DELET - Departamento de Letras

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    A ferida ainda não cicatrizada : memória, trauma e testemunho em K. relato de uma busca, de Bernardo Kucinski.
    (2022) Silveira, Alexandre Henrique; Amorim, Bernardo Nascimento de; Amorim, Bernardo Nascimento de; Gama, Mônica Fernanda Rodrigues; Cury, Maria Zilda Ferreira
    O romance K. Relato de uma busca (2011), de Bernardo Kucinski, toma para si a tarefa dolorosa de representar um acontecimento traumático, o desaparecimento da irmã do autor, Ana Rosa Kucinski, priorizando, para tanto, o trabalho com a linguagem literária. Misturando fatos e ficção, história e literatura, o romance se constitui como um testemunho ficcional. Apesar de forte dimensão pessoal, o autor se apaga no texto para dar protagonismo ao seu pai, o escritor e poeta judeu Majer Kucinski, na forma do personagem K., que imigrou para o Brasil com a família, após a ocupação alemã na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial. O presente trabalho tem por objetivo propor uma leitura do romance, discutindo as questões de memória, testemunho e trauma. Considerando a memória do passado ditatorial como um espaço em disputa, no Brasil, se percebeu que o romance trabalha com as experiências de um grupo silenciado, qual seja, os familiares de desaparecidos políticos, na tentativa de retirar do espaço privado suas memórias, espalhando-as para um público mais amplo, através da literatura. Com foco na questão do testemunho, se averiguou que as noções de testis e de superstes estão presentes no romance, o que implica, de início, a escrita de acontecimentos traumáticos do passado, e, de modo mais amplo, a percepção da literatura como um meio de fazer justiça, diante da impunidade. Com uma estrutura fragmentada e polifônica, o romance rejeita totalidades e imparcialidades. Nesse sentido, se cogitou que a narração da obra trabalha a partir dos restos do passado. O romance de Kucinski revela sua importância para a literatura brasileira ao se constituir como esse objeto que comunica vivências da ditadura brasileira, endereçando essa ferida, ainda não cicatrizada, a outros.
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    Ruanda, país de lágrimas: reflexões sobre perda, memória e narrativa em Baratas, de Scholastique Mukasonga.
    (2020) Silveira, Alexandre Henrique; Amorim, Bernardo Nascimento de
    O artigo pretende pensar a perda como componente central da autobiografia Baratas, de Scholastique Mukasonga, considerando a história de Ruanda, marcada pela colonização, e a busca por uma memória ruandesa. Segundo Richard Oko Ajah (2015), as obras da escritora que tematizam o conflito étnico em Ruanda são narrativas de memória e trauma, as quais denunciam as condições que culminaram em um trauma estrutural, sofrido pelos tutsis ao longo de décadas de violência e segregação, até o genocídio de 1994. A perda e a ausência dos seus, assombrando a autora, narradora e personagem sobrevivente do massacre, fazem com que tome para si a tarefa de guardiã da memória de seu povo. Cogita-se que a experiência traumática, a caracterizar o teor testemunhal de Baratas, leva a escritora a buscar, através da rememoração (Gagnebin 2006), uma forma de agir no presente para lutar contra o esquecimento e a repetição dos horrores do passado, humanizando-se através da arte.