PPGEDU - Programa de Pós-graduação em Educação
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Item Educação infantil e antirracismo a partir de uma autoetnografia feminista negra.(2023) Silva, Ana Carolina Santos; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Sacramento, Cristina Carla; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Sacramento, Cristina Carla; Torres, Marco Antônio; Santana, Patrícia Maria de Souza; Silva, Joselina daO presente trabalho tem como objetivo apresentar como a educação e os percursos de formação constituem uma mulher negra emancipada e comprometida com a transformação social a partir da Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil. A metodologia é construída a partir de uma pesquisa autoetnográfica feminista negra (Silva; Euclides, 2018; 2019; 2021; 2022). As autonarrativas apresentam trajetórias que vão desde a infância na cidade de Divino, município do interior da Zona da Mata de Minas Gerais, à atuação como Educadora Infantil Negra a partir das experiências enquanto uma jovem mulher negra em Viçosa, cidade universitária da Zona da Mata de Minas Gerais. As autonarrativas se alternam entre o “eu” e o “nós”, explicitando as diversas formas de como o racismo e todos os seus desdobramentos estão presentes na trajetória de autodefinição e formação da identidade profissional. Acredita-se, a partir deste lugar de Educadora Infantil Negra Antirracista, na urgência de se trabalhar com as infâncias e na importância das culturas e identidades negras sistematizadas em pautas de luta pelos Movimentos Negros para possibilitar às crianças experiências (hooks, 2019) condizentes e significativas, considerando a infância em sua inteireza e buscando o seu bem viver no agora. No entanto, nessa trajetória pode haver reproduções de padrões que dão voz a uma narrativa e silenciam outras. Desse modo, colocamo-nos a pensar: “Quais narrativas têm voz na Educação Infantil dentro dos ambientes escolares? E quais são silenciadas?” “Quais as fontes das vivências que as educadoras negras e não negras trazem e reproduzem no ambiente escolar com os bebês e as crianças?” “De que forma práticas antirracistas podem ser inseridas no cotidiano?” A análise das experiências permitiu verificar como as vivências durante toda essa trajetória de formação dialogam com outras apresentadas pelo campo teórico e, a partir disso, como podem vir a ser ressignificadas em aprendizados e possibilidades de engajamento em uma transformação social antirracista. Além, as experiências trazidas apresentam diversas nuances que podem contribuir para o avanço das reflexões teóricas no campo da Educação das Relações Étnico-Raciais e de práticas antirracistas na Educação Infantil.Item Acompanhamento escolar em famílias populares : estudo em bairro vulnerável de Ouro Branco - MG.(2022) Gomes, Marcella Tomelline Alves; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Paixão, Jairo Antônio daA pesquisa teve o objetivo de investigar o acompanhamento escolar em famílias populares em uma escola localizada no município de Ouro Branco – MG. As questões que orientaram a pesquisa foram: Quais as formas de acompanhamento escolar desenvolvidas por famílias moradoras de um território socioeconomicamente vulnerável? Como estas famílias se relacionam com a escola de seus filhos? O objetivo geral do estudo foi investigar como se desenvolviam a participação na escola e o acompanhamento parental na vida escolar dos filhos em famílias moradoras de um território de alta vulnerabilidade social. Como objetivos específicos, definimos: a) construir o perfil sociológico das famílias dos estudantes matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental (1o ao 5o ano) na escola investigada; b) elaborar um mapeamento da vulnerabilidade social do território em que a escola investigada está localizada; c) investigar as práticas de acompanhamento escolar desenvolvidas pelas famílias pesquisadas. A pesquisa foi desenvolvida com uma metodologia qualitativa com aplicação de um questionário a 150 famílias usuárias da escola do bairro, dividido em duas partes, sendo a primeira parte direcionada aos aspectos socioeconômicos das famílias pesquisadas e a segunda parte aos aspectos da relação família-escola e dos modos de acompanhamento familiar da escolarização. Como resultados da pesquisa tivemos que as famílias, embora dispusessem de poucos recursos econômicos e culturais, valorizavam a escola e participavam da vida escolar dos filhos, desenvolvendo práticas de apoio escolar que contribuíam, ao menos em parte, com a permanência das crianças na escola. A maioria das famílias exercia algum tipo de controle sobre a vida diária das crianças, por exemplo, controlando as saídas dos filhos e as atividades realizadas no tempo livre. Mais de metade das famílias disponibilizava algum tipo de material de leitura para os filhos em casa, embora estes materiais estivessem restritos a jornais e revistas, por exemplo. De modo majoritário, as famílias pesquisadas davam algum tipo de apoio às tarefas escolares dos filhos, acompanhando a realização das tarefas de casa ou delegando a outros membros da família tal incumbência. As famílias investigadas conheciam, em alguma medida, o desempenho escolar dos filhos e estavam cientes das dificuldades encontradas por eles no processo de escolarização. Grande parte das famílias investigadas costumavam ir à escola dos filhos com certa frequência, embora, para uma parte destas famílias, este tipo de participação estivesse condicionada à convocação feita pela escola para reuniões ou outros eventos. Em suma, as famílias pesquisadas, embora vivessem em precárias condições socioeconômicas, vislumbravam para os filhos uma trajetória escolar longeva, ou seja, tinham expectativas de escolarização relativamente altas e participavam, dentro de limites sociais, culturais e econômicos, da vida escolar dos filhos.Item Sob o “accidente da côr” : a trajetória do Padre José Antônio Marinho entre a sala de aula e os espaços políticos.(2023) Bernardes, Douglas de Araújo; Carvalho, Rosana Areal de; Carvalho, Rosana Areal de; Fonseca, Marcus Vinícius; Nogueira, Vera LúciaA visão tradicional da historiografia imprimiu uma imagem de submissão e marginalização à população negra no Brasil. No campo da História da Educação, os estudos sobre a educação da população negra estiveram, por muito tempo, nessa tendência de redução do negro à escravidão ou aos espaços marginais, negando sua participação ativa e consciente na formação do Brasil e na constituição da educação brasileira. Porém, esse quadro foi ganhando outras cores a partir das últimas décadas do século XX, com trabalhos de Marcus Vinícius Fonseca, Sueli Carneiro, Surya Aaronovich Pombo de Barros e tantos outros através dos quais podemos conhecer a história do negro no Brasil a partir de outras perspectivas. Nesse sentido, a presente dissertação objetiva analisar a trajetória política e docente de José Antônio Marinho, um homem nascido pobre e filho de pais mulatos que desafiou a predestinação de sua origem e condição e se tornou um dos mais evidentes políticos, padres e professores da primeira metade do século XIX. Inscrever Marinho nessa nova visão historiográfica que tira a população negra dos porões da História para demonstrar a complexidade das relações e das trajetórias de pessoas negras na história do Brasil. Analisamos a vida de José Antônio Marinho a partir das fontes biográficas, a maior parte contemporânea ao biografado, e dos textos de imprensa, uma fonte que tem se demonstrado muito útil e importante para os estudos históricos em educação. Buscamos compreender Marinho como um homem de seu tempo. Os resultados da pesquisa e da análise empenhada demonstraram a relevância de Marinho como um sujeito histórico e de grande importância para as pesquisas no campo da História da Educação e para o conhecimento de um indivíduo que tem em si muitas influências das redes e dos espaços de sociabilidade a que pertenceu.Item Sementes de esperança : militâncias-educadoras de mulheres do campo e a produção de territorialidades de vida e resistências na Zona da Mata mineira.(2023) Campos, Alessandra Bernardes Faria; Torres, Marco Antônio; Ramalho, Bárbara Bruna Moreira; Torres, Marco Antônio; Ramalho, Bárbara Bruna Moreira; Santos, Marcelo Loures dos; Silva, Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues; Nascimento, Iracema Santos do; Fernandez, Thais Almeida CardosoEste texto apresenta os percursos e resultados de uma tese de doutorado, que tem como objeto de análise as relações entre mulheres do campo, Educação Popular e anticolonialidade. Operando com uma concepção de educação que não se restringe à educação escolar, mas que se estende à produção de formas de estar sendo no mundo e de produção de cosmopercepções, nos perguntamos sobre o papel, a natureza e os sentidos educativos da presença e atuação de mulheres nas lutas populares. Direcionando nossas sensibilidades interpretativas para a presença e a práxis educadora de mulheres de três frentes de luta: o projeto GENgiBRE, a Rede SAPOQUI – Rede de Saberes dos Povos Quilombolas da Zona da Mata e a Comissão Regional de Enfretamento à Mineração da Serra do Brigadeiro/Puri. O objetivo do estudo é compreender de que maneira as mulheres denunciam e tensionam as colonialidades no campo da Zona da Mata mineira, inclusive presentes nas lutas populares na região, anunciando percepções, posicionamentos e alternativas anticoloniais. Em termos teórico-político-metodológico, nos amparamos em referenciais delimitados como anticoloniais, como obras, reflexões e ações balizados pelos processos desencadeados pela colonização, perpetuados pela colonialidade nos territórios conquistados. Aqui estão presentes autoras e autores do pensamento decolonial, bem como referências das abordagens descoloniais e contracolonial. Também dialogamos com o campo das epistemologias feministas, em sua multiplicidade, como os feminismos subalternos e decoloniais/ descoloniais, os feminismos negros e os feminismos críticos. Soma-se à essas referências, leituras que debatem Educação Popular. Com estas autoras e autores, refletimos sobre educação e colonialidade, desigualdades e violências de gênero, racismo, eurocentrismo e epistemicídio, bem como sobre resistências e produção de alternativas protagonizadas pelas mulheres. Com referência na Pesquisa Participante, acompanhamos a ação militante de cinco mulheres, lançando percepções sobre tais ações, estas registradas em cadernos de campo, partilhados com elas, os quais nomeamos Relatos Compartilhados. Além disso, realizamos entrevistas narrativas no formato de Rio da Vida. Como resultados de pesquisa, em diálogo com os debates no campo dos Movimentos Sociais e Educação, formulamos a categoria militante- educadora, compreendendo a militância como produtora de processos educativos. Também foi possível afirmar a presença protagonista e particular das mulheres nas lutas sociais do campo da região na qual atuam, identificando percepções, produzidas socialmente, que marcam sua presença no mundo e sua ação militante. O corpo, o cuidado, a afetividade, a solidariedade aparecem como constitutivas do fazer militante-educador dessas mulheres, expressos tanto nas relações interpessoais, quanto nos instrumentos que produzem no contexto das lutas populares. A partir dessa pesquisa foi possível identificar elementos que ajudam a perceber a forma dinâmica e sensível, mas também contraditória, com que se (re)cria a Educação Popular em contextos colonizados. Em especial, afirma o papel protagonista e central das mulheres na defesa e na produção dos territórios autodeterminados pelos coletivos populares do campo, numa perspectiva popular, anticapitalista, feminista e antirracista.Item "Professora me ensina a aprender?" : sujeitos da Educação de Jovens e Adultos entre o ensinar e o aprender.(2023) Sousa, Maria do Carmo da Silva Gomes de Oliveira e; Silva, Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues; Soares, Leôncio; Silva, Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues; Soares, Leôncio; Reis, Sonia Maria Alves de Oliveira; Nunes, Célia Maria FernandesA presente pesquisa se insere no campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que vem ao longo da história da educação brasileira se consolidando como política de Estado. Uma vez destinada a todos, o direito à educação constitui um dos fundamentos da dignidade da pessoa humana e, ainda assim, parte significativa da população não usufruiu desse bem social, buscando na EJA aprender os conhecimentos escolares. Instituída pela LDB no 9.394/1996, a EJA é uma modalidade da educação básica com especificidades próprias, a começar pela singularidade do seu público e de suas trajetórias escolares afirmadas no Parecer 11/2000 e expostas na demanda “Professora, me ensina a aprender?” Partindo do questionamento de uma estudante e da intenção de descobrir como se dá o ensinar e o aprender para estudantes e educadores em uma escola exclusiva da EJA, apresentamos como objetivos investigar a medida em que estes educadores e estudantes aprendem quando ensinam e ensinam quando aprendem na relação com seus estudantes e inseridos em uma escola exclusiva para a modalidade. Além disso, pretendemos reconhecer se há nestes espaços práticas e experiências de trocas formativas que caracterizem os fundamentos da dodiscência, a identificação dos elementos constitutivos entre o aprender e ensinar e a análise dos elementos constitutivos dos percursos formativos em diálogo com as especificidades dos/as estudantes. A fim de tratar o tema buscou-se abordar o direito à educação e ao aprender com Arendt (2000), Bobbio (1992) e Tomasevski (2006) e os conceitos ensinar e aprender nas perspectivas de Lev Vygotsky (1996), Paulo Freire (2017) e Bernard Charlot (2000). O estudo responde seus questionamentos através de Cartas Pedagógicas, gênero textual dialógico, por meio da pesquisa qualitativa, pois a a produção dos dados nesta abordagem permite o uso de instrumentos - observação, entrevista semiestruturada e análise documental - que oferecem condições favoráveis para se chegar ao objetivo da investigação. O estudo é composto por 3 educandos e 6 educadores de uma escola situada em Belo Horizonte (MG) que atende somente jovens, adultos e idosos. Os dados produzidos foram tratados pela análise de conteúdo (Bardin, 2011) e deles extraíram-se os temas: trajetórias, percepções do aprender, do ensinar e das práticas pedagógicas que deram origem às cinco cartas. A partir das temáticas foi possível compreender os momentos da relação educador e educando em que se estabelecem o ensinar e o aprender que revelam ser o ensinar e o aprender ação cíclica, conjunção definida por Freire (2017) como Ciclo Gnosiológico. O estudo aponta dados para a formação docente nas dimensões inicial, contínua e autoformação.Item A trajetória educacional, cultural e política de Leolinda de Figueiredo Daltro.(2023) Barbosa, Victor Augusto de Deus; Jardilino, José Rubens Lima; Jardilino, José Rubens Lima; Paula, Leandro Silva de; Pedruzzi, Jumara SeraphimEsta dissertação traz uma inserção na trajetória de vida, política e cultural de uma mulher educadora no final do século XIX e no começo do XX, pouco conhecida na literatura da Educação. Trata-se de Leolinda de Figueiredo Daltro (1859-1935), professora primária que ganhou notoriedade na cidade do Rio de Janeiro, capital da República, por sua proposta de educação laica aos indígenas e por sua atuação no movimento pelos direitos das mulheres, especialmente em sua militância política como fundadora do Partido Republicano Feminino, em 1910. Utilizamos, nesta pesquisa, fontes documentais, livros da própria autora e, sobretudo, a imprensa na qual o nome de Leolinda Daltro foi pautado constantemente, em virtude de suas ações políticas e educacionais. Além disso, a educação feminina e a invisibilidade sofrida por mulheres no campo educacional e político foram temas importantes para a construção deste texto. Leolinda Daltro, na complexidade de sua história, se destaca devido ao seu trabalho educativo junto aos povos indígenas no norte de Goiás, ao seu papel na formação profissional de moças pobres, além de sua militância política como uma das principais sufragistas brasileiras que lutou pela emancipação política das mulheres no país.Item Caracterização das práticas epistêmicas que emergem da discussão de uma questão sociocientífica em um grupo de licenciandos em química.(2023) Ramos, Tatiana Costa; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Mozzer, Nilmara Braga; Lima, Guilherme da Silva; Munford, Danusa; Silva, Fernando CésarA presente pesquisa teve objetivo de caracterizar as práticas epistêmicas centrais adotadas por um grupo de licenciandos em Química durante a discussão de uma questão sociocientífica (QSC) sobre o consumo de carne de origem animal. Neste trabalho compreendemos práticas epistêmicas, segundo Kelly (2008), como as formas com que os membros de uma comunidade interagem visando propor, avaliar, comunicar e legitimar o conhecimento. As QSC são problemas socioambientais e/ou sociocientíficos controversos, que possuem relações com a Ciência e são influenciados por aspectos éticos, morais, econômicos, políticos e ambientais (Conrado e Nunes-Neto, 2018). A investigação foi motivada pela escassez de pesquisas da área de Educação em Ciências que avaliam como e porque as práticas epistêmicas são adotadas por estudantes e como elas podem auxiliar na discussão de uma QSC em sala de aula. A pesquisa foi realizada na formação inicial de professores de Química no contexto da disciplina de Metodologia do Ensino de Química em uma turma de licenciatura em Química do sétimo período do curso. A coleta de dados aconteceu durante o desenvolvimento de uma sequência didática (SD) com a abordagem pedagógica QSC, baseada em Conrado e Nunes-Neto (2018). A coleta de dados ocorreu durante doze aulas, com duração de uma hora e quarenta minutos. A pesquisa foi orientada pelos pressupostos da abordagem de pesquisa qualitativa, segundo Stake. Delimitamos nosso olhar para um grupo de licenciandos da turma. A construção dos dados foi realizada por meio de observação, registro das atividades desenvolvidas pelos licenciandos, áudio e vídeo gravação. As interações discursivas que ocorreram em sala de aula foram transcritas e realizamos a análise dos dados em duas etapas. Na primeira etapa investigamos o contexto de construção de conhecimento na sala de aula, a situação de resolução da QSC e selecionamos os episódios de ensino. Na segunda etapa buscamos compreender as práticas epistêmicas por meio da análise das interações discursivas que ocorreram entre os membros do grupo de licenciandos em cada episódio de ensino. A análise indica que os licenciandos centralizaram diferentes práticas epistêmicas durante a proposição, comunicação, avaliação e legitimação dos conhecimentos relacionados a QSC. Notamos a recorrência da prática epistêmica de argumentar por meio de conhecimentos prévios e interpretação do texto para propor conhecimentos durante a discussão da QSC. Por meio daquela prática epistêmica os licenciandos foram reconhecendo novas informações e fundamentando os posicionamentos deles sobre a QSC. Percebemos que a modificação da dinâmica social do grupo de licenciandos influenciou na adoção de práticas epistêmicas. Evidenciamos que os critérios epistêmicos assumiram papel fundamental de nortear o uso e seleção das práticas epistêmicas pelos licenciandos. Concluímos que a discussão da QSC por meio das práticas epistêmicas favoreceu a construção de conhecimentos justificados e reflexões acerca das ações dos estudantes com relação ao problema socioambiental. Consideramos que a escolha metodológica da pesquisa trouxe avanços na identificação dos atributos interacional, contextual, intertextual e consequencial das práticas epistêmicas em sala de aula.Item Lugar de pedagoga(o) não é somente na escola : trajetórias formativas e profissionais de pedagogas(os) que atuam em espaços de educação não escolar no estado de Minas Gerais.(2023) Lucindo, Nilzilene Imaculada; Nunes, Célia Maria Fernandes; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nunes, Célia Maria Fernandes; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Jorge, Liliane dos Santos; Silvestre, Magali Aparecida; Severo, José Leonardo Rolim de LimaA atuação da(o) pedagoga(o) em espaços de educação não escolar (ENE) vem se constituindo um campo de investigação em crescimento na área da educação. Esta constatação pode estar relacionada com as atuais demandas de formação requeridas pela sociedade contemporânea e com a Resolução CNE/CP no 01/2006 que estabeleceu as diretrizes para o curso de Pedagogia e ressaltou a necessidade de o curso propiciar o conhecimento sobre os espaços não escolares. A pesquisa que ora se apresenta buscou investigar como se constituiu a trajetória formativa e profissional de pedagogas(os) que se inserem em espaços de ENE, especificamente, em espaços de tratamento e promoção de saúde (hospitais, centros e demais unidades ligadas à área de saúde), espaços de promoção da cultura (museus e demais equipamentos culturais) e espaços de privação de liberdade (presídios, penitenciárias, centros socioeducativos etc.), no Estado de Minas Gerais. Como objetivos específicos, a investigação se propôs a caracterizar o perfil profissional das(os) pedagogas(os) que atuam em espaços de ENE no cenário mineiro; compreender como se deu a formação no curso de Pedagogia a partir da percepção dos sujeitos; identificar como ocorreu a inserção profissional das(os) pedagogas(os) nos espaços de ENE; explicitar os fatores que interferem na atuação profissional das(os) pedagogas(os) nos espaços de ENE. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que adotou como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados o questionário e a entrevista semiestruturada. Para tratar os dados coletados recorreu-se à técnica de análise de conteúdo. Os dados produzidos sinalizaram que, na percepção das pedagogas e do pedagogo entrevistados, as instituições de ensino superior onde elas e ele concluíram a graduação ofertaram o curso de Pedagogia voltado para a educação escolar, independente da época em que esse foi realizado. Os achados atestaram que a formação para os espaços de ENE tem se demonstrado insuficiente ou não tem sido contemplada nos cursos de Pedagogia, pois, privilegia-se a formação para a docência e o âmbito escolar. A razão mais indicada pelas pedagogas e pelo pedagogo para ingressarem nos espaços de ENE é o interesse em atuar fora do espaço escolar. Os fatores que interferem na atuação profissional das pedagogas e do pedagogo se referem à articulação entre a área de educação e a área finalística da instituição, à mobilização do conhecimento pedagógico e ao trabalho coletivo. As pedagogas e o pedagogo realizam atividades intrinsecamente relacionadas com a educação do público-alvo vinculado aos espaços investigados nesta pesquisa, sendo a organização do trabalho pedagógico uma ação comum a todos os profissionais. A partir dos dados evidenciados e com base no interesse que as pedagogas e o pedagogo manifestaram pelos espaços de ENE, afirma-se que a formação para esses espaços é uma necessidade formativa. Defende-se que a formação da(o) pedagoga(o) para os espaços de ENE deve ser contemplada de maneira sistemática no curso de Pedagogia e que se deve conhecer com maior profundidade as peculiaridades da atuação para cada um desses espaços com vistas a alcançar uma formação mais consistente.Item O mensario do Jornal do Commercio e o seu projeto cultural e educativo.(2023) Machado, Raphael Ribeiro; Carvalho, Rosana Areal de; Carvalho, Rosana Areal de; Jardilino, José Rubens Lima; Reis, Mateus Fávaro; Galvão, Ana Maria de Oliveira; Faria Filho, Luciano Mendes deNosso objeto reside sobre a coleção de revistas de cultura intitulada Mensario do Jornal do Commercio e o seu projeto cultural e educativo, produzido sob o intuito de, como o anúncio de seu aparecimento informa em fevereiro de 1938: servir de subsídio formador para os que queriam andar ao passo da intelectualidade nacional. Investigamos, portanto, como foi produzida a coleção do Mensario do Jornal do Commercio e como sua condição de subsídio formativo da intelectualidade brasileira foi concebido? A questão central reside sobre como pessoas e grupos sociais pensam, se organizam e produzem representações sobre a cultura e a educação em um determinado tempo histórico e se utilizam da escrita para dar vazão às suas visões de mundo e com isso intervir sobre os espaços públicos. A coleção do Mensario foi publicada entre 1938 e 1946, reunida em 33 tomos e 99 volumes. Classificado pelos seus produtores de “Revista de Alta Cultura” e proposto para “servir á intelligencia e á cultura do paiz”, o Mensario foi fruto de um processo editorial e funcionou como coletânea proveniente da seleção dos artigos de colaboração publicados no Jornal do Commercio(RJ). Entendemos os impressos enquanto lugares de produção, recepção e difusão de diferentes matrizes de pensamentos sociais, culturais, econômicas e políticas; como produtos de sua época e inscritos em uma trajetória histórica de produção do objeto escrito para a comunicação no espaço público. Neles podem ser notadas maneiras de ler e escrever, projetos de sociedade, de cultura, de educação e de nação. Projetos culturais diversos e possíveis interfaces com a agenda política estatal e de grupos sociais. Atuamos sob a hipótese de que o Mensario foi fruto de uma estratégia político-cultural da empresa liderada por Elmano Cardim e se constituiu como um subsídio de estudos, por meio de suas prescrições de leitura e de escrita, a fim de participar diretamente da formação intelectual das elites em consonância com as políticas culturais e que são também educacionais no contexto de leitura e retórica discursiva de formação de uma nova nacionalidade. Portanto, o Mensario foi produzido enquanto um suporte formativo nos anos do Estado Novo. Com isso, produzimos uma imagem de sua materialidade, da sua condição de existência e da atuação educativa dentro da cultura escrita brasileira nos anos de 1930 e 1940. A tese foi dividida em três partes sobre o projeto editorial, sobre as colaborações e sobre os colaboradores e o editor e esperamos que este texto contribua para os leitores e estudiosos que pertencem aos campos da História da Educação, do Impresso e da Cultura Escrita brasileira, locais aos quais nos identificamos.Item Trajetórias entrelaçadas : uma análise da política de assistência estudantil e os contextos de implementação na Universidade Federal de Ouro Preto.(2023) Cunha, Jacqueline Kelly Almeida; Oliveira, Breynner Ricardo de; Oliveira, Breynner Ricardo de; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Gussi, Alcides Fernando; Silva, Leonardo Barbosa eEsta pesquisa analisa a trajetória institucional da Política de Assistência Estudantil (PAE) na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), considerando o entrelaçamento da PAE com o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e com as ações da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE). Na UFOP, a política é executada pela PRACE, responsável por definir os critérios e a metodologia para promover a assistência estudantil aos discentes dos cursos de graduação e pós-graduação presenciais. O PNAES foi regulamentado em 2010 (Decreto no 7234/2010) e visa garantir a permanência dos estudantes na educação federal, atendendo, prioritariamente, estudantes de escolas públicas ou com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo. Os dados advêm de dezessete entrevistas com roteiros semiestruturados realizadas com implementadores que atuam na PRACE: quatro implementadores de alto escalão (pró-reitores); três implementadores de médio escalão (coordenadores) e dez implementadores de nível de rua (servidores que lidam diretamente com os usuários). Ao se valer das proposições de Gussi e Oliveira (2016), Oliveira (2019) e Oliveira, Alves e Fitchter Filho (2022) para compreender as dimensões da implementação e a noção de trajetória, a análise de conteúdo foi realizada a partir da transversalidade de cinco contextos: (i) das conjunturas; (ii) dos conteúdos da política; (iii) institucionais; (iv) das experiências e (v) dos territórios. As entrevistas revelam como os contextos de implementação estão entrelaçados com os processos e as dimensões da totalidade da política; as ações e as interações dos implementadores, as formas de modificação do desenho da política por parte dos atores e como tal fato chega aos usuários da PAE. As análises apontam uma trajetória de avanços para a democratização do acesso e a permanência do estudante em vulnerabilidade social, principalmente após o decreto PNAES, que induziu a criação de uma pró-reitoria específica. Verifica-se também retrocessos a partir da conjuntura política após o golpe de 2016, a aprovação da PEC no 95 e após ataques às universidades no Governo Bolsonaro (2019-2022) que limitou os orçamentos para a educação federal superior, levando a precarização das ações de assistência estudantil nas instituições federais de ensino. Na UFOP os implementadores destacam a importância do PNAES deixar de ser uma política de governo para se tornar uma política de Estado. Mesmo diante dos desafios, os dados indicam que a PRACE preconiza a assistência estudantil como um direito à educação, contemplando estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, de acordo com os eixos do PNAES, contribuindo para a redução de desigualdades sociais por meio da inserção e da permanência dos alunos e, consequentemente, da conclusão do ensino superior.