Avaliação do esôfago e estômago como portas de entrada na infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi por via oral.

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2022

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A doença de Chagas é uma protozoonose endêmica na América Latina, cujo agente etiológico é o Trypanosoma cruzi. No Brasil após programa de controle do seu principal vetor domiciliar, o Triatoma infestans, o perfil epidemiológico se modificou, e após inúmeros surtos devido a infecção por ingestão de alimentos contaminados pela forma tripomastigota metacíclica, a infecção pela via oral se tornou a principal via de transmissão da doença no país. Nesse sentido, o trato gastrointestinal se tornou a principal via de entrada para o parasito, porém ainda não se sabe qual seria a porta de entrada do parasito frente a infecção pela via oral, sugere-se que seja o estômago, porém alterações foram observadas no esôfago deste estudo. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o esôfago e o estômago como possíveis portas de entrada na infecação por via oral com a cepa VL-10 do Trypanosoma cruzi em camundongos Swiss. Para isso, 130 camundongos foram distribuídos em três grupos experimentais: controle não infectado; infectado pela via intraperitoneal (VI) e infectado pela via oral (VO). Foram inoculadas nesses animais 1x105 formas tripomastigotas metacíclicas provenientes de culturas acelulares por gavagem incompleta (VO) ou por via intraperitoneal (VI). Foram realizadas eutanásias nos dias 14 e 21 após a infecção (DAI), onde foram coletados fragmentos do esôfago e do estômago, obtendo então curva de parasitemia e a taxa de sobrevida; a fenotipagem de células mononucleares (monócitos e linfócitos T CD8 + ) do sangue periférico por citometria de fluxo; o parasitismo tecidual pela técnica de PCR em tempo real; o processo inflamatório, por meio da coloração de Hematoxilina-Eosina; a quantificação de glicoproteínas por meio da coloração; e a dosagem das citocinas IL-10, IFNγ e TNF no estômago por CBA (Cytometric Bead Array). Em ambos os grupos o pico de parasitemia ocorreu no 17° DAI, a taxa de sobrevida no grupo VIP foi de 7,23%, já no grupo VO observou-se uma taxa de 23,40%, no 28° DAI. No que se diz respeito a resposta imune, observou-se aumento de monócitos em ambos os grupos no 14° e 21° DAI, já para os linfócitos T CD8+ foi observado que independente da via de inoculação houve um aumento no percentual dessas células no 21º DAI. Além disso observa-se um aumento no 21° DAI quando comparado ao 14° DAI no grupo VI. O parasitismo no estômago foi maior no 14° DAI do grupo VI quando comparado ao 14° DAI do grupo VO; já no esôfago foi observado maior carga parasitaria no grupo VO no 21° DAI quando comparado com o grupo VI. Em relação ao processo inflamatório no esôfago foi observado aumento em todos os grupos quando comparados ao grupo controle; já no estômago foi observado maior processo inflamatório no grupo VI quando comparado ao VO no 14 DAI, além disso observou-se aumento do processo inflamatório no grupo VO a partir do 14 DAI quando comparado ao 21 DAI. No que se diz respeito a quantificação de glicoproteínas foi observado queda de produção em todos os grupos com o dercorrer da infecção, sendo maior no 21 DAI. Em relação as dosagens de citocinas no estômago, não foi observada produção de IL-10 em nenhum dos grupos infectados, em realação a TNF foi observado aumento no grupo VI, não sendo observado este aumento no grupo VO, foi observado aumento da produção de IFN-γ no 14 DAI do grupo VI e no 21 DAI do grupo VO quando comparado aos animais não infectados. Diante disso, esses dados sugerem que o esôfago é a porta de entrada na infecção por via oral da doença de Chagas para o parasito nesse modelo de infecção experimental, dado as alterações no perfil parasitológico, patológico e de resposta imune em comparação com a via intraperitoneal. Além disso, este estudo revelou que a via de infecção oral resulta na alteração da produção de glicoproteínas no estômago, o que pode gerar alterações funcionais no órgão.

Descrição

Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.

Palavras-chave

Doença de Chagas, Infecção por via oral, Trypanosoma cruzi

Citação

FERRAZ, Aline Tonhela. Avaliação do esôfago e estômago como portas de entrada na infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi por via oral. 2022. 72 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.

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