferreira, Carla Mercês da Rocha Jatobá; Torres, Marco Antônio; Ferreira, Carla Mercês da Rocha Jatobá; Torres, Marco Antônio; Diniz, Margareth; Caliman, Luciana Vieira
    O objetivo da pesquisa consistiu em analisar o processo de medicalização da infância na fase escolar a partir das produções científicas do período entre 2009 e 2019. Para isso, utilizamos como o principal referencial teórico-metodológico os estudos foucaultianos, pois essa perspectiva tem se mostrado mais promissora no debate das relações de poder e resistência. A pesquisa se classificou como qualitativa a partir da busca em bases eletrônicas de dados, com a seleção de 63 trabalhos, tendo por recorte temporal os anos de 2009 a 2019, com elaboração de um Estado da Arte sobre o tema de pesquisa a posteriori. Na análise de dados, encontramos enunciados que dizem dos efeitos da materialidade do discurso da medicalização incidindo no controle dos corpos. Identificamos que há o apagamento e o silenciamento da criança e/ou do adolescente como sujeitos, interferindo na potência que cada um tem e pode demonstrar a partir daquilo que está sendo chamado de conflito, problema e dificuldade na instituição escolar. Nessa lógica, os aspectos sociais, políticos, econômicos e subjetivos pelos quais perpassam a existência de infâncias diversas são descartados. Verificamos formas de resistências às práticas medicalizantes a partir de estudos realizados por meio da pesquisa-intervenção, ao abarcar outras leituras sobre as infâncias, como a psicanálise, quando busca ressignificar saberes juntos aos atores envolvidos, como a criança, a família, a escola e o especialista. Portanto, o discurso da medicalização da infância na fase escolar vem ganhando status de verdade a partir das relações, tomando enunciados como meio de gerir e normatizar a vida em sociedade e, para além disso, atender aos interesses do sistema capitalista e dos grandes laboratórios farmacêuticos. Levando em consideração que temos relações de poder, podemos repensar os modos de ação sobre os outros a partir de novos enunciados que considerem a existência de infâncias diversas e o lugar da criança e/ou do adolescente no processo de aprendizagem.
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    Vozes ativas : socialização, vivências e resistência de estudantes negros do Ensino Médio em uma escola de Belo Horizonte - MG.
    (2022) Silva, Charles Luiz da; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Santos, Adilson Pereira dos; Silva, Natalino Neves da; Tosta, Sandra de Fátima Pereira
    A Lei n. 10639/03 que instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro- brasileira no ambiente escolar, enfrentou muitos obstáculos até sua consolidação e a pressão do Movimento Negro foi crucial para sua aprovação. Porém, até os dias atuais a aplicação da Lei nas escolas ainda não se universalizou. O objetivo principal desta pesquisa foi compreender como estudantes negros do Ensino Médio de uma escola estadual de Belo Horizonte reconhecem e vivenciam os saberes invocados pela Lei n. 10.639/03 no ambiente escolar. A investigação teve caráter qualitativo e utilizou-se da pesquisa bibliográfica, da análise documental e da entrevista semi diretiva com quatro jovens negros concluintes do Ensino Médio de uma escola estadual de Venda Nova, uma sub-região de Belo Horizonte, MG. A discussão trazida na investigação abordou inicialmente a trajetória do Movimento Negro e seu envolvimento com a educação enxergando nesse campo uma grande possibilidade de emancipação da população negra desde o pós escravidão no século XX até a aprovação das leis de ações afirmativas de discriminação positiva, em especial a Lei n. 10.639/03. Para tal discussão foram cruciais autores como Gomes (2017) e Domingues (2009) dentre outros. Também foi realizada uma reflexão sobre juventudes, com ênfase nas lógicas socializadoras das camadas populares e na juventude negra, trazendo dados sobre o processo de exclusão dessa população no Ensino Médio. Para isso, autores como Dayrell (2007) e Thin (2010) foram muito importantes, entre outros. Com a análise da literatura, das leis, das entrevistas e do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola estudada buscamos relacionar as respostas dos estudantes sobre as relações étnico-raciais e suas experiências na escola. Os resultados nos mostram que: A abordagem das relações étnico-raciais na escola não reflete um ambiente democrático em sua acepção ampla e cotidiana; é necessário o fomento de uma “cultura escolar para as relações étnico-raciais”. Outro ponto encontrado em nossa pesquisa foi a apropriação heterodoxa de espaços que a escola cedia para os alunos, culminando em manifestações relativas às questões étnico-raciais de maneira mais próxima ao que os alunos julgavam ser uma abordagem apropriada ao tema e ao que preconiza a Lei n. 10.639/03. Por fim, vale ressaltar que fica notória a necessidade de uma maior abertura da escola com relação aos anseios dos jovens, proporcionando canais de uma escuta ativa para possíveis proposições de intervenção.
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    Obras cinematográficas e educação : análise em abordagens de ensino com questões sociocientíficas.
    (2022) Alcântara, Anayra Yule; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Lima, Guilherme da Silva; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Lima, Guilherme da Silva; Pagliarini, Cassiano Rezende; Piassi, Luís Paulo de Carvalho
    Nesta pesquisa utilizamos as questões sociocientíficas (QSC) e as obras cinematográficas (OC) alinhadas à perspectiva da educação CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente). Nos baseamos na premissa de que obras cinematográficas têm potencial educacional ao serem utilizadas como fonte de informação, de aproximação do sujeito a diferentes realidades, e como mobilizadoras de questões culturais, éticas e morais. Neste sentido, nosso objetivo geral foi avaliar, a partir do olhar de professores de Ciências, o potencial de obras cinematográficas na abordagem de ensino de QSC. Para isso, foi realizado um minicurso online e gratuito para professores de Ciências da região de Ouro Preto e Mariana. O minicurso buscou sistematizar, exemplificar e possibilitar um novo olhar sobre a utilização de OC em contexto educacional. A análise dos encontros nos possibilitou uma visão macroscópica sobre a utilização de OC em QSC, gerando categorias para uso na análise microscópica. Cada professor participante elaborou uma sequência didática (SD) e um plano de aula ao término dos encontros do minicurso. Escolhemos duas propostas para uma análise microscópica, o que nos possibilitou verificar se as categorias sistematizadas ao longo do minicurso refletiram no planejamento da SD. Para elaboração da SD os professores deveriam utilizar como referencial a proposta pedagógica de QSC elaborada por Conrado e Nunes-Neto (2018). Constatamos que, inicialmente, a percepção sobre a utilização de OC em contexto escolar se baseava na exemplificação e no uso pontual. Ao longo do minicurso e a partir da elaboração da SD, os professores de ciências passaram a enxergar a OC como um mecanismo de produção de experiências, sentimentos, e que visa a aproximação dos alunos às diferentes realidades e como mobilizadoras de questões morais, éticas e possíveis promotoras do raciocínio crítico. Detectamos cinco maneiras de utilização de OC em abordagem pedagógica QSC: (i) no início da proposta educacional para auxiliar na introdução do caso da SD; (ii) como possibilidade de uso após o caso da SD; (iii) como forma de finalizar a SD; (iv) como forma de auxiliar no debate e esclarecimento das questões norteadoras e (v) como inspiração para a SD. O minicurso possibilitou que professores de Ciências conhecessem e entendessem as possibilidades de utilizar OC em contexto educacional. Assim sendo, obtivemos como fruto deste trabalho categorias capazes de sintetizar e descrever possíveis ações da utilização de OC em QSC, sendo uma contribuição da pesquisa à literatura da área de Educação em Ciências.
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    A Mesa Permanente do Programa UFOP com a Escola : uma análise da percepção dos representantes sobre a articulação entre a Universidade, a 25ª SRE e as Secretarias Municipais de Educação.
    (2021) Souza, Lucas Patrício de; Oliveira, Breynner Ricardo de; Oliveira, Breynner Ricardo de; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Sátyro, Natália Guimarães Duarte; Segatto, Catarina Ianni
    Esta pesquisa analisa a percepção dos representantes de cinco secretarias municipais de educação (Acaiaca, Diogo de Vasconcelos, Itabirito, Mariana e Ouro Preto), da Superintendência Regional de Ensino de Ouro Preto (25ª SRE) e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) sobre a articulação entre as redes básicas e superior operada pela universidade por meio da Mesa Permanente do Programa UFOP com a Escola. Foram realizadas um total de 14 entrevistas, partindo de roteiros semiestruturados, as quais divididas entre professores da universidade, das secretarias municipais de educação e da 25ª Superintendência. Os dados obtidos foram organizados e analisados sob três dimensões: (1) a Mesa Permanente de discussão do Programa UFOP com a Escola na percepção dos excoordenadores; (2) a percepção dos representantes das secretarias municipais de educação e da superintendência de ensino sobre a Mesa do Programa UFOP com a Escola; e (3) o desenho da rede de cooperação regional: universidade, municípios e superintendência. O referencial teórico baseia-se nas contribuições de Abrucio (2005; 2010) e Arretche (1999; 2001; 2002; 2004; 2010) sobre a organização do Estado brasileiro, sobre as possibilidades, os impasses e os desafios da nossa arquitetura constitucional e os problemas a que as políticas sociais estão submetidas sob o ponto de vista da conformação de cooperações entre os entes federados. Por sua vez, Bichir, Bretas e Canato (2017) e Bichir (2016; 2018) analisam e propõem o estudo das políticas a partir de uma compreensão da governança multinível revelada pela complexidade do sistema tripartite brasileiro e a construção de arenas como forma de superação dos vários desafios desse sistema. Avançando no campo da Educação, trazemos as análises sobre a relação entre as redes de ensino propostas por Gatti (2007; 2008; 2010), com foco nas políticas de formação inicial e continuada de professores. Da mesma forma, Segatto e Abrucio (2016) vão propor análises da relação entre os estados e seus municípios sob o prisma da educação para verificar quais foram os avanços e como eles ocorreram. Como parte dos resultados, na primeira dimensão as entrevistas com os professores apontaram que sua ação no Programa tem sido direcionada pelas políticas oriundas do Ministério da Educação (MEC), como os Planos Nacionais de Educação. Ao mesmo tempo, a conformação da Mesa, que dialoga com os municípios, tem inspiração em modelos estabelecidos pela secretaria do MEC. Além disso, a elaboração das ações iniciais ocorreu via processo de indução financeira, com a aprovação em editais para a manutenção e o desenvolvimento das atividades extensionistas. Ainda que sejam observados diversos gargalos, a ação federal se mostrou, no período da pesquisa, efetiva e os recursos dispensados por esse ente foram fundamentais para que o Programa existisse. Já na segunda dimensão, os representantes ressaltaram a importância da Superintendência de Ensino no processo de aglutinação regional em torno da Mesa e sua forte atuação junto de todas as municipalidades e com a universidade. Eles demonstram participar há muito tempo das atividades com o Programa e com a Mesa e se mostram satisfeitos com os resultados advindos dessas formações. Fizeram considerações sobre os modos como se relacionam com os demais membros e quais as representações que mais colocam questões nas reuniões e também sobre seu percurso junto aos demais membros da Mesa. Pelos relatos, forma-se uma rede entre todas as instituições e que criam o que se tornou a terceira dimensão. Nessa dimensão, os relatos e registros dão conta de que o Programa possui o objetivo de incidir sobre as políticas, programas e ações educacionais das municipalidades, mas que esse processo não tem se mostrado simples. No relato dos professores da universidade há uma dificuldade de as municipalidades contribuírem financeiramente, que existem demandas dos municípios e o Programa afirma que existe possibilidade e pessoal para trabalhar com aquela temática. Há formações que a UFOP não tem como ofertar. Existem os bolsistas e o prédio, mas a formação é gratuita. As prefeituras têm que garantir o lanche e o transporte. As ações extensionistas de formação se desdobram na construção de uma concepção muito própria de prática docente. Tal construção afeta as estruturas municipais que possuem mais liberdade de atuar nas políticas desse campo, uma vez ausentes os governos e direcionadas às ações. Tal processo tem sido acompanhado, nos municípios menores, da construção de novos planos políticos pedagógicos.
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    Os efeitos não revelados do Programa Bolsa Família a partir da condicionalidade educacional : uma análise com implementadoras locais e mães beneficiárias.
    (2021) Teixeira, Marisa da Conceição; Oliveira, Breynner Ricardo de; Oliveira, Breynner Ricardo de; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Marins, Mani Tebet Azevedo de; Gussi, Alcides Fernando; Bichir, Renata Mirandola
    Tomando como ponto de partida a condicionalidade educacional do Programa Bolsa Família (PBF), esta pesquisa analisa os efeitos da implementação do programa a partir da interação das implementadoras com as beneficiárias. O PBF é uma política de combate à pobreza mediante transferência condicionada de renda às famílias, viabilizando o atendimento a serviços públicos de saúde, educação e assistência social. Assim, o programa contribui para o rompimento do ciclo intergeracional da pobreza e da exclusão social. Os referenciais que estruturam esta pesquisa são: a teoria de Lipsky (1980) sobre os burocratas de nível de rua e os usos da discricionariedade; Maynard-Moody e Musheno (2003), sobre julgamentos morais e a reprodução de valores e normas dominantes presentes na discricionariedade dos implementadores. Para tratar dos efeitos da implementação, apoia-se em Dubois (2015; 2020), Pires (2019), Marins (2017) e no conceito sociológico de estigma de Goffman (1982). Bartholo et al. (2019), Auyero (2011) e Molyneaux e Thomson (2016) orientaram a discussão sobre o estigma das mulheres. Realizou-se pesquisa sistemática de levantamento bibliográfico e pesquisa de campo no município de Ouro Preto, Minas Gerais. Foram selecionados dois equipamentos públicos: uma escola municipal e um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) situados no mesmo território em situação de vulnerabilidade. Os dados advêm de 12 entrevistas semiestruturadas realizadas com implementadoras locais: uma cadastradora do PBF e uma assistente social trabalhadoras do CRAS; cinco profissionais da educação (diretora, pedagoga, secretária escolar e duas professoras); e cinco mães. As entrevistas abrangeram duas dimensões: (1) Percepções e práticas das implementadoras e das beneficiárias e (2) Cotidiano de interação. As burocratas e beneficiárias têm uma percepção do PBF como uma “ajuda” do governo que coaduna sobre não se tornar cidadão, mas sim paciente do Estado. Existe um julgamento na sociedade e que reflete nas ideias, percepções, crenças e valores das agentes implementadoras de que a mulher deve gastar o dinheiro com os filhos e com a casa. As mães que direcionam o dinheiro do PBF para outros fins que não com as crianças e com a casa são estigmatizadas. As atuações são diferentes para as implementadoras locais da assistência social e da educação. Efeitos não revelados da política são resultantes de preconceitos sobre os beneficiários, estigmatizando-os. Por outro lado, os dados analisados trazem à superfície um entrelaçamento de efeitos positivos e negativos que, a partir da discricionariedade das implementadoras, se refletem em efeitos da implementação cotidiana do PBF nos territórios.
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    Minas auríferas em Ouro Preto e a educação das relações étnico-raciais.
    (2020) Nascimento, Caroline Teixeira Alves do; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Sacramento, Cristina Carla; Silva, Rubens Alves da
    A cidade de Ouro Preto é conhecida pelo ciclo do ouro e a escravidão africana, que marcaram o Brasil Colonial, especialmente durante o século XVIII. Com base no contexto histórico da mineração ocorrida em tal período, a pesquisa tem como objetivo investigar antigas minas de produção aurífera na cidade de Ouro Preto e de que forma ocorrem as relações patrimoniais juntamente com a educação das relações étnico-raciais. A cidade possui diversas antigas minas, que estão presentes em quintais de casas particulares e são abertas para visitação turística pelos próprios moradores, sendo as mais conhecidas e objeto dessa pesquisa, a Mina do Chico Rei e a Mina Du Veloso. A Mina do Chico Rei, fundada no ano de 1702, teve como primeiro proprietário o Major Augusto que, posteriormente, segundo a tradição oral, a vendeu ao africano alforriado Chico Rei – que além da mina também comprou a liberdade de diversos outros africanos escravizados. Atualmente, a mina está sob os cuidados de Antônio Alcantra Ferreira Lima, conhecido como “Toninho”. A Mina Du Veloso teve como seu primeiro dono o coronel José Veloso do Carmo, que gerenciou a produção aurífera por meio da utilização da mão de obra africana escravizada entre os anos de 1761-1819. Hoje, a mina tem como guardião legal o segundo dono, chamado Eduardo Evangelista, conhecido por todos como “Du”. Busca-se averiguar como esses espaços históricos estão sendo utilizados na propagação da cultura africana e afro-brasileira e na valorização do povo negro na produção aurífera ocorrida na antiga Vila Rica. O objetivo é investigar como a educação patrimonial contribui para a valorização das diversidades étnico-culturais dos africanos e afro-brasileiros como agentes ativos do processo de formação do nosso país, em especial, nessas antigas minas de Ouro Preto. Para a compreensão do processo de mineração africana, busca-se abordar a produção aurífera no Brasil Colônia, e também a mineração que ocorria na África durante o período que demarca o comércio do tráfico transatlântico de escravizados, e, para tanto, foram utilizados autores como Santos (2017) e Silva (2011). Para a composição do levantamento histórico sobre a mina do Chico Rei, utilizou-se os trabalhos de Santos (2019) e Silva (2007). Lado outro, os textos de Ferreira (2017) e Sobreira (2014) foram fundamentais para as discussões acerca da Mina Du Veloso e o que se sabe sobre o trabalho africano nesses espaços. Optou-se por uma abordagem qualitativa, por meio da qual os sujeitos guardiões dos espaços foram entrevistados pela pesquisadora e observações de campo foram realizadas para identificar se ocorrem e como ocorrem práticas pedagógicas e estratégias nesses espaços para com a difusão e valorização da diáspora africana, para analisar como se dão as relações culturais e sociais entre estes espaços de patrimônio da mineração e a comunidade ouro-pretana, bem como para elucidar os principais desafios enfrentados e vantagens pelos guardiões das Minas na afirmação do protagonismo do negro na formação histórica de nosso país, na busca de compreender como esses espaços patrimoniais ricos em cultura africana contribuem na difusão da educação das relações étnicoraciais. Como resultados alcançados, observa-se que esses espaços patrimoniais assumem um papel importante na difusão do conhecimento da história dos africanos no Brasil durante o ciclo do ouro e na ressignificação da imagem no povo negro na sociedade brasileira.