Autodeterminação das mulheres e o direito de decidir sobre o próprio corpo : reflexões sobre o aborto a partir de uma perspectiva feminista.
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2019
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Resumo
Parte-se da indagação de como auferir a autodeterminação das mulheres e pensar no direito ao
aborto como corolário do direito de decidir a partir de uma perspectiva feminista que visa
ressignificar os conceitos de autodeterminação, liberdade e dignidade da pessoa humana. E isso
se dá em razão da ideia de que a criminalização do aborto representa um instrumento ideológico
patriarcal de controle das mulheres sobre seu corpo e sua capacidade reprodutiva. Para tanto,
torna-se imprescindível realizar abordagens transistemáticas, dentre elas, filosóficas, a fim de
fornecer subsídios para questionar o plano de justificação da norma proibitiva do aborto. Nesta
seara, será apresentada a teoria do círculo cínico, a qual foi construída para ratificar a
categorização das mulheres à reprodução, a maternidade compulsória e as demais estruturas
balizadas pelo determinismo biológico e que se fortalecem através de hierarquias e assimetrias
de poder entre homens e mulheres. Como uma proposta disruptiva a esse cenário de
esteriotipificação, serão apresentados os movimentos feministas e suas trajetórias que se
institucionalizaram partilhando uma luta comum – a luta da mulher, observando as suas
singularidades, e para esse estudo, destaca-se a reinvindicação pelo direito das mulheres ao
próprio corpo e pelo direito ao aborto. Ademais, pretende-se discutir as repercussões sóciojurídicas do aborto no Brasil, partindo da compreensão de que o sistema penal em face de seu
caráter repressivo, exclui, estigmatiza e impede que as mulheres tenham o necessário
acolhimento do Estado nos serviços de saúde para assegurar a realização do procedimento em
condições adequadas e seguras. E ainda, será realizado um estudo crítico sobre as hipóteses de
aborto legal e também das decisões judiciais paradigmáticas realizadas no Supremo Tribunal
Federal que discutem o direito ao aborto, a partir de perspectivas jurídicas que coloca em pauta
uma dualidade entre o direito à vida do nascituro e de outro, a autonomia privada, compreendida
como autodeterminação, sem olvidar das esferas de liberdade e da saúde psicofísica, tornando
indispensável para esse estudo uma análise deontológica acerca do direito ao aborto para fins
de aferir adequação, observando as peculiaridades de cada caso. Por meio de uma pesquisa
jurídico-dogmática, jurídico sociológica e jurídico propositiva; com base nos estudos de Michel
Foucault, Pierre Bourdieu, Márcia Tiburi, María Lugones, Debora Diniz, Maria de Fátima
Freire de Sá e Bruno Torquato de Oliveira Naves, Ana Carolina Brochado Teixeira; conclui-se
a necessidade de repensar as esferas jurídicas de autodeterminação, liberdade e dignidade da
pessoa humana com intuito de que as mulheres sejam protagonistas do discurso sobre o direito
ao próprio corpo, incluindo a perspectiva do aborto de forma soberana.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Direito. Departamento de Direito, Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Direito ao aborto, Autodeterminação, Direito de decidir, Feminismo
Citação
SOUZA, Josiene Aparecida de. Autodeterminação das mulheres e o direito de decidir sobre o próprio corpo: reflexões sobre o aborto a partir de uma perspectiva feminista. 2019. 160 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.