PPGEDU - Doutorado (Tese)
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Item Sementes de esperança : militâncias-educadoras de mulheres do campo e a produção de territorialidades de vida e resistências na Zona da Mata mineira.(2023) Campos, Alessandra Bernardes Faria; Torres, Marco Antônio; Ramalho, Bárbara Bruna Moreira; Torres, Marco Antônio; Ramalho, Bárbara Bruna Moreira; Santos, Marcelo Loures dos; Silva, Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues; Nascimento, Iracema Santos do; Fernandez, Thais Almeida CardosoEste texto apresenta os percursos e resultados de uma tese de doutorado, que tem como objeto de análise as relações entre mulheres do campo, Educação Popular e anticolonialidade. Operando com uma concepção de educação que não se restringe à educação escolar, mas que se estende à produção de formas de estar sendo no mundo e de produção de cosmopercepções, nos perguntamos sobre o papel, a natureza e os sentidos educativos da presença e atuação de mulheres nas lutas populares. Direcionando nossas sensibilidades interpretativas para a presença e a práxis educadora de mulheres de três frentes de luta: o projeto GENgiBRE, a Rede SAPOQUI – Rede de Saberes dos Povos Quilombolas da Zona da Mata e a Comissão Regional de Enfretamento à Mineração da Serra do Brigadeiro/Puri. O objetivo do estudo é compreender de que maneira as mulheres denunciam e tensionam as colonialidades no campo da Zona da Mata mineira, inclusive presentes nas lutas populares na região, anunciando percepções, posicionamentos e alternativas anticoloniais. Em termos teórico-político-metodológico, nos amparamos em referenciais delimitados como anticoloniais, como obras, reflexões e ações balizados pelos processos desencadeados pela colonização, perpetuados pela colonialidade nos territórios conquistados. Aqui estão presentes autoras e autores do pensamento decolonial, bem como referências das abordagens descoloniais e contracolonial. Também dialogamos com o campo das epistemologias feministas, em sua multiplicidade, como os feminismos subalternos e decoloniais/ descoloniais, os feminismos negros e os feminismos críticos. Soma-se à essas referências, leituras que debatem Educação Popular. Com estas autoras e autores, refletimos sobre educação e colonialidade, desigualdades e violências de gênero, racismo, eurocentrismo e epistemicídio, bem como sobre resistências e produção de alternativas protagonizadas pelas mulheres. Com referência na Pesquisa Participante, acompanhamos a ação militante de cinco mulheres, lançando percepções sobre tais ações, estas registradas em cadernos de campo, partilhados com elas, os quais nomeamos Relatos Compartilhados. Além disso, realizamos entrevistas narrativas no formato de Rio da Vida. Como resultados de pesquisa, em diálogo com os debates no campo dos Movimentos Sociais e Educação, formulamos a categoria militante- educadora, compreendendo a militância como produtora de processos educativos. Também foi possível afirmar a presença protagonista e particular das mulheres nas lutas sociais do campo da região na qual atuam, identificando percepções, produzidas socialmente, que marcam sua presença no mundo e sua ação militante. O corpo, o cuidado, a afetividade, a solidariedade aparecem como constitutivas do fazer militante-educador dessas mulheres, expressos tanto nas relações interpessoais, quanto nos instrumentos que produzem no contexto das lutas populares. A partir dessa pesquisa foi possível identificar elementos que ajudam a perceber a forma dinâmica e sensível, mas também contraditória, com que se (re)cria a Educação Popular em contextos colonizados. Em especial, afirma o papel protagonista e central das mulheres na defesa e na produção dos territórios autodeterminados pelos coletivos populares do campo, numa perspectiva popular, anticapitalista, feminista e antirracista.Item Caracterização das práticas epistêmicas que emergem da discussão de uma questão sociocientífica em um grupo de licenciandos em química.(2023) Ramos, Tatiana Costa; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Mozzer, Nilmara Braga; Lima, Guilherme da Silva; Munford, Danusa; Silva, Fernando CésarA presente pesquisa teve objetivo de caracterizar as práticas epistêmicas centrais adotadas por um grupo de licenciandos em Química durante a discussão de uma questão sociocientífica (QSC) sobre o consumo de carne de origem animal. Neste trabalho compreendemos práticas epistêmicas, segundo Kelly (2008), como as formas com que os membros de uma comunidade interagem visando propor, avaliar, comunicar e legitimar o conhecimento. As QSC são problemas socioambientais e/ou sociocientíficos controversos, que possuem relações com a Ciência e são influenciados por aspectos éticos, morais, econômicos, políticos e ambientais (Conrado e Nunes-Neto, 2018). A investigação foi motivada pela escassez de pesquisas da área de Educação em Ciências que avaliam como e porque as práticas epistêmicas são adotadas por estudantes e como elas podem auxiliar na discussão de uma QSC em sala de aula. A pesquisa foi realizada na formação inicial de professores de Química no contexto da disciplina de Metodologia do Ensino de Química em uma turma de licenciatura em Química do sétimo período do curso. A coleta de dados aconteceu durante o desenvolvimento de uma sequência didática (SD) com a abordagem pedagógica QSC, baseada em Conrado e Nunes-Neto (2018). A coleta de dados ocorreu durante doze aulas, com duração de uma hora e quarenta minutos. A pesquisa foi orientada pelos pressupostos da abordagem de pesquisa qualitativa, segundo Stake. Delimitamos nosso olhar para um grupo de licenciandos da turma. A construção dos dados foi realizada por meio de observação, registro das atividades desenvolvidas pelos licenciandos, áudio e vídeo gravação. As interações discursivas que ocorreram em sala de aula foram transcritas e realizamos a análise dos dados em duas etapas. Na primeira etapa investigamos o contexto de construção de conhecimento na sala de aula, a situação de resolução da QSC e selecionamos os episódios de ensino. Na segunda etapa buscamos compreender as práticas epistêmicas por meio da análise das interações discursivas que ocorreram entre os membros do grupo de licenciandos em cada episódio de ensino. A análise indica que os licenciandos centralizaram diferentes práticas epistêmicas durante a proposição, comunicação, avaliação e legitimação dos conhecimentos relacionados a QSC. Notamos a recorrência da prática epistêmica de argumentar por meio de conhecimentos prévios e interpretação do texto para propor conhecimentos durante a discussão da QSC. Por meio daquela prática epistêmica os licenciandos foram reconhecendo novas informações e fundamentando os posicionamentos deles sobre a QSC. Percebemos que a modificação da dinâmica social do grupo de licenciandos influenciou na adoção de práticas epistêmicas. Evidenciamos que os critérios epistêmicos assumiram papel fundamental de nortear o uso e seleção das práticas epistêmicas pelos licenciandos. Concluímos que a discussão da QSC por meio das práticas epistêmicas favoreceu a construção de conhecimentos justificados e reflexões acerca das ações dos estudantes com relação ao problema socioambiental. Consideramos que a escolha metodológica da pesquisa trouxe avanços na identificação dos atributos interacional, contextual, intertextual e consequencial das práticas epistêmicas em sala de aula.Item Lugar de pedagoga(o) não é somente na escola : trajetórias formativas e profissionais de pedagogas(os) que atuam em espaços de educação não escolar no estado de Minas Gerais.(2023) Lucindo, Nilzilene Imaculada; Nunes, Célia Maria Fernandes; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nunes, Célia Maria Fernandes; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Jorge, Liliane dos Santos; Silvestre, Magali Aparecida; Severo, José Leonardo Rolim de LimaA atuação da(o) pedagoga(o) em espaços de educação não escolar (ENE) vem se constituindo um campo de investigação em crescimento na área da educação. Esta constatação pode estar relacionada com as atuais demandas de formação requeridas pela sociedade contemporânea e com a Resolução CNE/CP no 01/2006 que estabeleceu as diretrizes para o curso de Pedagogia e ressaltou a necessidade de o curso propiciar o conhecimento sobre os espaços não escolares. A pesquisa que ora se apresenta buscou investigar como se constituiu a trajetória formativa e profissional de pedagogas(os) que se inserem em espaços de ENE, especificamente, em espaços de tratamento e promoção de saúde (hospitais, centros e demais unidades ligadas à área de saúde), espaços de promoção da cultura (museus e demais equipamentos culturais) e espaços de privação de liberdade (presídios, penitenciárias, centros socioeducativos etc.), no Estado de Minas Gerais. Como objetivos específicos, a investigação se propôs a caracterizar o perfil profissional das(os) pedagogas(os) que atuam em espaços de ENE no cenário mineiro; compreender como se deu a formação no curso de Pedagogia a partir da percepção dos sujeitos; identificar como ocorreu a inserção profissional das(os) pedagogas(os) nos espaços de ENE; explicitar os fatores que interferem na atuação profissional das(os) pedagogas(os) nos espaços de ENE. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que adotou como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados o questionário e a entrevista semiestruturada. Para tratar os dados coletados recorreu-se à técnica de análise de conteúdo. Os dados produzidos sinalizaram que, na percepção das pedagogas e do pedagogo entrevistados, as instituições de ensino superior onde elas e ele concluíram a graduação ofertaram o curso de Pedagogia voltado para a educação escolar, independente da época em que esse foi realizado. Os achados atestaram que a formação para os espaços de ENE tem se demonstrado insuficiente ou não tem sido contemplada nos cursos de Pedagogia, pois, privilegia-se a formação para a docência e o âmbito escolar. A razão mais indicada pelas pedagogas e pelo pedagogo para ingressarem nos espaços de ENE é o interesse em atuar fora do espaço escolar. Os fatores que interferem na atuação profissional das pedagogas e do pedagogo se referem à articulação entre a área de educação e a área finalística da instituição, à mobilização do conhecimento pedagógico e ao trabalho coletivo. As pedagogas e o pedagogo realizam atividades intrinsecamente relacionadas com a educação do público-alvo vinculado aos espaços investigados nesta pesquisa, sendo a organização do trabalho pedagógico uma ação comum a todos os profissionais. A partir dos dados evidenciados e com base no interesse que as pedagogas e o pedagogo manifestaram pelos espaços de ENE, afirma-se que a formação para esses espaços é uma necessidade formativa. Defende-se que a formação da(o) pedagoga(o) para os espaços de ENE deve ser contemplada de maneira sistemática no curso de Pedagogia e que se deve conhecer com maior profundidade as peculiaridades da atuação para cada um desses espaços com vistas a alcançar uma formação mais consistente.Item O mensario do Jornal do Commercio e o seu projeto cultural e educativo.(2023) Machado, Raphael Ribeiro; Carvalho, Rosana Areal de; Carvalho, Rosana Areal de; Jardilino, José Rubens Lima; Reis, Mateus Fávaro; Galvão, Ana Maria de Oliveira; Faria Filho, Luciano Mendes deNosso objeto reside sobre a coleção de revistas de cultura intitulada Mensario do Jornal do Commercio e o seu projeto cultural e educativo, produzido sob o intuito de, como o anúncio de seu aparecimento informa em fevereiro de 1938: servir de subsídio formador para os que queriam andar ao passo da intelectualidade nacional. Investigamos, portanto, como foi produzida a coleção do Mensario do Jornal do Commercio e como sua condição de subsídio formativo da intelectualidade brasileira foi concebido? A questão central reside sobre como pessoas e grupos sociais pensam, se organizam e produzem representações sobre a cultura e a educação em um determinado tempo histórico e se utilizam da escrita para dar vazão às suas visões de mundo e com isso intervir sobre os espaços públicos. A coleção do Mensario foi publicada entre 1938 e 1946, reunida em 33 tomos e 99 volumes. Classificado pelos seus produtores de “Revista de Alta Cultura” e proposto para “servir á intelligencia e á cultura do paiz”, o Mensario foi fruto de um processo editorial e funcionou como coletânea proveniente da seleção dos artigos de colaboração publicados no Jornal do Commercio(RJ). Entendemos os impressos enquanto lugares de produção, recepção e difusão de diferentes matrizes de pensamentos sociais, culturais, econômicas e políticas; como produtos de sua época e inscritos em uma trajetória histórica de produção do objeto escrito para a comunicação no espaço público. Neles podem ser notadas maneiras de ler e escrever, projetos de sociedade, de cultura, de educação e de nação. Projetos culturais diversos e possíveis interfaces com a agenda política estatal e de grupos sociais. Atuamos sob a hipótese de que o Mensario foi fruto de uma estratégia político-cultural da empresa liderada por Elmano Cardim e se constituiu como um subsídio de estudos, por meio de suas prescrições de leitura e de escrita, a fim de participar diretamente da formação intelectual das elites em consonância com as políticas culturais e que são também educacionais no contexto de leitura e retórica discursiva de formação de uma nova nacionalidade. Portanto, o Mensario foi produzido enquanto um suporte formativo nos anos do Estado Novo. Com isso, produzimos uma imagem de sua materialidade, da sua condição de existência e da atuação educativa dentro da cultura escrita brasileira nos anos de 1930 e 1940. A tese foi dividida em três partes sobre o projeto editorial, sobre as colaborações e sobre os colaboradores e o editor e esperamos que este texto contribua para os leitores e estudiosos que pertencem aos campos da História da Educação, do Impresso e da Cultura Escrita brasileira, locais aos quais nos identificamos.Item Avaliação das habilidades de leitura da BNCC para os anos finais do ensino fundamental.(2023) Roncete, Karine Votikoske; Matos, Daniel Abud Seabra; Corrêa, Hércules Tolêdo; Matos, Daniel Abud Seabra; Corrêa, Hércules Tolêdo; Lages, Rita Cristina Lima; Hamdan, Juliana Cesário; Soares, José Francisco; Coscarelli, Carla VianaEm 2017, o Governo Federal homologou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental. O documento normativo tem como um de seus objetivos, assegurar que conteúdos básicos de aprendizagem sejam garantidos aos estudantes. Para alcançá-lo, a BNCC pauta-se em competências e habilidades. Esta pesquisa se propôs a avaliar as habilidades de Leitura referentes aos anos finais do Ensino Fundamental da Base Nacional Comum Curricular. O principal referencial teórico utilizado foi a Taxonomia revisada de Bloom, que além de ser usada amplamente no contexto educacional, também serviu de base para a reestruturação da matriz de referência do SAEB. A Taxonomia revisada de Bloom possui duas dimensões: o processo cognitivo e o domínio do conhecimento. Este divide-se em quatro tipos: factual, conceitual, procedimental e metacognitivo. Já aquele, em seis: lembrar, compreender, aplicar, analisar, avaliar e criar. A Taxonomia nos auxiliou para a elaboração de um glossário de verbos, separados por processos cognitivos, e na reescrita das habilidades. Analisamos 58 habilidades de Leitura e elas foram separadas em 4 grupos: i) habilidades que não são de leituras: retirou- se tudo o que não era pertencente a leitura (seja a habilidade inteira, seja parte dela); ii) habilidades que se relacionam indiretamente com leitura: são aquelas que, apesar de importantes, só poderiam acontecer após ocorrer a leitura em si; iii) habilidades de efeito de sentido: foram dez habilidades sobre o tema integradas em uma única habilidade e iv) outras habilidades analisadas. Desse último grupo, analisamos 35 habilidades. Buscamos clarificar o sentido das habilidades, deixando apenas sua “ideia central”. Para ajudar na apropriação do material, também tivemos um cuidado de tentar equilibrar a quantidade de habilidades em cada processo cognitivo. Esse equilíbrio é importante, uma vez que habilidades de baixa complexidade são imprescindíveis para o aprendizado, desde que não sejam parte dominante do material pedagógico. Dessa forma, chegamos ao resultado de 28 habilidades, distribuídas pelos processos cognitivos da seguinte forma: 4 em Lembrar; 8 em Compreender; 9 em Analisar; 5 em Avaliar e 2 em Criar. A maioria deles são pertencentes ao domínio do conhecimento “conceitual” (21); 5 pertencem ao “factual” e 2 ao “procedimental”. Com esse conjunto de habilidades, mobilizadas em diferentes contextos, acreditamos ser possível formar um estudante proficiente em leitura. Por fim, elaboramos algumas questões com base em um texto de um livro didático de 7o ano, para ilustrar a mobilização de diversas habilidades analisadas. Uma limitação do nosso estudo foi restringir a análise apenas à parte de Leitura dos anos finais do Ensino Fundamental. É crucial investigar outras áreas temáticas nessa etapa de ensino, assim como nos anos iniciais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.Item Violência de gênero na docência : moral, hierarquia e poder na universidade pública.(2023) Dallapicula, Catarina; Diniz, Margareth; Torres, Marco Antônio; Diniz, Margareth; Torres, Marco Antônio; Jardilino, José Rubens Lima; Maia, Marta Regina; Duarte, Marco José de Oliveira; Godinho, Ana Cláudia FerreiraEsta tese partiu dos testemunhos de cinco mulheres cis, incluindo a autora, sobre violências institucionais vividas no exercício da docência do ensino superior em universidades públicas brasileiras. Os convites foram feitos por amostra não probabilista intencional. Usamos no referencial teórico conceitos ligados a violência, relações de poder, discurso e verdade de Michel Foucault; poder maquínico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e, a partir da leitura de Marie-France Hirigoyen, percebemos que o que estávamos estudando não era assédio moral e, usando diversos autores e legislações, passamos a utilizar tortura moral para definir as práticas de violência cometidas pelo Estado e seus agentes que se repetem ao longo do tempo e têm por objetivo mudar as crenças, os discursos e os modos de ser de suas vítimas (seu eu) nos processos de gestão do trabalho nas universidades públicas brasileiras. Nosso objetivo geral era compreender como se estabelecem as relações de poder e resistência que fazem com que mulheres vivenciem cerceamentos e violências no exercício da docência do Ensino Superior em universidades públicas brasileiras. Sobre isso, chegamos à compreensão de que há um dispositivo que opera via tortura moral, a partir do qual essas relações de poder se estabelecem como mecanismos de correção. Os objetivos específicos previam analisar relações entre moral e hierarquia na produção de cerceamento e violências contra mulheres no exercício da docência no Ensino Superior em universidades públicas brasileiras (e concluímos que tanto os códigos morais compartilhados, quanto a hierarquia são usados para validar as práticas de violência institucional); verificar se há regularidades discursivas sobre gênero, sexualidades, questões étnico-raciais e de classe entre diferentes docentes ao narrarem processos de violência sofridos no exercício da docência em instituições públicas de Ensino Superior (as encontramos, mas encontramos também outras, como as ligadas ao uso das maternidades para validar violências); e identificar relações entre as violências narradas com códigos morais de gênero, sexualidades, étnico-raciais e classe em instituições públicas de Ensino Superior (o que foi possível ao analisar o uso dos códigos morais compartilhados na validação das violências institucionais que compõem práticas de tortura moral). Dessa investigação resultou a tese de que as violências impostas hierarquicamente a nós são parte de um dispositivo que opera por práticas de tortura moral, enquanto violência institucional, com o objetivo de que nos adequemos ao que é considerado apropriado à docência do Ensino Superior, pensada a partir de uma ideia de universidade criada na lógica moderna, eurocêntrica, caucasiana, heterossexual, cis, elitista e masculina.Item Multiletramentos e usos das tecnologias digitais da informação e comunicação no ensino remoto emergencial.(2023) Dias, Daniela Rodrigues; Corrêa, Hércules Tolêdo; Corrêa, Hércules Tolêdo; Lima, Guilherme da Silva; Pimenta, Viviane Raposo; Coscarella, Carla Viana; Araújo, Júlio César Rosa deO objetivo geral desta tese é refletir, em tempos de pandemia da covid-19, sobre os relatos dos docentes e discentes, especificamente do Departamento de Computação e Sistemas - DECSI do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas - ICEA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP - Brasil, quanto às práticas de multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC a partir das estratégias didáticas adotadas no Ensino Remoto Emergencial - ERE em contexto de distanciamento social. Para tanto, estabelecemos os seguintes objetivos específicos: i) entender e apreender como foi para os professores e alunos a experiência com o ERE; ii) identificar os usos das TDIC por professores e alunos; iii) descrever as práticas de multiletramentos realizadas por professores e alunos e as estratégias didáticas adotadas pelos professores; iv) compreender a relação entre as práticas de multiletramentos e usos das TDIC com as estratégias didáticas e v) analisar os possíveis desafios da experiência com o ERE e perspectivas futuras. A fundamentação teórica é embasada nos estudos desenvolvidos por pesquisadores das áreas de Linguagens (Letramentos e Multiletramentos), Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC e Ensino Remoto Emergencial - ERE. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, que utiliza como procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A investigação adotou os procedimentos de coleta de dados concebidos por essa abordagem, tais como o formulário e entrevista semiestruturada on-line. Na sequência, a análise dos dados coletados foi realizada confrontando o referencial teórico levantado e os resultados encontrados na realização da pesquisa à luz do princípio ético de respeito à diferença e valorização dos sujeitos envolvidos. Os dados coletados evidenciam que as práticas de multiletramentos foram intensificadas no ERE em virtude da utilização das TDIC por professores e alunos como um dos principais meios de acesso e comunicação, permitindo aos professores transformarem as suas práticas pedagógicas com a adoção de diversificadas estratégias didáticas. Os achados desta investigação confirmam a nossa hipótese inicial, de que a situação da pandemia da covid-19 e o repentino distanciamento social, ao provocar mudanças no processo de ensino e aprendizagem, alterou o percurso formativo dos professores e alunos, a organização e adaptação das disciplinas, a gestão do tempo e espaço, a autonomia discente, a mediação pedagógica, os critérios de avaliação, concepção e adoção de estratégias didáticas baseadas em metodologias específicas e usos das TDIC. Os dados coletados também apontam para as perspectivas futuras de continuidade do Ambiente Virtual de Aprendizagem - Moodle durante as aulas presenciais, constituindo-se em uma proposta promissora para a educação, tendo em vista o cenário brasileiro e seus distintos contextos. Assim, esperamos que os dados e informações desta pesquisa possam contribuir para a elaboração de estratégias didáticas relacionadas aos estudos dos multiletramentos e usos das TDIC; desenvolvimento profissional docente; a valorização docente e das instituições públicas; compartilhamento das diversas iniciativas implementadas no contexto de distanciamento social; como também na elaboração de políticas públicas necessárias para a integração das TDIC em todas as modalidades da educação.Item Trajetórias escolares “improváveis” : a longevidade escolar de universitários de camadas populares criados ou cuidados por seus avós.(2023) Carvalho, Tatiane Kelly Pinto de; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Campos, Alexandra Resende; Dias, Cristina Maria de Souza Brito; Cunha, Maria Amália de AlmeidaA sociedade contemporânea tem nos apresentado diferentes configurações familiares, em que avós são chamados a cuidar dos netos na ausência dos genitores. A literatura que trata desse tema nos mostra que os mais velhos oferecem, além da contribuição afetiva e emocional, auxílio no processo de escolarização dos netos e que isso se reflete na longevidade escolar. Nesse sentido, este estudo buscou compreender quais foram as principais estratégias e mobilizações dos avós que influenciaram a longevidade escolar e a inserção de seus netos jovens no Ensino Superior público. O referencial teórico pautou-se nas discussões do campo da Sociologia da Educação e das Relações Intergeracionais, revelando a lacuna de investigações sobre longevidade escolar de indivíduos de camadas populares criados pelos avós. A metodologia de pesquisa, de cunho qualitativo, pautou-se principalmente na aplicação de questionários a 279 estudantes do primeiro período dos cursos ofertados na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e na realização de entrevistas semiestruturadas com quatro estudantes e uma avó de cada uma delas, pertencentes aos meios populares, considerando aspectos da trajetória familiar e escolar. Entre os principais resultados da pesquisa, destacamos que todas as universitárias reconhecem a importância de suas avós ao longo de seus percursos escolares e pessoais, seja nos ensinamentos morais e éticos imprescindíveis à formação do ser humano, seja na contribuição ao longo do percurso na Educação Básica. Em relação às trajetórias escolares, notamos que as avós consideraram os esforços das netas, destacando o compromisso com as tarefas escolares e a criação de uma rede de apoio. As próprias famílias organizaram uma rotina de estudos e a supervisão apareceu como algo comum no processo de escolarização, manifestada em ações como a vigilância dos cadernos e boletins escolares, o comparecimento às reuniões escolares e o incentivo à leitura. Mesmo com baixa escolaridade, as avós das camadas populares ouvidas na pesquisa desenvolveram táticas que visaram à permanência das netas nos bancos escolares, o que indicou a necessidade de lançarmos luz ao papel destas protagonistas no processo de escolarização de netos por eles criados e/ou cuidados. Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que as relações intergeracionais entre avós e netos são muito mais ricas do que podemos perceber em uma primeira análise e que, portanto, merecem estudos mais aprofundados na área da Educação, considerando que os avós cuidadores têm impacto no processo de escolarização de seus netos.Item Frações nos anos iniciais do ensino fundamental : uma análise de conhecimentos matemáticos que afloraram em situações de ensino ao longo de um curso de extensão.(2023) Patrono, Rosângela Milagres; Ferreira, Ana Cristina; Moreira, Plínio Cavalcanti; Ferreira, Ana Cristina; Moreira, Plínio Cavalcanti; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nunes, Célia Maria Fernandes; Cyrino, Márcia Cristina de Costa Trindade; Ferreira, Maria Cristina CostaEsta pesquisa se insere na linha de pesquisa 1 – Formação de professores, Políticas Educacionais e História da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação e se desenvolve no contexto de um curso de extensão, tendo como objeto de estudo os conhecimentos matemáticos para o ensino de frações na Educação Básica. A questão norteadora do estudo é: Que conhecimentos matemáticos para o ensino de frações afloraram (isto é, foram efetivamente mobilizados ou são potencialmente mobilizáveis em situações de ensino e de aprendizagem de frações) no planejamento e no desenvolvimento de um curso de extensão voltado para professores que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental de Ouro Preto e região? Ao se apropriar de conhecimentos matemáticos para o ensino, o professor que ensina matemática vai se desenvolvendo profissionalmente e, nesse processo, é fundamental a associação dos conhecimentos com as situações de ensino que os requerem. Assim, tomando como base estudos sobre os conhecimentos matemáticos para o ensino, a teoria dos subconstrutos do número racional e a literatura que trata do ensino e da aprendizagem escolar desse tema, foi desenvolvido um curso de extensão com professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O propósito foi identificar, descrever, caracterizar e situar contextualmente conhecimentos matemáticos relevantes para o ensino de frações. A abordagem da pesquisa é qualitativa e os dados foram produzidos por meio de gravações em áudio e vídeo dos encontros, registros produzidos pelos participantes e diário de campo. A descrição e análise foram realizadas simultaneamente, à luz do referencial teórico utilizado e em diálogo com a literatura especializada. Foram identificadas mais de 40 formas de conhecimento matemático para o ensino que afloraram no planejamento e desenvolvimento do curso com as professoras. Foram identificados tanto os conhecimentos efetivamente mobilizados quanto aqueles potencialmente mobilizáveis, ampliando o leque possível de conhecimentos matemáticos relevantes para o ensino de frações nos anos iniciais. As associações entre as formas de conhecimento identificadas e as situações que as requerem proporcionam meios para que o professor reconheça, em situação, conhecimentos profissionais cuja demanda pode não ser percebida de modo “natural” no dia a dia de sua prática docente, uma vez que apresentam nuances e requerem elaborações teóricas específicas, condicionadas pela situação de ensino em que são requeridos. A partir da análise dos dados produzidos, foi possível levantar a hipótese de que existem aspectos positivos e negativos nas formas como o subconstruto parte-todo pode ser utilizado para promover a compreensão conceitual dos demais subconstrutos, especialmente no que se refere ao quociente e à representação como ponto da reta numérica. Esses aspectos sugerem, no mínimo, a necessidade de pesquisas futuras sobre essa questão específica. Os resultados obtidos contribuem, no geral, para fundamentar ações pedagógicas, referentes ao trabalho com as frações nos anos iniciais, voltadas para o desenvolvimento da prática docente do professor na escola, bem como a do professor formador em trabalhos de formação inicial ou continuada.Item Análise dos contextos de implementação e os efeitos das políticas educacionais : um estudo sobre os programas de formação de professores na Região dos Inconfidentes-MG.(2023) Oliveri, Andressa Maris Rezende; Jardilino, José Rubens Lima; Jardilino, José Rubens Lima; Ferreira, Ana Cristina; Nunes, Célia Maria Fernandes; Farias, Isabel Maria Sabino de; Silva, Kátia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro daO presente trabalho tem como objetivo a análise da trajetória de implementação e os efeitos dos programas Prodocência, Obeduc e Pibid, implementados no período de 2009 a 2019 pela UFOP e IFMG/campus Ouro Preto, na formação de professores e nas escolas participantes. Como fio condutor deste estudo, foi estabelecida a seguinte pergunta: Quais os efeitos da política educacional materializada nos programas Prodocência, Obeduc e Pibid nas dimensões do conhecimento profissional docente, práticas pedagógicas, permanência e valorização da profissão? Considerando a atuação dos sujeitos sobre a política na trajetória de implementação desta, percebe-se que estes programas colaboraram para que houvesse efeitos não apenas na formação inicial de professores, mas também na formação continuada e no desenvolvimento profissional dos docentes do Ensino Superior e da Educação Básica integrantes/egressos destes programas. A sustentação teórica desta tese foi firmada nos conceitos de implementação, de atuação sobre a política e do Ciclo de Políticas. A trajetória da política é influenciada pela atuação dos atores sociais produzindo efeitos no contexto da prática. O caminho metodológico envolveu a entrevista semiestruturada com 22 docentes integrantes/egressos dos programas e a análise dos documentos produzidos no âmbito do governo federal e das Instituições de Ensino Superior (IES) formadoras. A Análise Crítica do Discurso e as teorias que tratam da política educacional e formação de professores nos auxiliaram no entendimento dos discursos constituintes da política nos contextos de influência, produção de textos e seus efeitos no contexto da prática. Sob a perspectiva dos entrevistados e documentos analisados, percebe-se como efeitos dos programas: discussão sobre política educacional; condições de trabalho; identidade e profissionalidade docente; aprendizagem da docência na constituição dos saberes e os aspectos políticos e sociais que envolvem a profissão e a vida dos sujeitos; maior aproximação entre IES e escolas; formação pela pesquisa; estímulo de práticas formativas diferenciadas nas IES e escolas; colaboração no desenvolvimento dos cursos de licenciatura. Os programas abrangeram atividades relacionadas aos três pilares das IES: ensino, pesquisa e extensão. E foram relevantes para as licenciaturas das IES que experimentaram um período fértil de desenvolvimento, consolidação e valorização no contexto institucional. Contudo, eles foram criados como políticas de governo, situação que colabora para a desmobilização, extinção e criação de novos programas sem a devida avaliação e o aprimoramento daqueles já existentes. É necessário o estabelecimento de uma política de Estado para a educação que contemple a formação crítica e reflexiva, a autonomia dos sujeitos, as condições de trabalho, a valorização da carreira, a jornada de trabalho e salários para que se possa ter uma educação de qualidade para todos.