Constituição da sexualidade e autonomia das mulheres que se prostituem : contributos dos fundamentos de justiça e de liberdade para a ordenação das racionalidades estruturantes do direito privado.

dc.contributor.advisorSouza, Iara Antunes dept_BR
dc.contributor.advisorNogueira, Roberto Henrique Pôrtopt_BR
dc.contributor.authorLeite, Rafaela Fernandes
dc.contributor.refereeSouza, Iara Antunes dept_BR
dc.contributor.refereeNogueira, Roberto Henrique Pôrtopt_BR
dc.contributor.refereeArantes, Bruno Camillotopt_BR
dc.contributor.refereeRodrigues Júnior, Walsir Edsonpt_BR
dc.date.accessioned2020-07-29T14:00:17Z
dc.date.available2020-07-29T14:00:17Z
dc.date.issued2019
dc.descriptionPrograma de Pós-Graduação em Direito. Departamento de Direito, Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto.pt_BR
dc.description.abstractA projeção discursiva da sexualidade como uma verdade inter-relacionada entre o sexo biológico, o gênero e o comportamento sexual impôs à mulher um dever sexual moral de ascendência cristã, matrimonial, heterossexual e com finalidade reprodutiva. A formatação da liberdade sexual por esses imperativos foi incorporada pelo Estado de Direito e influiu diretamente na validade e eficácia dos negócios que se pretendem jurídicos entre a mulher que se prostitui e os demais sujeitos de direito, alocando deveres de abstenção para esses últimos e, simultaneamente, negando direitos fundamentais e sociais para aquela primeira ante o esvaziamento do seu poder de disposição. Dessa forma, embora não seja considerada sujeito ativo de qualquer tipo penal, convive com a criminalização de todo o seu entorno, situando-se no limbo originado entre os espaços de liberdade e não liberdade, residuais na confluência coordenada entre o Direito Privado e o Direito Penal. A situação jurídica retratada desafia a racionalidade estrutural do Direito Privado e sugere o cambiamento do pressuposto formal de igual liberdade sem, contudo, indicar os critérios que demandam essa alternância. Diante disso, questiona-se: qual é o fundamento de legitimidade do Estado para, no contexto constitucional democrático, por intermédio da ordem pública, promover alocação interventiva restritiva ou regulatória das liberdades individuais da mulher que se prostitui, de modo a conferir conteúdo à autonomia privada, promovendo a alternância da racionalidade estrutural do Direito Privado? A pesquisa está estruturada sobre dois marcos teóricos complementares. Pelo primeiro, pressupõe-se que o Direito Privado se funda sob a justiça comutativa, não obstante, assume-se a ambivalência da sua racionalidade, pela qual ele poderá demandar, excepcionalmente, uma racionalidade distributiva que será operacionalizada por intermédio da alocação interventiva restritiva ou regulatória de liberdades individuais. E, pelo segundo, afirma-se a compatibilidade da concepção política de justiça liberal igualitária e dos princípios de liberdade e igualdade por ela arbitrados, para formatação da estrutura formal funcional do Direito Privado, bem como dos critérios de alternância da sua racionalidade. Assim tem-se como objetivo geral da pesquisa a investigação dos fundamentos de legitimidade da ordem pública no Direito Privado, pelos quais tem-se a operacionalização da alocação interventiva restritiva e regulatória das liberdades individuais que conferem conteúdo à autonomia privada das mulheres que se prostituem, na alternância coerente entre as espécies de justiça particular, quais sejam, comutativa e distributiva. Isso posto, são estabelecidos os seguintes objetivos específicos: No Capítulo 2, busca-se a compreensão da sexualidade no Estado Moderno e os reflexos que dela se originaram na formatação jurídica da prostituição, bem como na definição da política interna que orienta o feminismo radical e liberal. No Capítulo 3, pretende-se descrever a relação não instrumental estabelecida entre o liberalismo igualitário e o Direito Privado, pela qual será proposto o fundamento de alternância coerente entre a racionalidade comutativa e distributiva na fundamentação e prescrição normativa das relações particulares. No Capítulo 4, será investigada a juridicização da liberdade pela autonomia privada, em sua acepção negativa e positiva, pela qual objetiva-se a identificação dos parâmetros de inteligibilidade dos direitos subjetivos de personalidade e a extensão da liberdade negocial projetada sobre eles, informando um regime qualitativamente diverso para os negócios existenciais. A hipótese que está sendo testada é de que, em um esquema coerente de liberdades e não liberdades, expresso ainda na correlação entre a autonomia positiva e negativa, deve ser compreendido como ilegítima qualquer restrição a autonomia existencial, a menos que ela se manifeste lesiva ao sistema de iguais liberdades individuais ou seja necessária para manutenção da titularidade do direito subjetivo de personalidade no qual se funda o poder dispositivo. Diante disso, o exercício de direitos subjetivos de personalidade pode integrar o conteúdo dispositivo da autonomia privada existencial, de modo a possibilitar o desenvolvimento livre da sexualidade da mulher que se prostitui no contexto negocial do qual ela foi historicamente excluídapt_BR
dc.description.abstractenThe discursive projection of sexuality as an interrelated truth between biological sex, gender and sexual behavior impose on women a moral sexual duty of Christian, matrimonial, heterosexual, and reproductive finality. The formatting of sexual freedom by these imperatives was incorporated by the Rule of Law and directly influenced the validity and effectiveness of the legal transactions that is intended to be legal between the woman who prostitutes herself and the other subjects of law, assigning duties of abstention for the latter and, simultaneously denying fundamental and social rights to the former before the emptying of its power of disposition. The prostituted woman is considered a victim of the sexual desires of man and, for that reason, normatively unauthorized to the exercise of her existential private autonomy. Thus, although it is not considered an active subject of any criminal type, it coexists with the criminalization of all its surroundings, being situated in the limbo originated between the spaces of freedom and non-freedom, residual in the coordinated confluence between Private and Criminal Law. The legal situation portrayed challenges the structural rationality of Private Law and suggests the change of the formal presupposition of equal freedom. In view of this, it is questioned: what is the legitimacy of the State in order to promote, in the democratic constitutional context, through public order, promote restrictive or regulatory interventional allocation of the individual freedoms of prostituted women, in order to give content to autonomy private, promoting the alternation of the structural rationality of Private Law? The study is structured on two complementary theoretical frameworks. For the first, it is assumed that Privateaw is founded under commutative justice, of Aristotelian tradition, nevertheless, the ambivalence of its rationality is assumed, by which it may exceptionally demand a distributive rationality, which will be operationalized through of the restrictive or regulatory interventional allocation of individual freedoms (DRESH, 2013). And, for the second, it anchors itself in legal formalism, in order to affirm the compatibility of egalitarian liberalism (RAWLS, 2000; 2016), as a reference for correction and social justice of Private Law, which is committed to the simultaneous fulfillment of the requirements deriving from the right of freedom and equality, mediated by the principle of difference, allows an investigation into the relationship between commutative justice and distributive justice, for the improvement of fundamental freedoms. Thus, the general objective of the research is to investigate the bases of legitimacy of public order in Private Law, through which the operationalization of the restrictive and regulatory interventional allocation of individual freedoms that confer content to the private autonomy of prostituted women, in the coherent alternation between the species of particular justice, that is, commutative and distributive. Thus, the following specific objectives are established: In Chapter 2, the understanding of sexuality in the Modern State is sought and the reflexes that originated in the legal format of prostitution, as well as in the definition of internal politics that guides radical feminism and liberal. The Chapter 3intends to describe the non-instrumental relation established between egalitarian liberalism and Private Law, by which it will be proposed the basis of coherent alternation between commutative and distributive rationality in the foundation and normative prescription of particular relations. In Chapter 4, the juridical treatment of freedom for private autonomy, in its positive and negative conception will be investigated, through which it aims to identify the parameters of intelligibility of the subjective rights of personality, a nucleus in which sexual freedom is projected and by which the power granted to private autonomy in business relations. The hypothesis being tested is that, in a coherent scheme of freedoms and non-freedoms, still expressed in the correlation between positive and negative autonomy, any restriction on existential autonomy should be understood as illegitimate unless it manifests system of equal individual liberties or is necessary to maintain the ownership of the subjective right of personality on which the power is based. In this way, the objective rights of personality are reaffirmed as a substrate of existential private autonomy, so as to enable the free development of the sexuality of the prostituted woman.pt_BR
dc.identifier.citationLEITE, Rafaela Fernandes. Constituição da sexualidade e autonomia das mulheres que se prostituem: contributos dos fundamentos de justiça e de liberdade para a ordenação das racionalidades estruturantes do direito privado. 2019. 185 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.pt_BR
dc.identifier.urihttp://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/12523
dc.language.isopt_BRpt_BR
dc.rightsabertopt_BR
dc.rights.licenseAutorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 03/05/2019 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.pt_BR
dc.subjectSexualidadept_BR
dc.subjectLiberdade sexualpt_BR
dc.subjectAutonomia privada existencialpt_BR
dc.subjectProstituiçãopt_BR
dc.subjectRacionalidade estrutural do direito privadopt_BR
dc.titleConstituição da sexualidade e autonomia das mulheres que se prostituem : contributos dos fundamentos de justiça e de liberdade para a ordenação das racionalidades estruturantes do direito privado.pt_BR
dc.typeDissertacaopt_BR

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