DELET - Departamento de Letras
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Item A negação sentencial em textos dos séculos XVIII e XIX : estrutura inovadora em foco.(2013) Seixas, Vivian Canella; Alkmim, Mônica Guieiro RamalhoNo quadro da negação sentencial no Português Brasileiro (PB), o presente trabalho buscou descrever e analisar as realizações das estruturas negativas sentenciais na Língua Portuguesa do Brasil (LPB) em textos de autores brasileiros dos séculos XVIII e XIX e, de uma forma mais específica, procurou caracterizar apenas a negativa [NãoVNão], tida como forma inovadora no PB atual. Foram utilizados dois corpora: i) correspondências privadas, obra literária e peça de teatro do século XVIII; e ii) correspondências privadas, correspondências publicadas em jornais e em editoriais de jornais, obras literárias e peças de teatro do século XIX. Quanto à implementação da estrutura [NãoVNão], buscou-se investigar o período em que esta construção aparece na escrita da LPB. Quanto à sua transição, buscou-se descrever o percurso no processo da mudança linguística: da estrutura [NãoV] para a [NãoVNão]. No que diz respeito à origem desta estrutura, esta investigação buscou testar as hipóteses de ordem semântico-pragmática propostas por Biberauer e Cyrino (2009) e por Schwenter (2005). Verificamos que a estrutura [NãoVNão] já estava presente na escrita na 1ª metade do século XVIII. Em algumas ocorrências desta estrutura, além do uso da vírgula para separar o segundo não da oração, havia, também, o ponto e vírgula. Com relação à transição da referida estrutura, propusemos uma hipótese, a saber, o uso do ponto e vírgula indica que havia uma pausa ainda maior do que a da vírgula separando o segundo não, quando da implementação desta estrutura. Esta hipótese descreve o percurso da mudança linguística em três etapas: 1) um primeiro momento em que o segundo não era separado da estrutura oracional por um ponto e vírgula; 2) no segundo momento, havia o uso da vírgula para separar o segundo não da estrutura oracional; e 3) por fim, houve a queda da vírgula. Os dados do presente trabalho corroboram esta hipótese. Quanto às restrições semântico-pragmáticas para a realização da estrutura [NãoVNão], as 32 ocorrências analisadas são marcadores de negação pressuposicional, o que corrobora hipótese proposta por Biberauer e Cyrino (2009). Verificamos, também, que algumas estruturas [NãoVNão] encontradas no corpus contradizem hipótese de Schwenter (2005), que prevê que toda [NãoVNão] nega uma informação dada no discurso, uma vez que foram encontradas estruturas [NãoVNão] que apresentam informação nova no contexto discursivo. De acordo com os resultados que os dados dos séculos XVIII e XIX nos mostraram, é possível que a estrutura [NãoVNão] tenha sido utilizada como uma estratégia de negação pressuposicional naquele período de tempo.Item Nos rastros da Belle Époque mineira : estrangeirismos franceses em jomais de Belo Horizonte do final do século XIX e início do século XX.(2013) Rocha, Priscila Viana da; Alkmim, Mônica Guieiro RamalhoO objetivo do presente estudo foi investigar o alcance da influência francesa em Belo Horizonte, a nova capital do Estado de Minas Gerais (1897), através da análise de estrangeirismos franceses utilizados em jornais que circularam nesta cidade, desde o período de sua construção 1893-1897 até 1914, ano considerado como o fim da Belle Époque. As teorias utilizadas dedicam-se a mostrar como as influências e as experiências vividas por uma comunidade acarretam mudanças significativas na sua língua, principalmente no seu conjunto lexical, e como uma investigação desse conjunto oferece elementos eficazes para a leitura da comunidade. Após a análise dos dados, constatou-se que o número de estrangeirismos encontrados, os tipos de jornais mais concessores de elementos estrangeiros, a quantidade e a variedade de contextos em que eles foram utilizados, a grafia, a semântica e a morfologia desses itens foram elementos essenciais para respondermos de que modo a busca de modernidade e de progresso em Belo Horizonte, de acordo com os moldes franceses, afetou a linguagem utilizada pelos jornais. Por outro lado, a análise dos campos lexicais, bem como da possibilidade dos estrangeirismos apresentarem equivalentes em português, como também dos motivos para a realização dos empréstimos foi fundamental para dizermos até que ponto a busca de civilização pela elite belo-horizontina, através da importação de valores e costumes franceses, lhe impôs novos hábitos, novas necessidades e novas unidades lexicais. Nosso trabalho, retomando a questão dos estrangeirismos, da sua utilidade e eficácia para a análise de uma comunidade, contribui para os estudos linguísticos que têm o léxico da língua portuguesa como fonte de investigação. A recuperação da memória de eventos ocorridos em Belo Horizonte e de sua imprensa e o resgate de aspectos da vida social da cidade e de seus habitantes mostram a contribuição deste trabalho para outras áreas do conhecimento como a História, a Sociologia e a Antropologia. Os momentos iniciais da nova capital de Minas foram revisitados sob a perspectiva dos empréstimos lexicais.