A potência mediadora do testemunho na configuração dos relatos jornalísticos sobre a violência contra mulheres na série Um vírus e duas guerras.
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Data
2022
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Resumo
O trabalho aborda o papel do testemunho em narrativas de violência contra as mulhe-
res em todo território nacional. Ao entender que tal violência se constitui de forma
sistêmica e está intimamente vinculada às hierarquias de poder de caráter patriarcal
arraigadas na sociedade, e que precisam ser denunciadas para que o futuro possa ser vislumbrado
de outra maneira, realizamos uma leitura de várias reportagens que trazem a cobertura dessa vio-
lência em 2020. A série, denominada Um vírus e duas guerras, foi veiculada a partir de uma espécie
de consórcio, formado por sete mídias parceiras, que atuam fora do circuito mainstream do jor-
nalismo: Amazônia Real, Agência Eco Nordeste, #Colabora, Portal Catarinas, Ponte Jornalismo,
AzMina e Marco Zero Conteúdo. Tendo como eixo de discussão o “texto testemunhal” (Frosh,
2009), temos como objetivo compreender, a partir das falas das vítimas, profissionais de apoio,
familiares e dos próprios jornalistas, os modos como as lógicas patriarcais e as nuances específicas
do contexto brasileiro emergem de forma a complexificar esse problema público, evidenciando
uma prática jornalística menos afeita a uma perspectiva presentista, além de revelar a relevância
do testemunho no jornalismo. Compreendemos, portanto, a potência do aspecto testemunhal nas
produções sobre violência como um importante gesto interpretativo que permite que um episódio
temporalmente localizado de violência se insira em um continuum de permanências e rupturas. E
é exatamente esse continuum que configura a dimensão estrutural da violência de gênero. Nessa
perspectiva, entendemos que o testemunho midiático amplia a noção de testemunho no jornalis-
mo ao envolver produtores e receptores em uma experiência comunicacional que garante outros
tipos de acesso ao que está sendo noticiado. Consideramos ainda que é possível complementar
os dados e informações disponíveis com os testemunhos de quem convive e/ou conviveu com
a violência de forma direta ou indireta, garantindo, assim, a identificação das recorrências e dos
ciclos que se repetem, o que pode contribuir para fomentar a discussão sobre políticas públicas de
prevenção à violência contra as mulheres no Brasil.
Descrição
Palavras-chave
Violência de gênero, Decolonialidade
Citação
MAIA, M. R.; BARRETOS, D. do C. A potência mediadora do testemunho na configuração dos relatos jornalísticos sobre a violência contra mulheres na série Um vírus e duas guerras. Sur le Journalisme, v. 11, n. 2, 2022. Disponível em: <https://revue.surlejournalisme.com/slj/article/view/491>. Acesso em: 01 mar. 2023.