Estudo fitoquímico da fração metanólica do extrato etanólico das folhas e avaliação da atividade anti-inflamatória e antinociceptiva de Campomanesia velutina (Cambess.) O. Berg.

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Data
2011
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Editor
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. CIPHARMA, Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
As espécies do gênero Campomanesia (Myrtaceae), popularmente conhecidas como gabiroba ou guavira, são utilizadas na medicina popular para o tratamento de diversas condições clínicas, incluindo inflamação e reumatismo. Apesar do uso tradicional destas espécies, não existem estudos que corroborem sua utilização para esta finalidade. Assim, este trabalho teve como objetivo pesquisar a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva do extrato etanólico de Campomanesia velutina e de suas frações acetato de etila e metanólica, bem como realizar o estudo fitoquímico da fração metanólica desta espécie vegetal. No estudo fitoquímico, o extrato etanólico bruto (EB) das folhas de C. velutina foi submetido à cromatografia em coluna de filtração originando as frações hexânica (FH), acetato de etila (FA) e metanólica (FM). Do fracionamento cromatográfico de FM foi isolado o flavonol miricetina 3-O-ramnosídeo. Com o objetivo de avaliar a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva de EB, FA e FM, os mesmos foram submetidos aos métodos in vivo de edema de pata induzido pela carragenina, contorções induzidas pelo ácido acético e placa quente. No método do edema de pata induzido pela carragenina, EB, FA e FM foram administrados por via oral nas doses de 100 e 300 mg/kg e o edema mensurado antes e 3, 6 e 24 h após a administração da solução de carragenina. EB e FA, nas duas doses avaliadas (100 e 300 mg/kg), bem como FM na maior dose (300 mg/kg) inibiram significativamente a formação do edema. A partir da terceira hora foi observada uma redução gradativa no edema desenvolvido para EB (100 mg/Kg; D% 28,53 ± 5,03; 300 mg/kg, D% 26,84 ± 4,79), FA (100 mg/Kg; D% 31,58 ± 8,46; 300 mg/kg, D% 15,02 ± 4,43) e FM (100 mg/Kg; D% 40,21 ± 4,58; 300 mg/kg, D% 19,79 ± 2,89), enquanto para o grupo não tratado esta variação foi de 54,70% ± 8,95. O efeito observado foi comparável ao fármaco padrão, a indometacina (27,32% ± 3,76). No tempo 6 h, foi observada uma menor variação percentual da espessura das patas em todos os grupos. Vinte e quatro horas após a administração da carragenina houve uma acentuada redução no tamanho do edema desenvolvido em todos os grupos. No método de contorções abdominais, EB na dose de 300 mg/kg e FA nas duas doses avaliadas (100 e 300 mg/kg) produziram redução significativa no número de contorções com 84,01%, 65,45% e 71,43% de inibição em relação ao grupo controle, respectivamente. A atividade antinociceptiva destes grupos foi similar à do fármaco padrão, a indometacina (68,66% de inibição). No método da placa quente, o tempo de latência, ou seja, o tempo necessário para que os animais reagissem ao estímulo nociceptivo provocado pelo calor, foi mensurado antes e 30, 60 e 120 minutos após a administração das soluções do extrato, frações, veículo e morfina (fármaco padrão). A administração por via oral de EB, FA e FM não produziu um aumento significativo nos tempos de latência em relação à observação inicial, indicando que a atividade antinociceptiva observada não envolve mecanismos centrais, sendo mediada perifericamente. O extrato etanólico bruto, suas frações acetato de etila e metanólica e as substâncias isoladas da fração metanólica miricetina 3-Oramnosídeo e S43p foram avaliadas in vitro quanto à sua capacidade de modular a produção de NO, TNF-α e IL-10 por macrófagos J774A.1 estimulados por LPS/IFN-γ. A avaliação in vitro mostrou que FA, miricetina e a substância S43p inibiram a produção de NO nos macrófagos J774A.1. A miricetina também induziu a produção da citocina antiinflamatória IL-10. Nenhuma das amostras foi capaz de inibir a produção de TNF-α. Os resultados obtidos demonstraram pela primeira vez a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva de C. velutina. Apesar dos mecanismos de ação envolvidos não terem sido completamente elucidados, parecem envolver a via do NO e da IL-10. As substâncias isoladas parecem contribuir para a atividade. Os resultados obtidos justificam o uso da espécie na medicina popular para o tratamento de condições inflamatórias e dolorosas.
Descrição
Palavras-chave
Agentes antiinflamatórios, Atividade antinociceptiva, Óxido nítrico, Interleucina 10, Fator de necrose tumoral alfa
Citação
MICHEL, M. C. de P. Estudo fitoquímico da fração metanólica do extrato etanólico das folhas e avaliação da atividade anti-inflamatória e antinociceptiva de Campomanesia velutina (Cambess.) O. Berg. 2011. 118 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2011.