IFAC - Instituto de Filosofia, Artes e Cultura

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    Brechas sonoras : resistências e recriações. Esgarçando sistemas político-culturais.
    (2023) Buscacio, Cesar Maia; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro
    Este artigo tematiza a promoção de brechas sonoras por parte de grupos subalternizados, entendendo-as como práticas de resistência e de parcial recriação das condições de existência frente a processos de exploração, espo- liação e até de aniquilação com que historicamente defrontam-se tais seg- mentos sociais. Consideramos que as brechas sonoras esgarçam postulados de legitimação identitária e hierárquica vinculadas a sensibilidades e racio- nalidades, contribuindo dessa maneira para fissurar a hegemonia de sistemas político-culturais estabelecidos na modernidade. Sugerimos, como hipótese, que as brechas sonoras assim procedem mediante uma tríplice operatória: 1) seu trânsito incessante, dificultando que sejam por completo capitalizadas ou reificadas; 2) sua imbricação ao sensório e à corporeidade, no acionamento de epistemologias distintas do uso instrumental; 3) sua invocação a ordens utópicas do social, através da interligação a cosmologias, ancestralidades etc. Procedemos, em desdobramento, a uma interpretação de brechas sonoras efetivadas por povos ameríndios e africanos/afrodescendentes nas terras de Minas no decorrer dos séculos XVIII e XIX. Em termos teóricos, funda- mentamos nossa reflexão principalmente no trabalho do historiador jesuíta Michel de Certeau, que abordando as sonoridades como o “outro” da escritura ocidental, indicou seu potencial como “artes do fazer” e “táticas” dos fracos.
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    Regimes de escuta e espaço histórico de Minas (séculos XVIII-XIX).
    (2021) Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Buscacio, Cesar Maia
    Este artigo é resultado de pesquisas acerca das sonoridades ecoantes em Minas Gerais entre os séculos XVIII e XIX, desenvolvidas no âmbito dos estágios pós-doutorais realizados junto ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ao Programa de Pós- graduação em Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Discorre sobre o tríplice regime de escuta (teológico- católico, racional-ilustrado e romântico) que conferia sentidos à pluralidade sonora ecoante nas terras mineiras entre os séculos XVIII e XIX, ou seja, antes da virada tecnológica que permitiu a gravação e a reprodução de sons em equipamentos de produção industrial. As sonoridades que então reberveravam nessa espacialidade (dos ecossistemas, dos ofícios, das práticas de sociabilidade, de religiosidade, de controle e repressão sócio-política etc.) eram significadas mediante códigos politicoculturais, aqui conceituados como regimes de escuta, com seus específicos critérios de valoração, hierarquização, depreciação e até de silenciamento do audível. Em termos teóricos, a noção de regime de escuta, fundamentada na reflexão foucaultiana, é cotejada neste texto com a concepção musicológica de paisagem sonora. De forma concomitante, é postulado, em interlocução com a reflexão formulada por Michel de Certeau, que os regimes de escuta operantes em Minas colonial e imperial tiveram importante papel na configuração histórica deste território, buscando aproximá-la de um projeto civilizatório continuamente esgarçado não só por tensões e conflitos com alteridades ambientais e socioculturais, mas também por práticas de resistência e subversão dos grupos subalternizados.
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    Uma abordagem histórico-sonora do Gualaxo do Norte : interfaces entre inventários e ensino.
    (2020) Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Buscacio, Cesar Maia
    Este artigo introduz questões relativas à interpretação histórico‐sonora do entorno do rio Gualaxo do Norte, Estado de Minas Gerais, desenvolvidas, neste ano em curso, pelos autores na pesquisa de pós‐doutorado em História. Essa espacialidade ganhou projeção mundial devido às funestas consequências da queda da Barragem de Fundão, ocorrida em novembro de 2015, evento que suscitou intensas mobilizações por reparações às comunidades e ao meio ambiente, inclusive no âmbito da memória e do patrimônio. Iniciamos o artigo analisando os inventários patrimoniais realizados, no início do século XXI, pelas prefeituras dos municípios de Mariana e Barra Longa, os quais abarcam áreas e construções próximas ao Gualaxo do Norte, consideradas bens culturais. A seguir, apresentamos material didático, elaborado em versão QRCode, acerca das sonoridades mencionadas em memórias e relatos de viajantes nos séculos XVIII e XIX, cotejando com os silenciamentos daqueles inventários quanto à diversidade de percepções sensoriais ali vivenciadas.