PPGEDU - Programa de Pós-graduação em Educação
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Item O congado na experiência escolar da APAE de Ouro Preto : um estudo de caso sobre a cultura congadeira no contexto da educação especial.(2017) Silva, Fabiana Siqueira; Fonseca, Marcus Vinícius; Fonseca, Marcus Vinícius; Franco, Marco Antônio Melo; Alves, Vânia de Fátima NoronhaO Congado é uma tradição cultural afro-brasileira que agencia as práticas da negritude, preserva suas origens e rememora suas histórias e costumes. Ouro Preto se revela como um local que preserva essa manifestação e ressalta a importância dessa prática enquanto expressão cultural vivenciada na cidade. Diante de toda ambiência da cultura congadeira manifestada em Ouro Preto, me deparei com uma experiência singular, uma guarda de Congado inserida em um contexto educacional, mais precisamente em uma instituição que oferece a modalidade de educação especial, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Ouro Preto, prática instaurada na entidade desde o ano de 2002. A presente investigação teve como objetivo principal compreender e analisar quais os desdobramentos dessa manifestação nas práticas escolares da APAE-OP. O procedimento metodológico adotado na pesquisa foi o estudo de caso, constituído por diferentes instrumentos investigativos: análise documental, observação das atividades do Congado, entrevistas com diferentes sujeitos que permeiam a experiência e grupo focal realizado com os alunos da APAE-OP que integram a Guarda de Congado de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Graças. Por meio desse percurso metodológico, desvendamos diversas facetas dessa experiência, assim como os atores principais que fundamentam sua existência, e entendemos quais os desdobramentos do Congado e do ensino da cultura afro-brasileira na APAE-OP. Os resultados da pesquisa mostraram como o Congado foi inserido na APAE-OP, apesar de ter sido implantado no período relativo à discussão da aprovação e implantação da Lei n.º 10.639/2003, esta experiência está vinculada a dinâmica do Congado na cidade de Ouro Preto, sendo uma professora a principal percussora dessa prática na instituição. O referido grupo se revelou de grande importância nas manifestações do Congado na cidade, se tornando uma guarda que segue e preserva todos os preceitos dessa cultura. Essa valorização também está presente na APAE-OP, no entanto não houve apropriação pedagógica da cultura congadeira em seu espaço escolar. Os saberes vinculados ao Congado não são tratados como conhecimento, nem são firmados como conteúdo curricular da instituição. Entretanto essa guarda de Congado revelou-se singular pela maneira em que foi instituída, pelos seus desdobramentos em relação a prática religiosa. Soma-se também as inúmeras possibilidades que essa prática pode mobilizar, seja como instrumento para o ensino da cultura e da história africana e afro-brasileira, como outras propostas pedagógicas.Item O Grande Anganga Muquixe Chico Rei : a presença do mito negro no Reinado do Alto da Cruz e nas escolas de Ouro Preto/MG.(2019) Santos, Amanda Melissa dos; Fonseca, Marcus Vinícius; Fonseca, Marcus Vinícius; Torres, Marco Antônio; Alves, Vânia de Fátima NoronhaChico Rei é reconhecido como um rei africano que foi escravizado em Vila Rica, conseguiu comprar sua alforria e ser coroado novamente como rei, dando origem ao Congado. Essa pesquisa pautou-se em investigar o mito de Chico Rei no Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia do Alto da Cruz de Ouro Preto e a presença de sua história nas escolas ouro-pretanas. Partimos dessa investigação, analisando o mito do rei negro para a comunidade congadeira do Alto da Cruz, que se identifica como herdeira de Chico Rei; e chegando até as escolas ouro-pretanas para compreender se a presença da história do rei africano no ambiente escolar estava associada ao Congado e ao Reinado do Alto da Cruz de Ouro Preto ou relacionada à memória histórica de Ouro Preto, construída por diversas produções históricas e que se valeram em citar Chico Rei, como Afonso Arinos (1904), Diogo de Vasconcelos (1904; 1911) e Mário de Andrade (1925). A pesquisa nas escolas se deu em investigar onze escolas públicas e uma escola privada do Centro Histórico e bairros arredores; além de analisar dois projetos de Educação Patrimonial e também dezesseis livros didáticos de História e Geografia Regional entregues às escolas ouro-pretanas. As análises referentes ao Reinado do Alto da Cruz partiram dos estudos sobre mito, em Eliade (2006) e Campbell (1990). As discussões referentes às escolas se sustentaram nas discussões sobre Educação Patrimonial, em Horta (1999); Livro Didático, em Bittencourt (2001); e na educação étnico-racial, em Gomes (2007). Pode-se concluir que a presença da história de Chico Rei no ambiente escolar ouropretano esteve relacionada ao caráter memorialista e monumentalista das produções históricas, que utilizaram a história de Chico Rei para enaltecer a cidade e construir uma memória histórica de Ouro Preto.Item A implementação das diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar quilombola na educação básica em escolas da comunidade de Quartel do Indaiá/MG.(2019) Macedo, Liliane de Fátima Dias; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Santos, Marcelo Loures dos; Santos, Erisvaldo Pereira dos; Alves, Vânia de Fátima NoronhaO presente trabalho teve por objetivo analisar como as Diretrizes Curriculares Nacionais Quilombolas para Educação Básica (DCNEEQEB) estão sendo implementadas em duas escolas: Escola Municipal Quartel do Indaiá e Escola Estadual Governador Juscelino Kubitschek, que atendem os alunos da comunidade quilombola de Quartel do Indaiá. E ainda, apresentar como os professores envolvidos na comunidade se relacionam com a educação quilombola; compreender qual o conhecimento esses sujeitos possuem da referida legislação; identificar se as diretrizes estão sendo contempladas no Projeto Político Pedagógico, na matriz curricular e no calendário das escolas a partir da análise de documentos oficiais, e analisar o discurso dos atores sociais que estão na gestão, professores, gestores e inspetores. Para isso, foi realizada uma investigação de caráter qualitativo do tipo documental e empírica através da análise de documentos oficiais das escolas, nesse caso, Projetos Políticos Pedagógicos e calendários, assim como análise de entrevistas semiestruturadas realizadas com diretores, supervisores, professores e inspetores (as) escolares. Para análise dos dados utilizamos a técnica de análise de conteúdo, proposta por Bardin (1977). Evidenciamos a situação de precariedade e falta de ação do poder público na comunidade. As escolas são tratadas legalmente como rurais e não quilombolas. Na análise dos documentos oficiais identificamos que a educação quilombola não se faz presente no PPP das escolas nem nos calendários. Os conteúdos quilombolas não fazem parte dos conteúdos administrados pelas escolas. Na análise das entrevistas foi possível identificar que a maioria dos entrevistados não conhece as DCNEEQEB e também não tiveram em sua formação conteúdos relacionados. A Secretaria Municipal de Educação, a Superintendência Regional de ensino e a gestão escolar não atuam de forma ativa nas escolas e não agem em prol da educação quilombola. Os professores, em sua maioria, não trabalham as questões da cultura quilombola em suas aulas. Identificamos situações de preconceito para com os alunos no ambiente escolar, assim como racismo nos discursos de alguns dos sujeitos. Os resultados demonstram que assim como em outras escolas quilombolas, na comunidade de Quartel do Indaiá, esse conhecimento é negado aos alunos, havendo a reprodução de uma pedagogia eurocêntrica. Entendemos ser importante a discussão sobre essa modalidade de educação para dar visibilidade às vozes desses sujeitos que sempre foram invisibilizados, excluídos e subalternizados.