Minas auríferas em Ouro Preto e a educação das relações étnico-raciais.
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2020
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Resumo
A cidade de Ouro Preto é conhecida pelo ciclo do ouro e a escravidão africana, que marcaram
o Brasil Colonial, especialmente durante o século XVIII. Com base no contexto histórico da
mineração ocorrida em tal período, a pesquisa tem como objetivo investigar antigas minas de
produção aurífera na cidade de Ouro Preto e de que forma ocorrem as relações patrimoniais
juntamente com a educação das relações étnico-raciais. A cidade possui diversas antigas minas,
que estão presentes em quintais de casas particulares e são abertas para visitação turística pelos
próprios moradores, sendo as mais conhecidas e objeto dessa pesquisa, a Mina do Chico Rei e
a Mina Du Veloso. A Mina do Chico Rei, fundada no ano de 1702, teve como primeiro
proprietário o Major Augusto que, posteriormente, segundo a tradição oral, a vendeu ao africano
alforriado Chico Rei – que além da mina também comprou a liberdade de diversos outros
africanos escravizados. Atualmente, a mina está sob os cuidados de Antônio Alcantra Ferreira
Lima, conhecido como “Toninho”. A Mina Du Veloso teve como seu primeiro dono o coronel
José Veloso do Carmo, que gerenciou a produção aurífera por meio da utilização da mão de
obra africana escravizada entre os anos de 1761-1819. Hoje, a mina tem como guardião legal o
segundo dono, chamado Eduardo Evangelista, conhecido por todos como “Du”. Busca-se
averiguar como esses espaços históricos estão sendo utilizados na propagação da cultura
africana e afro-brasileira e na valorização do povo negro na produção aurífera ocorrida na antiga
Vila Rica. O objetivo é investigar como a educação patrimonial contribui para a valorização
das diversidades étnico-culturais dos africanos e afro-brasileiros como agentes ativos do
processo de formação do nosso país, em especial, nessas antigas minas de Ouro Preto. Para a
compreensão do processo de mineração africana, busca-se abordar a produção aurífera no Brasil
Colônia, e também a mineração que ocorria na África durante o período que demarca o
comércio do tráfico transatlântico de escravizados, e, para tanto, foram utilizados autores como
Santos (2017) e Silva (2011). Para a composição do levantamento histórico sobre a mina do
Chico Rei, utilizou-se os trabalhos de Santos (2019) e Silva (2007). Lado outro, os textos de
Ferreira (2017) e Sobreira (2014) foram fundamentais para as discussões acerca da Mina Du
Veloso e o que se sabe sobre o trabalho africano nesses espaços. Optou-se por uma abordagem
qualitativa, por meio da qual os sujeitos guardiões dos espaços foram entrevistados pela
pesquisadora e observações de campo foram realizadas para identificar se ocorrem e como
ocorrem práticas pedagógicas e estratégias nesses espaços para com a difusão e valorização da
diáspora africana, para analisar como se dão as relações culturais e sociais entre estes espaços de patrimônio da mineração e a comunidade ouro-pretana, bem como para elucidar os principais
desafios enfrentados e vantagens pelos guardiões das Minas na afirmação do protagonismo do
negro na formação histórica de nosso país, na busca de compreender como esses espaços
patrimoniais ricos em cultura africana contribuem na difusão da educação das relações étnicoraciais. Como resultados alcançados, observa-se que esses espaços patrimoniais assumem um
papel importante na difusão do conhecimento da história dos africanos no Brasil durante o ciclo
do ouro e na ressignificação da imagem no povo negro na sociedade brasileira.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Educação. Departamento de Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Educação, Minas e mineração, Ouro, Relações étnicas, Relações raciais
Citação
NASCIMENTO, Caroline Teixeira Alves do. Minas auríferas em Ouro Preto e a educação das relações étnico-raciais. 2020. 109 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2020.
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