Navegando por Autor "Galery, Maria Clara Versiani"
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Item O Acorveamento de Poe : um estudo sobre como tradição e tradução se inter-relacionam.(2014) Brito, Pedro Alves de Oliveira; Galery, Maria Clara VersianiO gênio perturbado; a escrita desleixada; a grandiloquência vulgar: a despeito das tentativas de T. S. Eliot de se definir a posição de Edgar Allan Poe no cânone literário universal, ele é admitido como um dos maiores expoentes da literatura norte-americana, muito embora sua aceitação como grande poeta esteja longe de ser unânime. Do presente trabalho, consta, precisamente, a introdução e o desenvolvimento do conceito de acorveamento, utilizando como ponto de partida os pressupostos da teoria de polissistemas de Itamar Even-Zohar. Em seguida, considerando a tradução da obra poética de Poe para o português, apresentaremos a análise dos poemas The Raven, Annabel Lee e Alone, e suas respectivas traduções, feitas por Machado de Assis, Fernando Pessoa, Augusto de Campos e Milton Amado, à luz da concepção artística do próprio Poe. A obra poética do autor, ao longo dos tempos, tornou-se alvo de inúmeras traduções – cuja repercussão veio com um efeito retroalimentador. Organizando um estudo sistemático dessas traduções, este trabalho apresenta a extensão da influência de Edgar Poe nas literaturas para as quais sua obra foi traduzida, e de que forma sua obra entrou nas literaturas de chegada.Item Blackface : Otelo nas faces de Orson Welles e Laurence Olivier.(2017) Sena, Thaís Lima e; Galery, Maria Clara Versiani; Galery, Maria Clara Versiani; Muniz, Kassandra da Silva; Oliveira, Natália Fontes deThe Tragedy of Othello, the Moor of Venice, uma das grandes tragédias de Willian Shakespeare, foi encenada pela primeira vez em 1604. Do mesmo modo que Shakespeare bebeu de várias fontes para escrever sua obra, as peças são alvo das mais variadas formas de adaptação. As questões abordadas pelo dramaturgo na peça Otelo e os motivos que o levaram a abordá-las tornam-se claros no momento em que entendemos o contexto social e cultural em que ele estava inserido. A obra de Shakespeare passa a ser disseminadora de significados culturais a partir de sua produção e, posteriormente, através de suas adaptações em outros tempos em outras sociedades. A estrutura do nosso trabalho tem como foco central as questões raciais desenvolvidas por Shakespeare na peça Otelo a partir da caracterização do mouro. Ademais, é sabido que no teatro elisabetano o personagem Otelo era representado através da prática do blackface. Ou seja, um ator branco que se pintava de negro para desempenhar o papel do mouro. Assim sendo, observamos que a prática conhecida como blackface — termo que tomamos emprestado dos blackface minstrel shows americanos — na representação do personagem do mouro ocorre tanto nas encenações renascentistas da peça, quanto nas adaptações fílmicas que foram escolhidas para serem analisadas neste trabalho, a saber, o filme Othello de 1952, dirigido e estrelado por Orson Welles, e o de 1965, protagonizado por Laurence Olivier. O cerne de nossa pesquisa se concentra na análise do personagem Otelo a partir das formas de representação dele, o que implica nas construções do negro no meio social. Assim sendo, examinaremos como essas representações do personagem foram elaboradas dentro do contexto histórico de cada adaptação tendo em vista a prática do blackface.Item Cautionary Tales alemães no Brasil – uma leitura das traduções de Der Struwwelpeter, de Heinrich Hoffmann, e Max Und Moritz, de Wilhelm Busch.(2018) Braga, Daniela Medeiros da Cunha; Galery, Maria Clara Versiani; Galery, Maria Clara Versiani; Gonçalves, José Luiz Vila Real; Ávila, Myriam Corrêa de AraújoO objetivo do presente texto é apresentar uma análise das traduções e retraduções para o português do Brasil de dois grandes clássicos da literatura infantil alemã: Der Struwwelpeter, de Heinrich Hoffmann, e Max und Moritz, de Wilhelm Busch. O trabalho de análise se pautou em teorias de grandes nomes dentro do campo de estudos da tradução, como Walter Benjamin, Laurence Venuti, Itamar Even-Zohar, Antoine Berman. A ênfase da discussão foi dada à aplicação dos conceitos de domesticação e estrangeirização da tradução, trabalhados por Venuti, nas traduções dos textos de partida que constituem o corpus dessa dissertação. Além disso, o texto procurou elencar, de forma descritiva e elucidativa, características particulares aos cautionary tales, gênero literário infantil com caráter admoestador a que pertencem as obras alemãs em questão. O gênero, bastante difundido pela Europa do fim do séc. XIX e princípio do séc. XX, foi abordado nesta dissertação em um trabalho de comparação com outros tipos de textos clássicos destinados ao público infantil, como contos de fadas e fábulas.Item Considerações em torno do espectador, do olhar e da representação do feminino.(2004) Galery, Maria Clara VersianiEste artigo propõe uma discussão do olhar do espectador no cinema e no teatro, particularmente no que se refere à representação do feminino. Examina o ensaio de Laura Mulvey, “Prazer visual e cinema narrativo” e estabelece uma relação entre suas idéias, o teatro brechtiano e representações de gênero. Discute performances de gênero em relação ao teatro shakespeariano.Item Contracultura e contramemória em Os Subterrâneos, de Jack Kerouac.(2014) Silva Junior, Sávio Augusto Lopes da; Galery, Maria Clara VersianiEste trabalho pretende analisar a obra literária Os subterrâneos, do autor norte-americano Jack Kerouac, tendo como base os termos contramemória e contracultura. A expressão contramemória foi cunhada por Aleida Assmann (2011), que observa a forma como a literatura constrói uma memória formada a partir de descartes dos arquivos da cultura oficial. Estes descartes nos remetem ao bebop, estilo de jazz muito presente na obra analisada e famoso por sua agilidade que destoa do jazz comercial. A corrente bebop, por muito tempo, foi apreciada por um público muito específico, criando assim uma forma de contracultura. O termo contracultura – cunhado por Theodore Roszak (1972) e, posteriormente, apropriado por diversas manifestações culturais – define culturas que vivem às margens da sociedade e que se opõem à cultura dominante, tida como opressora. O romance Os subterrâneos, publicado pela primeira vez em 1958, trata do envolvimento do narrador Leo Percepeid – codinome de Jack Kerouac – e Mardou Fox, integrante genuina da cultura do bebop jazz, marginalizada e de origens afro-americana. Em meio ao cenário boêmio de North Beach em São Francisco, Percepeid permeia uma cultura que lhe é estranha, visto que este é integrante da classe media branca norte-americana. As diferenças sociais e culturais do casal criam uma constante tensão, relacionada à marginalização vivida por Mardou Fox e a cultura a qual ela faz parte. Este trabalho também busca resgatar parte da herança literária de Jack Kerouac para observar a forma como o cânone se mistura à contracultura presente em seu romance. Acredita-se que essa mistura entre alta cultura e marginalização busque legitimar a contracultura, expandindo o cânone literário e inserindo-a no arquivo da contramemória.Item A dança invisível : olhar, desejo e transgressão em Salomé, de Oscar Wilde.(2015) Galery, Maria Clara VersianiO artigo em tela propõe uma discussão de Salomé, peça de teatro escrita por Oscar Wilde no final do século XIX. O texto é enfocado como criação anômala na extensa obra literária do autor irlandês, por ter sido escrito inicialmente em francês e também por estar inserido no contexto e estética decadentistas do fin de siècle parisiense. Salomé é analisada como obra transgressora do modernismo pelos excessos de sua linguagem poética, bem como pela temática erótica. Questões ligadas ao olhar e ao desejo são desenvolvidas no artigo. Propõe-se, ainda, examinar alguns elementos da montagem da peça dirigida por Steven Berkoff, enfocando sobretudo a encenação da dança dos sete véus.Item Do íntimo ao público : adaptação de textos não dramáticos para o teatro.(Programa de Pós-Graduação em Letras. Departamento de Letras, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2012) Oliveira, Juliano Mendes de; Galery, Maria Clara VersianiEste trabalho oferece argumentos teóricos e reflexões práticas que fundamentam a adaptação artística de obras não dramáticas para sua encenação teatral como obra de arte em si. Para tanto, define a adaptação como um processo normalmente dividido em três textos distintos: a obra adaptada, denominada T1; o texto-adaptação, T2; e o produto adaptação, T3. A fundamentação teórica da pesquisa realizada foi composta pela Teoria da Adaptação, por alguns apontamentos da Teoria da Tradução – em especial, da tradução intersemiótica – e pela Semiologia Teatral. Em um primeiro momento, apresentam-se conceitos norteadores desse processo, para se entender a adaptação como um todo articulado. Propõe-se, então, a metáfora lastro, como uma regulação específica da adaptação de obras não dramáticas para o teatro. Em seguida, apresenta-se o Diagrama Geral das Adaptações, uma ilustração desse processo. Após, analisase cada um dos componentes desse processo, individualmente, para se traçar um panorama específico, com referenciais teóricos e práticos que fundamentam sua proposição. Por fim, analisam-se três montagens teatrais elaboradas a partir de obras não dramáticas pelo Grupo Residência, núcleo de pesquisa cênica de Ouro Preto, a saber: Os Cadernos (2001), elE, o Outro (2002) e Rato do Subsolo ou o Ódio Impotente (2009). Como resultado, o processo de adaptação de obras não dramáticas para o teatro é apresentado como uma atividade viva, necessariamente criativa, e não subordinada a um texto de origem.Item Do micondó ao mangue : desenterrar a dolorosa raiz de Conceição Lima.(2018) Aleixo, Camila Dias de Souza Christo; Amorim, Bernardo Nascimento de; Galery, Maria Clara Versiani; Moreira, Wagner José; Amorim, Bernardo Nascimento deEsta pesquisa compartilha a leitura de alguns poemas encontrados na coletânea A dolorosa raiz do micondó (2006), de autoria da escritora e jornalista Conceição Lima, natural de São Tomé e Príncipe. Com o intuito de pluralizar tal leitura, tentou-se aproximar sua poesia e as reflexões suscitadas pelo testemunho na literatura de fatos históricos marcados pela catástrofe, em especial, mas não somente, os datados no decorrer do século XX. A poesia e sua linguagem funcionam, dentro dessa abordagem, como espaço generoso para a lida com o passado e suas dores. Dos 27 poemas da coletânea, alguns foram ofertados como testemunhos poéticos da escritora. Foram esses registros que tornaram possível a busca pela dolorosa raiz, as diferentes tentativas de trazê-la à superfície. Os caminhos percorridos durante a leitura expuseram de maneira crítica as realidades que Lima resgata para compor sua obra, como a do africano, como a do são-tomense, como sua própria, enquanto escritora e jornalista atenta ao seu tempo e às mazelas a ele pertinentes.Item Ficções do eu : o cinema autobiográfico de Jean Eustache.(2017) Maciel, Romero Fidelis de Souza; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Galery, Maria Clara Versiani; Said, Roberto Alexandre do Carmo; Maciel, Emílio Carlos RoscoeA presente dissertação visa analisar o gesto autobiográfico nas narrativas cinematográficas de Jean Eustache. Dono de uma série de experimentos que vão de curtas metragens, passando pelo documentário, até longas de ficção, o autor em questão, ao mesmo tempo em que se insere na linhagem das narrativas ditas autobiográficas, rompe com o princípio de sistematização do eu em sua filmografia pulverizando-o em filmes de dicção variada, embaralhando gêneros, de forma que fique a cargo do espectador o trabalho de construir a teia de referências autobiográficas. Por mais que isso transpareça um atestado de caos pela falta de unidade em sua obra, é interessante perceber como seu cinema aponta para uma subjetividade que prefere converter a própria fragmentação numa assinatura estilística consciente. Entender de que maneira Eustache se representa no campo da autobiografia, ao colocar a prova suas fronteiras, é o propósito desta análise.Item Hijacked by History : The Merchant of Venice, George Tabori and the Memory of the Holocaust.(2020) Galery, Maria Clara VersianiThis article considers Shakespeare’s The Merchant of Venice as a work singularly transformed by the events of the Holocaust, in such a way that stagings of the play are often turned into pretexts for remembrance. It discusses the play as an archive of trauma, and reflects on whether it may provide testimony for the atrocities committed during the war. To this end, the article provides an inquiry into different perspectives of trauma and its representation, relying on Giorgio Agamben’s explorations of the aporia of bearing testimony, and on Shoshana Felman’s notion of testimony as a performative speech act. Finally, this work looks at three different adaptations of Shakespeare’s play in the second half of the 20th century by George Tabori (1914-2007), a Jewish Hungarian playwright and director.Item A história como um pesadelo feminino : uma análise de The Handmaid’s Tale e The Testaments, de Margaret Atwood.(2023) Gonçalves, Aline Machado; Galery, Maria Clara Versiani; Galery, Maria Clara Versiani; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Oliveira, Natália Fontes deNessa dissertação intitulada “A história como um pesadelo feminino” são analisados os romances distópicos The Handmaid’s Tale e The Testaments da escritora canadense Margaret Atwood publicados, respectivamente, em 1985 e 2019. O objetivo é mostrar como o texto atwoodiano sugere a história como pesadelo feminino. Partindo da concepção de intertextualidade como “memória da literatura”, foram mobilizadas diferentes referências históricas e tradições literárias com as quais os romances dialogam. Por isso, a dissertação foi dividida em quatro capítulos. No primeiro, apresenta-se como a recepção crítica analisa as obras e destaca-se como a questão étnico-racial no Gileadverso, isto é, no universo fictício de Gilead, vem sendo esquecida. No segundo, discute-se a inserção das distopias estudadas na tradição utópica e distópica e a subversão empreendida pelo texto atwoodiano quanto à representação feminina nessa tradição. Destaca-se, além disso, como a sátira é um elemento presente na gênese da utopia enquanto gênero. No terceiro capítulo, mobiliza-se as discussões de Maurice Halbwachs, Michael Pollak, Aleida Assmann, Paul Connerton, e Jan Assmann e conceitos como os de “memória individual”, “memória coletiva” e “memória cultural” para mostrar como um Estado pode, intencionalmente, interferir e manipular as memórias dos indivíduos que nele vivem, qual é o caso do fictício Estado totalitário fundamentalista misógino de Gilead. No quarto capítulo, partindo dos trabalhos de Giorgio Agamben e Paul Ricoeur, discute-se quem são testemunhas de eventos históricos e como elas podem (ou não) ter seus relatos validados. Ainda nesse capítulo, questiona-se com o auxílio de Joan Scott, Gayatri Spivak e Michelle Perrot o discurso acadêmico da presumida “transparência” na prática científica que esconde posturas fortemente ideológicas e, muitas vezes, misóginas. Conclui-se que a história como um pesadelo feminino não é uma exclusividade das narradoras, sendo uma referência ao tratamento dispensado às testemunhas femininas ao longo do tempo.Item "I will love you dear" : usura e desejo em O Mercador de Veneza.(2006) Galery, Maria Clara VersianiEste trabalho propõe uma discussão do Mercador de Veneza, de William Shakespeare, enfocando caracterizações de Shylock no palco e no cinema. A análise aqui desenvolvida aborda os temas de anti-semitismo e homoerotismo.Item “Let me in!” : narrativa, identidade e olhar em Wuthering Heights.(2018) Andrade, Raquel de Matos; Galery, Maria Clara Versiani; Perpétua, Elzira Divina; Oliveira, Natália Fontes de; Galery, Maria Clara VersianiLet me in! (“Deixe-me entrar!”) é o grito de Cathy, fantasma que vaga solitária pela charneca, e que quer entrar em Wuthering Heights. Porém, é também o grito do outsider que gostaria de ser incluído; da mulher que quer ser parte da sociedade, tendo escolhas e oportunidades; da mulher que quer acesso à educação, aos livros, à escrita, ao poder de olhar (e não apenas ser olhada); da mulher que quer usar a sua voz, sem precisar de um pseudônimo masculino ou de um narrador intermediário que controle o fluxo e o tempo de sua fala. Muito mais do que uma história de amor, Wuthering Heights parece ser uma narrativa de busca por inclusão, por identidade e por autonomia. Neste trabalho, busco encontrar no romance de Emily Brontë e em três de suas adaptações fílmicas (1939, 1992 e 2011) elementos que corroborem a ideia de que tanto a autora quanto os diretores mostram, por meio de suas obras, elementos das sociedades que lhes são contemporâneas. Para isto, recorro à Aleida Assmann e Halbwachs, entre outros teóricos, e busco elementos feministas e pós-coloniais no romance e nos filmes, para compreender como a arte traz em si aspectos das sociedades nas quais está inserida. O outsider visto em Heathcliff e o filme de Andrea Arnold (2011) parecem dialogar com estudos pós-coloniais, considerando o personagem de Brontë como um possível imigrante. O casamento de Cathy, no qual ela encontra sua decadência física e emocional, a relação das mulheres com a linguagem e o olhar, são aspectos que estão presentes no romance e nas adaptações e parecem mostrar essa busca por aceitação, autonomia e inclusão.Item Na cidade historiada : justiça e outros conflitos em O Mercador de Veneza, de William Shakespeare.(2019) Galery, Maria Clara VersianiNa época em que Shakespeare escolheu Veneza para cenário de Otelo e O Mercador de Veneza, a cidade-república correspondia aos ideais renascentistas de liberdade e estabilidade. Descobertas no âmbito da geografia e da astronomia exigiam uma reavaliação do lugar ocupado por mulheres e homens na nova concepção do universo. Este ensaio pretende refletir sobre a Veneza mítica do imaginário shakespeariano, uma paisagem simbólica, menos física e concreta que ideológica. Nesse sentido, o trabalho recorre ao conceito foucaultiano de heterotopia para ilustrar como, na representação da cidade, se projetavam os anseios de uma época. Aqui, a jurisprudência é de importância central.Item A representação da mulher-mãe : a desconstrução da memória cultural da figura materna em Precisamos falar sobre o Kevin, de Lionel Shriver.(2022) Souza, Bárbara Ramos; Amorim, Bernardo Nascimento de; Amorim, Bernardo Nascimento de; Galery, Maria Clara Versiani; Nogueira, Adelaine LaguardiaPrecisamos falar sobre o Kevin, romance epistolar de Lionel Shriver, publicado originalmente em 2003, e no Brasil em 2007, conta a história de Eva Khatchadourian: uma mulher independente, que acaba se tornando mãe, mesmo sem nunca ter desejado, e vivencia a maternidade de forma traumática. Seu filho, Kevin, comete um crime brutal: um assassinato em massa no colégio em que estudava, três dias antes de completar dezesseis anos. A obra não foca no crime cometido pelo filho, mas na narrativa de uma mãe que rompe o silenciamento imposto às mulheres-mães por meio da escrita de suas cartas, ao dizer o indizível, quando o assunto é maternidade. O presente trabalho objetiva analisar a desconstrução do estereótipo oriundo da memória cultural socialmente construída acerca da maternidade e da figura da mulher-mãe, a partir da personagem Eva Khatchadourian, considerando as mudanças da concepção de maternidade e a ideologia maternalista, a relação entre memória e identidade, o trauma e a escrita de si, assim como certas características próprias do romance epistolar. Considerando-se o potencial da literatura em incitar reflexões sobre os mais variados assuntos, o romance de Lionel Shriver é de grande relevância para que o leitor, que internaliza o ideal socialmente propagado, possa pensar sobre a maternidade como forma de opressão, que serve como uma importante ferramenta para a manutenção da desigualdade entre homens e mulheres, e, por conseguinte, do patriarcado.Item Romance de Romeu e Julieta : tradução, memória e cultura popular.(2006) Galery, Maria Clara VersianiEste artigo examina as semelhanças entre memória e tradução, ao mesmo tempo em que tece uma reflexão sobre o problema da identidade cultural. O conto de Jorge Luis Borges, “La memoria de Shakespeare”, é explorado como um pretexto para a discussão do convívio entre duas tradições, a erudita e a popular. Valendo-se do conceito de transculturação, este artigo demonstra como o folheto de literatura de cordel Romance de Romeu e Julieta adapta um enredo que Shakespeare tornou conhecido, transportando-o para o contexto do nordeste brasileiro.Item Samuel Beckett e a tarefa do autotradutor.(2016) Arantes, Júlia de Melo; Galery, Maria Clara Versiani; Galery, Maria Clara Versiani; Agnolon, Alexandre; Magalhães, Célia MariaEsta dissertação investiga o processo tradutório de Samuel Beckett em En attendant Godot/ Waiting for Godot, sua primeira peça publicada e também a mais famosa. Esta pesquisa considera a tradução como intrínseca à comunicação humana, levando-se em conta o aspecto performativo da linguagem. O estudo do processo criativo e da tradução beckettiana nos permite analisar como o autor e dramaturgo realiza a tarefa da autotradução, não apenas no nível linguístico, mas também dos livros para os palcos, como diretor de suas próprias peças. A autotradução também é vista como um processo de se traduzir entre línguas e culturas: como irlandês morando na França, Beckett muitas vezes escolheu escrever as primeiras versões de suas obras em francês, sua segunda língua, antes de traduzi-las para o inglês. Em sua discussão sobre a autotradução, este trabalho concentra-se em uma análise da peça como uma obra bilíngue e propõe que entre as versões francesa e inglesa dos textos de Beckett, um espaço intersticial emerge, formando um terceiro texto. Dessa maneira, o estudo da obra bilíngue leva em conta a noção beckettiana de unword, um conceito que remete à "pura língua" de Walter Benjamin. A leitura comparada das versões francesa e inglesa também permite a investigação da iterabilidade como tema e método no processo criativo de Beckett, no qual a autotradução é vista como uma forma de autorrepetição. A peça também é analisada como uma metáfora do exílio e como uma representação do estado desolado da condição humana no contexto do pós-guerra. Nesse sentido, o espaço intersticial ou entre-lugar é representado no palco quase vazio da peça, que simboliza uma espécie de limbo, onde as personagens estão eternamente à espera de Godot. Esta pesquisa conclui que Beckett escolheu a autotradução principalmente como um meio artístico para repetir, continuar e expandir sua própria arte, de forma que o significado de sua obra bilíngue depende da soma dos três textos: original, tradução e o terceiro texto, ou texto metalinguístico.Item Smithy of my [Irish] soul : a forja da identidade nacional em “The Dead” de James Joyce e na adaptação fílmica feita por John Huston.(2015) Figueiredo, Mariana Luísa de; Galery, Maria Clara VersianiO presente estudo discute a importância da identidade nacional irlandesa e sua caracterização tanto no conto “The Dead”, de James Joyce, quanto na sua adaptação fílmica homônima dirigida por John Huston em 1987. A cidade de Dublin, a Irlanda e James Joyce se apresentam indivisíveis na experiência de ler um dos seus livros de uma forma um pouco mais plena. Também assim se descobre a identidade, mais especificamente, a identidade irlandesa, como primordial para a compreensão de sua obra. A problematização da identidade nacional é, no entanto, ainda mais salientada em “The Dead”, o último dos quinze contos de Dubliners considerado por Joyce como um capítulo na história moral da Irlanda. A adaptação fílmica de 1987 é onde Joyce e Huston se encontram e problematizam questões relacionadas à nacionalidade irlandesa. Embora o cineasta fosse de ascendência irlandesa e se considerasse Irishman, sua carreira artística internacional esteve vinculada ao país onde nasceu, os Estados Unidos. Joyce e Huston ambos optaram pelo autoexílio, espaço onde suas identidades nacionais eram reconfiguradas. O arcabouço teórico para a discussão proposta foi construída a partir de conceitos desenvolvidos por Stuart Hall, Homi Bhabha e Benedict Anderson. Os conceitos de identidade propostos por esses autores caracterizam a identidade nacional como algo passível de constante reflexão e ressignificação.Item A tradução cultural do sujeito diaspórico nas obras intérprete de males e terra descansada, de Jhumpa Lahiri.(2019) Almeida, Débora Pereira Miranda de; Galery, Maria Clara Versiani; Rodrigues Júnior, Adail Sebastião; Oliveira, Natália Fontes de; Galery, Maria Clara VersianiIntérprete de Males e Terra Descansada são duas coletâneas de contos de Jhumpa Lahiri, em que a autora pós-colonial narra sobre sujeitos que vivem no entre-lugar. As histórias geralmente passam entre a Índia e os Estados Unidos. A estrutura do nosso trabalho tem como objetivo principal investigar a tradução cultural do sujeito diaspórico e a construção da sua identidade no terceiro espaço. Para isso, será feita uma análise de alguns contos das duas obras. Utilizaremos como apoio teórico as ideias de Stuart Hall, Homi Bhabha, Ania Loomba, Sandra Regina G. Almeida, Salman Rushdie, Edward Said, Eva Hoffman, Zygmunt Bauman, Avtar Brah, entre outros teóricos da área dos Estudos Culturais. A dissertação aborda questões pertinentes ao mundo pós-colonial, tais como: hibridismo, exílio, imigração, identidade e tradução cultural.Item Vazio ávido : negatividade e autorreflexividade em Dias Felizes, de Samuel Beckett.(2017) Ferreira, Gleydson André da Silva; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Galery, Maria Clara Versiani; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Ávila, Myriam Corrêa de AraújoA presente pesquisa trata da influência do romance sobre o drama Dias felizes de Samuel Beckett. Para tanto, adota uma perspectiva dialética, que debate o contágio dos gêneros na modernidade, com a prevalência do romance. O romance é tomado, pois, como dominante, assimilado por Dias felizes. Mais especificamente, elenca-se a voz narrativa da protagonista como manifestação épica em cena. Destaca-se, assim, como a paralisia cênica decorre de ações que partem e ocorrem em uma subjetividade isolada; posta em destaque em relação às outras personagens. Características que, em linhas gerais, pertencem ao drama moderno. Todavia, para a análise de seu objeto, este estudo propôs uma maior aproximação com a teoria do romance. Objetivou-se, por conseguinte, analisar fenômenos cênicos, estranhos à tragédia clássica, como manifestações romanescas, advindos sobretudo da cisão entre sujeito e objeto. Por essa via, Dias felizes foi examinado por meio dos deslocamentos subjetivos de sua protagonista, bem como pelo rearranjo de suas memórias.