Disciplina e indisciplina na sala de aula : o que pensam as famílias?

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar como as famílias compreendem e explicam o fenômeno da indisciplina na escola escolhida, e quais seriam os fatores, que para eles justificariam os atos indisciplinados dentro do ambiente escolar. O trabalho se apoia em um conjunto de autores ligados à Sociologia da Educação, tais como Bernard Lahire, Daniel Thin, Estrela, Anette Lareau, Pedro Silva, Aquino, Luciano Silva e Pierre Bourdieu, entre outros. O estudo foi realizado a partir do método qualitativo. Para efetivar a investigação foram entrevistadas 9 famílias, dos 9 alunos classificados dentro do quadro (Q-HAE). A escolha foi feita mediante às considerações apontadas pelos alunos da turma entrevistada, sendo consideradas todas as respostas até finalizar o grupo que seria utilizado nesta pesquisa. Os estudantes estão matriculados no sétimo ano de uma escola pública localizada na região central da cidade Mariana, Minas Gerais. Para tanto, foram utilizadas as seguintes técnicas: Montagem do Quadro de Heteroclassificação e Autoclassificação dos Estudantes Segundo o Comportamento Disciplinar em Sala de Aula (Q-HAE). Para realizar a análise dos dados obtidos com o Q-HAE, foi elaborado um quadro com três colunas em que foi possível identificar a quantidade de vezes em que cada estudante foi classificado/a pôr seus pares e a forma como ele/ela próprio/a se classificou, além da aplicação de entrevista semiestruturada. O preenchimento do quadro foi feito pela entrevistadora mediante às respostas dos alunos entrevistados. Como resultados destacamos: a) as famílias compreendem o que é indisciplina, e esta compreensão vai ao encontro com as proposições dos autores utilizados na pesquisa; b) algumas famílias, assim como alguns estudiosos da educação e o corpo docente, ainda culpabilizam as próprias famílias pelos comportamentos de indisciplina que existem na escola; c) todos os pais participam da vida de escolar dos filhos, desmistificando a omissão parental acreditada por alguns autores; d) É importante destacar que as famílias não são desinteressadas sobre o que eu seus filhos fazem na escola, o chamado mito da omissão parental. Nas entrevistas, todas as famílias disseram que conversam muito com seus filhos e usam de castigos para corrigi-los e até fazem ameaças de castigos físicos. Logo, não ficou evidente o que uma família faz de diferente da outra.