DEEDU - Departamento de Educação
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Item Violência de gênero na docência : moral, hierarquia e poder na universidade pública.(2023) Dallapicula, Catarina; Diniz, Margareth; Torres, Marco Antônio; Diniz, Margareth; Torres, Marco Antônio; Jardilino, José Rubens Lima; Maia, Marta Regina; Duarte, Marco José de Oliveira; Godinho, Ana Cláudia FerreiraEsta tese partiu dos testemunhos de cinco mulheres cis, incluindo a autora, sobre violências institucionais vividas no exercício da docência do ensino superior em universidades públicas brasileiras. Os convites foram feitos por amostra não probabilista intencional. Usamos no referencial teórico conceitos ligados a violência, relações de poder, discurso e verdade de Michel Foucault; poder maquínico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e, a partir da leitura de Marie-France Hirigoyen, percebemos que o que estávamos estudando não era assédio moral e, usando diversos autores e legislações, passamos a utilizar tortura moral para definir as práticas de violência cometidas pelo Estado e seus agentes que se repetem ao longo do tempo e têm por objetivo mudar as crenças, os discursos e os modos de ser de suas vítimas (seu eu) nos processos de gestão do trabalho nas universidades públicas brasileiras. Nosso objetivo geral era compreender como se estabelecem as relações de poder e resistência que fazem com que mulheres vivenciem cerceamentos e violências no exercício da docência do Ensino Superior em universidades públicas brasileiras. Sobre isso, chegamos à compreensão de que há um dispositivo que opera via tortura moral, a partir do qual essas relações de poder se estabelecem como mecanismos de correção. Os objetivos específicos previam analisar relações entre moral e hierarquia na produção de cerceamento e violências contra mulheres no exercício da docência no Ensino Superior em universidades públicas brasileiras (e concluímos que tanto os códigos morais compartilhados, quanto a hierarquia são usados para validar as práticas de violência institucional); verificar se há regularidades discursivas sobre gênero, sexualidades, questões étnico-raciais e de classe entre diferentes docentes ao narrarem processos de violência sofridos no exercício da docência em instituições públicas de Ensino Superior (as encontramos, mas encontramos também outras, como as ligadas ao uso das maternidades para validar violências); e identificar relações entre as violências narradas com códigos morais de gênero, sexualidades, étnico-raciais e classe em instituições públicas de Ensino Superior (o que foi possível ao analisar o uso dos códigos morais compartilhados na validação das violências institucionais que compõem práticas de tortura moral). Dessa investigação resultou a tese de que as violências impostas hierarquicamente a nós são parte de um dispositivo que opera por práticas de tortura moral, enquanto violência institucional, com o objetivo de que nos adequemos ao que é considerado apropriado à docência do Ensino Superior, pensada a partir de uma ideia de universidade criada na lógica moderna, eurocêntrica, caucasiana, heterossexual, cis, elitista e masculina.Item Trajetórias escolares “improváveis” : a longevidade escolar de universitários de camadas populares criados ou cuidados por seus avós.(2023) Carvalho, Tatiane Kelly Pinto de; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Campos, Alexandra Resende; Dias, Cristina Maria de Souza Brito; Cunha, Maria Amália de AlmeidaA sociedade contemporânea tem nos apresentado diferentes configurações familiares, em que avós são chamados a cuidar dos netos na ausência dos genitores. A literatura que trata desse tema nos mostra que os mais velhos oferecem, além da contribuição afetiva e emocional, auxílio no processo de escolarização dos netos e que isso se reflete na longevidade escolar. Nesse sentido, este estudo buscou compreender quais foram as principais estratégias e mobilizações dos avós que influenciaram a longevidade escolar e a inserção de seus netos jovens no Ensino Superior público. O referencial teórico pautou-se nas discussões do campo da Sociologia da Educação e das Relações Intergeracionais, revelando a lacuna de investigações sobre longevidade escolar de indivíduos de camadas populares criados pelos avós. A metodologia de pesquisa, de cunho qualitativo, pautou-se principalmente na aplicação de questionários a 279 estudantes do primeiro período dos cursos ofertados na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e na realização de entrevistas semiestruturadas com quatro estudantes e uma avó de cada uma delas, pertencentes aos meios populares, considerando aspectos da trajetória familiar e escolar. Entre os principais resultados da pesquisa, destacamos que todas as universitárias reconhecem a importância de suas avós ao longo de seus percursos escolares e pessoais, seja nos ensinamentos morais e éticos imprescindíveis à formação do ser humano, seja na contribuição ao longo do percurso na Educação Básica. Em relação às trajetórias escolares, notamos que as avós consideraram os esforços das netas, destacando o compromisso com as tarefas escolares e a criação de uma rede de apoio. As próprias famílias organizaram uma rotina de estudos e a supervisão apareceu como algo comum no processo de escolarização, manifestada em ações como a vigilância dos cadernos e boletins escolares, o comparecimento às reuniões escolares e o incentivo à leitura. Mesmo com baixa escolaridade, as avós das camadas populares ouvidas na pesquisa desenvolveram táticas que visaram à permanência das netas nos bancos escolares, o que indicou a necessidade de lançarmos luz ao papel destas protagonistas no processo de escolarização de netos por eles criados e/ou cuidados. Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que as relações intergeracionais entre avós e netos são muito mais ricas do que podemos perceber em uma primeira análise e que, portanto, merecem estudos mais aprofundados na área da Educação, considerando que os avós cuidadores têm impacto no processo de escolarização de seus netos.Item Pode um corpo transviado lecionar?(2023) Lopes, Lucas Eduardo Souza Assunção; Diniz, Margareth; Diniz, Margareth; Val, Alexandre Costa; Pereira, Marcelo RicardoCom esta pesquisa pretendi interrogar a seguinte questão: Pode um corpo transviado lecionar? Advinda de uma experimentação onírica, onde a partir da ruptura de um saber inconsciente pude investigar aquilo que se apresentava como um enigma para mim. A fim de interrogar mais ainda sobre esse saber não sabido, ofertei um espaço para uma “conversa” com cada sujeito colaboradora/or em exercício docente em instituições de Ensino Superior, públicas e privadas do Estado de Minas Gerais, dissidentes do sistema sexo-gênero vigente a fim de esmiuçar a relação com o saber e o “estilo” docente de cada uma dessas pessoas. Desse modo, esperava responder - ainda que parcialmente - a pergunta que me “despertou”. No entanto, o que estava diante de mim não era uma pergunta genérica, endereçada a qualquer corpo docente transviado de uma normativa cisheterossexual, mas sim, atrelada ao meu corpo (marcado como um corpo viado ainda na infância) e o meu desejo de um dia lecionar. Desse modo, no momento à posteriori às “conversas” pude constatar a relação singular que cada uma dessas pessoas detinha com o saber e as reverberações das experiências docentes em suas práticas; os atravessamentos do amor de transferência e a incidência da sexualidade e do gênero em seus ofícios e; a emersão de um “estilo” próprio do fazer docente, o que se mostrou intimamente relacionado com a possibilidade de nomear a si mesmo. Ter me deparado com essas elucubrações me permitiu aceder mais um motor desta pesquisa, talvez o motor que faltava desde o início, aquele que, enfim, me autorizaria a falar do meu lugar enquanto um corpo transviado rumo à docência. Agora, diante de uma nova questão: Pode o meu corpo - transviado - lecionar? Foi em torno dessa autorização que eu propus como uma elaboração desta pesquisa um ensaio autobiográfico.Item As reformas educacionais na Escola de Farmácia de Ouro Preto (1890-1911).(2020) Paula, Leandro Silva de; Carvalho, Rosana Areal deO objetivo desta pesquisa é compreender o ideário em torno das primeiras reformas educacionais do período republicano: reformas Benjamin Constant (1890), Epitácio Pessoa (1901) e Rivadávia Corrêa (1911); as consequências que essas reformas representaram para uma importante instituição de ensino superior da história do Brasil, a Escola de Farmácia de Ouro Preto, e as reações da classe farmacêutica de Ouro Preto diante das vicissitudes educacionais da Primeira República. Para o desenvolvimento da pesquisa, foi necessária a apreciação dos estudos da Historiografia da Educação, bem como da Nova História Política, e o amparo teórico no conceito de Cultura Política Republicana. Em relação à documentação, foi investigada a coleção de leis e decretos das reformas educacionais, os relatórios de Presidente do Estado de Minas Gerais, além dos documentos encontrados no Arquivo da própria escola, composto por regulamentos, livros de matrículas e documentos avulsos. Ao analisar as mudanças ocorridas tanto nos exames de admissão exigidos para o ingresso na Escola de Farmácia quanto nas disciplinas ofertadas por esta instituição, constata-se que o grupo farmacêutico de Ouro Preto, composto por professores, alunos e diretores, se viu entre o desejo de mudança e a resistência às reformas implantadas no início do período republicano.Item Um retrato proveniente da evasão em EAD no Brasil : o que dizem as pesquisas no período de 2009 a 2019.(2021) Ferreira, Wellington Rodrigo; Paulo, Jacks Richard de; Paulo, Jacks Richard de; Dainese, Carlos Alberto; Costa Júnior, JoséA modalidade a distância surge como uma opção viável, causando a criação do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), uma parceria entre as esferas federal, estadual, municipal e o Ministério da Educação (MEC), que colaborou na integração dos cursos, pesquisas e programas de formação docente, visando a universalização do ensino superior e ocasionalmente a maior distribuição da oferta de cursos em cidades distantes dos centros urbanos através dos polos de apoios presenciais. O objetivo do presente estudo é analisar as tendências da evasão em cursos de Educação a Distância (EaD) no período de 2009 a 2019 a partir da base de dados de Teses e Dissertações da CAPES e da base de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e de artigos. Além deste, o estudo buscou verificar as alterações em termos das características que impulsionam a evasão em EaD, ressaltar os pesquisadores mais citados e que mais produziram sobre a temática investigativa, identificar as causas da evasão em EaD. Para que seja capaz de realizar um estudo mais aprofundado, o atual estudo separou os acontecimentos desde o aparecimento de EaD na educação brasileira, as legislações, categorizando, definindo, compreendendo sua estrutura e analisando a respeito da interação entre os que são considerados elementos integrantes de um curso EaD. Como metodologia aplicada utiliza-se o estudo descritivo e a pesquisa qualitativa e exploratória. Já acoleta de dados foi organizada e classificada de acordo com o que se busca interpretar no contexto do estudo, utilizando a pesquisa bibliográfica e documental, fazendo a análise apartir da comparação das informações coletadas nas pesquisas passadas que se referem a problemática da evasão na EaD. Utilizando um apoio a bases teóricas, também é analisado o perfil do aluno evadido e suas motivações para esta tomada de decisão, além de compreendera perspectiva da evasão a partir de um olhar para as instituições e quais medidas são consideradas válidas na iniciativa para a sua redução. Além disso, efetua-se uma análise acerca do problema estudado e quais resultados foram alcançados, separando as pesquisas encontradas por anos, para a melhor visualização e comparação da evolução do tema pesquisado. Os dados da pesquisa demonstram que as características que culminam na evasão vêm sendo alteradas nos últimos anos, além destas, também se evidenciou que a maior parte das pesquisas indica como sugestão de continuidade de estudos relacionados com a atuação conjunta de todos os envolvidos em EaD para mitigar o problema da evasão.Item Longevidade e excelência escolar de estudantes de camadas populares na pós-graduação stricto sensu.(2021) Bento, Elaine Gonçalo; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Silva, Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues; Portes, Écio AntônioA constituição deste objeto de pesquisa no Brasil, a saber, a longevidade escolar de camadas populares, se inspirou inicialmente na literatura francesa e se estabeleceu na sociologia da educação brasileira com os trabalhos de Portes (1993), Viana (1998) e Silva (1999). O acesso de sujeitos de camadas populares ao Ensino Superior brasileiro, sobretudo às universidades públicas, ainda constitui algo estatisticamente improvável para muitos jovens e chegar à pósgraduação stricto sensu pode vir a ser um obstáculo ainda maior. Diante desse cenário, esta pesquisa descreve e analisa estratégias e mobilizações construídas por estudantes oriundos de camadas populares matriculados nos programas de pós-graduação stricto sensu da Universidade Federal de Ouro Preto para a construção de suas trajetórias acadêmicas e para o seu ingresso no mestrado acadêmico. O arcabouço teórico da pesquisa é constituído por estudos da Sociologia da Educação sobre a longevidade escolar das camadas populares no âmbito da realidade brasileira. Quanto ao percurso metodológico, seguiu-se três etapas: a) aplicação de questionário socioeconômico eletrônico para configuração das características sociais dos estudantes de cursos de pós-graduação de oito áreas do conhecimento; b) realização de entrevistas com cinco estudantes de cursos de mestrado acadêmico; e c) análise interpretativa dos dados coletados. Os resultados obtidos neste estudo mostram que, de um modo geral, o envolvimento das famílias de camadas populares com a escolarização dos filhos se dá de modo heterogêneo e sem um projeto escolar intencional, nota-se que a presença dessas famílias ocorre de modo periférico ao estritamente escolar e por meio de práticas educativas que possibilitam aos sujeitos condições objetivas favoráveis à longevidade escolar para além da graduação, pois os sujeitos pesquisados ascenderam ao mestrado acadêmico. Os resultados desta pesquisa revelam ainda que as trajetórias dos cinco estudantes de camadas populares foram perpassadas por mobilizações familiares e individuais, pela condição de bons alunos, que gostavam da escola e tinham bons resultados escolares, bem como pelo desenvolvimento de estratégias de escolarização de curto prazo em prol de um percurso longevo, ou seja, em prol da ascensão a níveis mais elevados de ensino, como o mestrado acadêmico.Item Para além das fronteiras : trajetórias, vivências e perspectivas dos estudantes PEC-G na UFOP.(2021) Teixeira, Joseane Mendes; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Silva, Luciano Campos da; Macedo, Maria do Socorro Alencar NunesEsta dissertação investigou as vivências de estudantes matriculados na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) pelo Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G). O PEC-G é considerado o programa mais antigo de mobilidade internacional do Brasil que, por meio de acordos bilaterais com países do sul global, oferece a estudantes estrangeiros a possibilidade de realizar a graduação no país de forma gratuita. De forma específica, a pesquisa investigou as trajetórias escolares destes estudantes; analisou o processo de afiliação institucional; e, quais as suas expectativas após a conclusão do curso. Foi realizado o levantamento documental sobre o Programa e a pesquisa bibliográfica em diferentes artigos, livros e portais de teses e dissertações. Em seguida, foi aplicado um questionário online aos estudantes matriculados na instituição no ano de 2020, e, por fim, realizadas seis entrevistas individuais. Os resultados revelam que a mobilização escolar familiar, as disposições individuais, a relação com professores e ambiente escolar, bem como o capital social, favoreceram o percurso dos estudantes até a graduação no exterior. Quando tratamos das vivências dos estudantes no Brasil, foi possível perceber um desconhecimento com relação ao país antes da chegada, os estudantes relataram passar por dificuldades financeiras e por situações de discriminação racial. Observou-se também que as relações sociais que estabeleceram antes e após a chegada ao Brasil foram facilitadores no processo de adaptação. Por fim, a formação internacional foi vista pelos estudantes como uma forma de distinção e gera uma expectativa de alcançar melhores oportunidades profissionais no futuro.Item Longevidade escolar em alunos de camadas populares : fatores explicativos do fenômeno em estudos brasileiros.(2019) Oliveira, Anandra Santos Ribeiro de; Nogueira, Marlice de Oliveira eEste artigo apresenta os resultados de uma revisão de estudos nacionais sobre os fatores explicativos associados à longevidade escolar de alunos de camadas populares no contexto brasileiro. Foram consultados, assim, artigos, dissertações e teses publicados no período de 1990 a 2014. Como resultado, percebeu-se que as pesquisas acerca do tema tendem a explicar a longevidade escolar em camadas populares a partir de oito categorias explicativas principais: (a) práticas familiares de escolarização; (b) mobilização individual; (c) capital social; (d) características socioeconômicas singulares; (e) influência escolar; (f) influência do professor; (g) disposições constituídas; e, (h) acontecimento de circunstâncias favoráveis: êxitos escolares parciais e eventos aleatórios.Item A política de avaliação da pós-graduação : uma análise da implementação a partir das percepções, práticas e estratégias dos implementadores na UFOP.(2020) Rossi, Daiana Mendes de Oliveira; Oliveira, Breynner Ricardo de; Oliveira, Breynner Ricardo de; Tripodi, Maria do Rosário Figueiredo; Hostins, Regina Celia LinharesEssa pesquisa analisa a implementação da política de avaliação da pós-graduação brasileira sob a percepção dos agentes implementadores, neste contexto, representados pelos docentes que coordenam e lecionam nos Programas de Pós-Graduação (PPG) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Com o emprego de uma metodologia de cunho qualitativo, são utilizadas como técnicas de pesquisa o levantamento documental, além de entrevistas com os cinco coordenadores e sete dos docentes inseridos, respectivamente, há mais e menos tempo nos programas, com o objetivo de captar as percepções e estratégias dos sujeitos envolvidos em diferentes momentos de suas carreiras docentes. Busca-se entender como essa política de avaliação dos programas é compreendida por esses atores e que estratégias ou práticas de atuação têm surgido no contexto de implementação. O estudo parte do referencial teórico da implementação de políticas educacionais, sendo as principais contribuições feitas por Michael Lipsky (2010), Stephen Ball (2010, 2011, 2016) e colaboradores que trabalharam junto a esse último autor, além de estudos que surgiram a partir da contribuição de todos esses trabalhos. A hipótese de pesquisa parte do consenso entre vários desses autores de que as políticas públicas quase nunca chegam ao seu destino com as mesmas características ou finalidades às quais foram desenhadas. Os resultados demonstram que a indução proveniente da política de avaliação da pós-graduação tem modificado a forma de pensar e agir dos implementadores, que passam a vincular a noção de produtividade exclusivamente à produção intelectual, adotando meios para alcançar a índices de resultados cada vez melhores. Surge a partir daí uma tendência de que atribuições igualmente importantes como a docência, o desenvolvimento de atividades de extensão, a atuação em cargos administrativos de fundamental importância para a pós-graduação – bem como para toda a universidade – como a coordenação do programa, por exemplo, não serem reconhecidas como atividades produtivas, pelo fato de não receberem tanta visibilidade pelo formato de avaliação. Isso origina uma cadeia indutora que faz com que surjam pressões tanto do sistema avaliativo em direção aos docentes, quanto entre os próprios implementadores, que passam a monitorar a si mesmos, empregando, inclusive, juízo de valor sobre os colegas que apresentarem baixos índices de produção intelectual. Por fim, o formato avaliativo induz os implementadores dessa política a adotarem estratégias de adaptação às exigências, tais como dividir tarefas visando ao aumento do número de artigos produzidos, publicação buscar realizar publicações conjuntas com o orientando, descentralizar atividades de acompanahamento discente e docente, dentre outras.Item A branquitude e o ensino superior : reflexos e desafios na docência.(2020) Nunes, Adelina Malvina Barbosa; Diniz, Margareth; Diniz, Margareth; Muniz, Kassandra da Silva; Miranda, Shirley Aparecida deEsta dissertação tem como objetivo identificar os reflexos da branquitude presentes na docência de ensino superior, e foi estabelecido, como campo de pesquisa, a Universidade Federal de Ouro Preto. Para tal, apresentamos, inicialmente, uma retrospectiva conceitual e antropológica do conceito de raça até o seu uso na atualidade como categoria social, e as características singulares que são decorrência do racismo na sociedade brasileira. Nos propusemos a evidenciar como as ideias eugenistas difundidas no país migraram do campo científico para as políticas de educação. Buscamos demonstrar, teoricamente, os limites de execução das políticas de ação afirmativa de impacto no âmbito do ensino superior federal (Lei no . 10.639/2003, Lei no . 12.711/2012 e Lei no . 12.990/2014), conquistadas pelo Movimento Negro Brasileiro, diante das escolhas dos sujeitos agentes dessas políticas. Apresentamos algumas das contribuições da Psicologia e da Psicanálise brasileira, nos estudos sobre o tema das relações raciais e a psique, e uma análise racializada da subjetividade a partir da Abordagem Centrada na Pessoa. O perfil racial, majoritariamente branco, das e dos docentes do ensino superior emerge como um desafio na inclusão de um projeto antirracista para a educação, cenário que se faz presente também na UFOP. Os procedimentos metodológicos utilizados foram de caráter qualitativo, com coletas de dados por meio de entrevistas semiestruturadas. Os apontamentos emergidos evidenciaram que o padrão normalizador de raça pode afetar a compreensão de si, das e dos docentes, bem como a forma com que percebem o outro, docente ou discente, e a docência. Percebemos que o reconhecimento de alguns privilégios, por vezes, é insuficiente para uma ação de inversão da ordem do racismo nesse espaço. Os reflexos da branquitude puderam ser identificados na organização da universidade, nas experiências vividas e/ou observadas na docência, e nas relações institucionais com os colegas docentes e/ou discentes.