PPGEDMAT - Mestrado Acadêmico (Dissertações)
URI permanente para esta coleçãohttp://www.hml.repositorio.ufop.br/handle/123456789/15713
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Item Al Banna : levantando o véu sobre as possíveis potencialidades didático - pedagógicas de um manuscrito islâmico medieval para o ensino de matemática.(2023) Soares, Sheila de Jesus Costa; Oliveira, Davidson Paulo Azevedo; Oliveira, Davidson Paulo Azevedo; Moura, Roseli Alves de; Deodato, André AugustoA Cultura Islâmica Medieval é dona de uma construção científica importante, especialmente, quando nos reportamos à construção do pensamento matemático, que concebeu nomes como o de al-Banna (1256-1321), um estudioso magrebino, que escreveu o tratado Rafc al-Hijab (O levantamento do véu nas operações de cálculos), que se encarrega de discutir, com argumentos poéticos, filosóficos e teológicos, aspectos desde as operações de cálculos básicos aos mais sofisticados. A despeito disso, a produção científica dessa civilização, em especial no tocante à academia brasileira, ainda se mantém bastante tímida e com uma lacuna considerável sobre esta temática. Sendo assim, a presente dissertação tem por intuito "levantar o véu" sobre a obra desse sábio islâmico medieval, bem como as contribuições dele para o cenário científico da sua região de origem, o Magrebe Medieval e, sobretudo, as implicações pedagógicas que sua obra pode trazer ao cenário do ensino de matemática na educação brasileira atual. Essa pesquisa, de cunho bibliográfico e documental, de natureza qualitativa, traz em seu desenvolvimento as possíveis contribuições didático-pedagógicas da obra, com uma visão deliberadamente crítica. Diante disso, temos como suporte teórico a proposta de Luiz Radford (1997), que apresenta uma concepção epistemológica sociocultural, na qual propõe uma alternativa de intercessão entre história, epistemologia e educação matemática, e da proposta de Michael Fried (2001), que discute a possível coexistência entre educação matemática e história da matemática. Consideramos de suma importância apresentar uma história da matemática sob os pressupostos de uma perspectiva historiográfica atualizada, não eurocêntrica e que auxilie na desconstrução de preconceitos e mitos. Para tanto, articularemos o documento principal, ou seja, o Rafc al-Hijab com as fontes secundárias de historiadores que pesquisam a história da matemática islâmica medieval, dentre eles estão alguns nomes como os de Djebbar (1995; 2016), Berggren (2013) e Aissani (1995). No bojo desse aparato histórico, também procuramos apresentar alguns conceitos fundamentais para uma pesquisa de cunho histórico, como: o Anacronismo Histórico, o Whigguismo e o Presentismo Pedagógico, conceitos apresentados por Barros (2017), Prestes (2015) e Fendler (2009), respectivamente. Esses conceitos nos auxiliam para que a narrativa seja apresentada de forma mais equilibrada possível. Desse modo, consideramos que o tratado de al-Banna reúne os principais requisitos para romper com a narrativa eurocêntrica e desconstruir mitos e preconceitos, pois, para além de uma abordagem pedagógica da matemática, ele também apresenta aspectos históricos, sociais e políticos de uma cultura pouco retratada e uma região ainda não historiografada pelas pesquisas em história da matemática no cenário acadêmico brasileiro.Item Matemática tem gênero? : uma estratégia para fomentar a reflexão sobre gênero entre licenciandas e licenciandos.(2023) Borges, Luiza Batista; Deodato, André Augusto; Deodato, André Augusto; Fonseca, Maria da Conceição Ferreira Reis; Nunes, Célia Maria FernandesEste estudo insere-se em um contexto no qual as discussões de gênero têm alcançado mais espaço, sobretudo, em pesquisas na área de Educação. Para tanto, dialogamos com autoras e autores que defendem a possibilidade de se abordar o gênero nas aulas de Matemática para contribuir com o enfrentamento de desigualdades. Assim, guiados por uma questão investigativa — a saber, como licenciandas e licenciandos se apropriam de discursos relativos a gênero e matemática ao participarem de um grupo de estudos? —, investigamos a participação de licenciandas e licenciandos em Matemática em um grupo de estudos norteado pela problemática de gênero. Para atender ao objetivo proposto, fundamentamo-nos teoricamente em autoras e autores cujos trabalhos exploram a temática de gênero, a partir de uma perspectiva que não se limita às fronteiras biológicas e binárias cristalizadas em nossa sociedade. Assim, empreendemos uma pesquisa de natureza qualitativa, da qual foram sujeitas cinco licenciandas e um licenciando de Matemática de uma universidade pública do interior de Minas Gerais. Elas e ele participaram de dez encontros em um grupo de estudos, cujo propósito foi problematizar questões de Matemática selecionadas do Exame Nacional do Ensino Médio, em que se reconheciam aspectos sexistas. O material empírico, por sua vez, provém de um questionário inicial respondido pelas e pelo licenciado, dos registros do diário de campo da pesquisadora e de uma entrevista semiestruturada realizada com cada uma e com cada um. Tendo, pois, nos debruçado sobre tal material, lançamos mão das noções de sexismo e práticas discursivas para empreendermos a análise em dois eixos. No primeiro, colocamos em relevo: i) a falta de representatividade da mulher na Matemática, ii) a naturalização do saber dos homens e iii) a invisibilidade do saber das mulheres para atividades profissionais socialmente valorizadas. No segundo, além de ponderarmos acerca do reconhecimento e do incômodo das licenciandas e do licenciado diante de práticas sexistas, fomentamos alternativas para enfrentar o sexismo na prática docente. Dentre os resultados encontrados, destacamos que as/o licenciandas/o pareceram desenvolver uma “lente” por meio da qual puderam não só identificar com mais clareza o sexismo presente na Matemática, mas também assumir como possível o enfrentamento do sexismo em suas futuras práticas pedagógicas.Item Práticas formativas voltadas para o ensino de matemática para estudantes com TDAH e aprendizagem da docência : um estudo com licenciandos(as) em matemática de um instituto federal mineiro.(2023) Sá, Daiana Luiza de; Ferreira, Ana Cristina; Ferreira, Ana Cristina; Coura, Flávia Cristina Figueiredo; Deodato, André AugustoEntendemos que a aprendizagem da docência em Matemática se dá pelo engajamento em práticas próprias da profissão, a partir das quais os saberes profissionais se vão aprimorando gradativamente. Pensar nesta aprendizagem em uma perspectiva inclusiva, amplia as demandas e a necessidade de se desenvolver tanto uma atitude positiva em relação à diversidade, como saberes específicos que favoreçam a aprendizagem matemática em contextos variados. Este estudo teve por objetivo investigar como a participação em práticas formativas voltadas para o ensino de Matemática para estudantes com TDAH contribui para a aprendizagem da docência de futuros(as) professores(as) de Matemática de um IFMG. Trata-se de uma pesquisa de intervenção de abordagem qualitativa, na qual se procurou sensibilizar licenciandos(as) em Matemática de uma instituição pública do interior de Minas Gerais em relação a condição das pessoas com TDAH e seu impacto na aprendizagem matemática, bem como levá-los a sentirem membros de uma comunidade cuja prática envolve, entre outras coisas, pensar em alternativas para ensinar Matemática para pessoas com esse transtorno. O projeto, foi desenvolvido em uma disciplina do curso de Licenciatura em Matemática, contou com a participação de seis licenciandos(as) ao longo de sete encontros. A coleta de informações se deu por meio da observação dos encontros, que também foram gravados em áudio e vídeo, do diário de campo da pesquisadora e de registros produzidos pelos(as) licenciandos(as) ao longo do projeto. Os resultados sugerem que os(as) licenciandos(as) ao se engajaram nas práticas formativas desenvolvidas, adotaram uma postura mais proativa e central, se apropriando de elementos acerca da prática docente e refletindo sobre a mesma. Além de desenvolverem uma postura mais sensível em relação aos(às) estudantes com TDAH, mas pensando na sala de aula como espaço para todos e todas.Item "O que diacho é tarefa?" : etnomodelagem e etnomodelos da produção de arroz em Amarante no Piauí.(2024) Rodrigues, Luciano de Santana; Rosa, Milton; Rosa, Milton; Melo, Elisângela Aparecida Pereira de; Deodato, André AugustoEsta pesquisa foi conduzida com 10 agricultores familiares, 3 (três) funcionários da prefeitura municipal e 1 (uma) membra do sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Amarante, no estado do Piauí. A pesquisa se justifica pela necessidade de valorização de saberes e fazeres matemáticos locais que, muitas vezes, não são abordados, em salas de aula, na Educação Básica. Assim, o principal objetivo deste estudo é compreender como os conhecimentos etnomatemáticos relativos ao cultivo de arroz, da agricultura familiar, podem ser etnomodelados por meio da elaboração de etnomodelos, visando o desenvolvimento dos conteúdos de áreas, volumes e estimativas. Os objetivos específicos são: a) identificar os artefatos culturais e as unidades de medidas de áreas e volumes utilizados pelos agricultores familiares de Amarante-PI, desde o plantio até a colheita e o armazenamento de arroz para consumo ou venda, b) analisar as estratégias e as técnicas de resolução de problemas envolvendo o cálculo de área, de volume e de estimativas relacionadas com a produção de arroz, por área cultivada, por meio da elaboração de etnomodelos, c) estabelecer relações entre os etnomodelos êmicos (locais) desenvolvidos pelos agricultores familiares com os etnomodelos éticos (globais) utilizados no currículo escolar em salas de aula por meio do entendimento dessa relação dialógica (glocal). A fundamentação teórica se baseia no Programa Etnomatemática, na perspectiva sociocultural da Modelagem Matemática e na Etnomodelagem, que buscam desenvolver uma visão ampla dos saberes e fazeres matemáticos êmicos (locais) e conhecimentos matemáticos éticos (globais), relacionando-os dialogicamente por meio do desenvolvimento do dinamismo cultural. Destaca-se que este estudo qualitativo visou responder à questão de investigação: Como os conhecimentos etnomatemáticos relativos ao cultivo de arroz, da agricultura familiar, podem ser etnomodelados por meio da elaboração de etnomodelos, visando o desenvolvimento dos conteúdos de áreas, volumes e de estimativas? Para a obtenção de respostas para essa questão, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: a) questionários, b) entrevistas semiestruturadas, c) grupo focal, d) observações participantes e e) diário de campo do pesquisador. Os procedimentos metodológicos foram utilizados por meio de uma adaptação da Teoria Fundamentada nos Dados, que foi auxiliada pelo emprego da triangulação dos dados e da Fórmula do Consenso. Os dados foram analisados para identificação dos códigos preliminares na codificação aberta, bem como os resultados obtidos foram interpretados por meio da identificação e elaboração das categorias conceituais, na codificação axial. Esses procedimentos iniciais de coleta e análise de dados possibilitou a obtenção de respostas para a questão de investigação e, também, para a validação e confiabilidade dos resultados que foram obtidos nesta pesquisa. Os resultados mostram que existem diversos saberes e fazeres matemáticos locais (êmicos) presentes nas práticas cotidianas dos agricultores familiares e, entre esses conhecimentos destacam-se as unidades de medidas de comprimento, área e volume/massa que possibilitam para os agricultores participantes resolverem situações-problema do dia a dia, como, por exemplo, as técnicas de cubação de terrenos que possibilitam aos agricultores o cálculo da área de diferentes formatos de terrenos como: quadriláteros, triangulares, circulares, pentagonais e hexagonais. Essa interpretação possibilitou a elaboração de etnomodelos dialógicos que podem servir como um ponto de partida para a valorização e o respeito aos saberes e fazeres desenvolvidos localmente.Item Relação de estudantes do ensino médio com a matemática escolar : desdobramentos da pandemia de COVID -19 e do tempo integral.(2023) Penna, Pedro de Oliveira Ribeiro; Deodato, André Augusto; Deodato, André Augusto; Coelho, Lígia Martha Coimbra da Costa; Oliveira, Davidson Paulo AzevedoEsta pesquisa de mestrado insere-se em um contexto educacional atípico, qual seja, o da implantação do Ensino Médio em Tempo Integral, durante o período da pandemia de COVID19 (e do Ensino Remoto Emergencial), em uma escola estadual de um município do interior de Minas Gerais. Nesse cenário, apontamos como objetivo deste estudo, investigar mudanças nas relações dos alunos com a Matemática Escolar, causadas pela pandemia e pela adoção do tempo integral enquanto política para escolas do EM na realidade estudada. Assim, com vistas a caracterizar o contexto desta pesquisa e a fundamentá-la teoricamente, estabelecemos um diálogo com autores que apresentam as funções da instituição escolar e que trazem à baila um debate sobre o dissenso de uma crise no sistema de educação pública. Além disso, ponderamos sobre a expectativa que se coloca no tempo integral como alternativa para solucionar os problemas que compõem tal crise. Ainda com o intuito de compreender desdobramentos da pandemia na escola, dadas as estratégias utilizadas no Ensino Remoto, apresentamos reflexões de pesquisadores que investigam o uso de Tecnologias Digitais. Cabe acrescentar que, assumindo um posicionamento epistemológico alinhado com a Educação Matemática Crítica, caracterizamos os principais conceitos nos quais nossa análise se ancora, dentre os quais se destaca, principalmente, o conceito de foregrounds. Com efeito, para atender ao objetivo proposto, construído a partir do referencial teórico anunciado, realizamos uma investigação de natureza qualitativa, na qual o material empírico foi produzido por meio da observação de 27 aulas de matemática e 12 de uma disciplina integradora intitulada ‘práticas experimentais’. Foram instrumentos que utilizamos durante essa observação o diário de campo, um questionário respondido por 36 alunos de uma turma do terceiro ano do ensino médio e entrevistas semiestruturadas realizadas com quatro desses alunos e com o professor de matemática. Desse modo, depois de organizado o material empírico, construímos três eixos por meio dos quais compartilhamos a análise empreendida. Nesses eixos, percebemos que a falta de presencialidade e o formato do ensino remoto (com ações quase exclusivamente assíncronas) impactaram em certos prejuízos na relação dos discentes com a matemática. Percebemos também que o retorno do modelo presencial, concomitantemente ao tempo integral, não se mostrou garantia de se mitigar tais prejuízos. Tudo isso nos levou ao entendimento de que a escola teve fragilizados tanto seu papel de compartilhar conhecimento quando de colaborar com a socialização dos discentes. Não obstante, identificamos nos estudantes uma sensação de queda da participação da família no auxílio de seus estudos durante o Ensino Remoto. Tal aspecto, somado à questão socioeconômica, também se mostrou um fator complicador para relação dos discentes com a Matemática. Cabe acrescentar que notamos ainda não só que o caderno passou a ser mais utilizado como fonte de registro e de consulta, mas também que a câmera do celular passou a ser mais utilizada para registrar as anotações do professor. Tais fatos mostraram, em certa medida, influir na maneira que os estudantes passaram a realizar as provas de Matemática. Destacamos ainda que o acréscimo no número de aulas decorrentes do tempo integral colaborou para que houvesse instabilidade na frequência dos estudantes às aulas, fato que também impactou sua relação com a matemática. Por fim, a partir da análise do material empírico, identificamos elementos para afirmar que a organização e implementação do Ensino Médio em Tempo Integral – quando descompassada de um projeto de educação integral bem definido – pode prejudicar as pretensões futuras dos estudantes, inclusive, favorecendo a evasão escolar.