Avaliação in vivo da eficácia antimalárica, toxicidade cardiovascular e neurocomportamental do arteméter por via oral veiculado em nanocápsulas.

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2017

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O arteméter (ATM) é um antimalárico utilizado clinicamente em combinação (ATC) com outros antimaláricos (WHO, 2016). Apresenta meia vida plasmática curta, baixa biodisponibilidade por via oral e toxicidade cardiovascular e neurológica, entre outros efeitos adversos. Nanocápsulas de poly-ε-caprolactona veiculando ATM (ATM-NC) foram desenvolvidas e caracterizadas anteriormente. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia antimalárica in vivo e os efeitos cardiovasculares e neurocomportamentais de ATM-NC administrado por via oral em comparação ao ATM em sua forma livre. Foram utilizados camundongos C57BL6 fêmeas previamente infectados por Plasmodium berghei para a avaliação da eficácia antimalárica e machos para a avaliação dos efeitos cardiovasculares e neurocomportamentais. Os animais foram tratados por via oral, duas vezes ao dia por 4 dias com veículo (sorbitol/carboximetilcelulose) ou NC branca, ATM livre ou ATM-NC, nas doses de 40, 80 e 120 mg/kg. ATM-NC (120 mg/kg) aboliram a parasitemia e promoveram a sobrevida de 100 %. Para avaliar a cardiotoxicidade foram realizados: 1) eletrocardiograma (ECG) na derivação periférica II antes e após o tratamento em camundongos anestesiados, não infectados e infectados. O ATM livre induziu cardiotoxicidade evidenciado pelo prolongamento dos intervalos QT e QTc. Para a maior dose estudada (120ºmg/kg), em camundongos não infectados, ATM-NC impediu estes prolongamentos em 34 % e 30 %, respectivamente, comparado ao ATM livre. Nos camundongos infectados, ATM-NC também reduziu o prolongamento dos intervalos QT e QTc em 28 % e 27 %, respectivamente. 2) Ecocardiograma (ECO) foi realizado em camundongos não infectados e tratados com ATM livre e ATM-NC na dose de 120 mg/kg. Para este estudo não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos avaliados. Os cardiomiócitos de camundongos previamente tratados com a dose de 120 mg/kg foram isolados e avaliados in vitro 3) sob estimulação em campo (1 Hz) em sistema Ionoptix para o transiente de Ca2+ e contratilidade do sarcômero, 4) em sistema patch-clamp para o potencial de ação (PA) e a corrente nos canais de Ca2+. O ATM livre reduziu o transiente de Ca2+ em 41 %, o Ca2+ diastólico em 12 % e a porcentagem de encurtamento do sarcômero de 4,6 % (controle) para 3,1 %. Além disso, o ATM livre causou o prolongamento do PA comparado ao veículo (350,0 ± 49,3 ms e 137,7 ± 20,5 ms, respectivamente). 5) Cardiomiócitos de camundongos não tratados foram isolados e incubados com ATM livre nas concentrações 0,1; 1 e 10 µM. ATM livre 10 µM reproduziu os efeitos sobre Ca2+ observados nos cardiomióciotos dos camundongos tratados, assim indicando efeitos cardiotóxicos. Por outro lado, ATM-NC não causou nenhuma alteração significativa em nenhum dos parâmetros avaliados. A avaliação da neurotoxicidade foi realizada em camundongos não infectados e infectados. Para os camundongos não infectados o ATM livre (120 mg/kg) reduziu significativamente a capacidade de exploração nos braços abertos do labirinto em cruz elevado, indicando transtorno neurocomportamental como a ansiedade. Para animais infectados o tratamento com ATM livre (120 mg/kg) desencadeou comportamentos similares a ansiedade e diminui a capacidade locomotora dos camundongos, pois reduziu em 65 % e 67 % a capacidade exploratória dos braços abertos e fechados do labirinto em cruz elevado. ATM-NC impediu a manifestação dos efeitos neurocomportamentais em camundongos não infectados e reduziu os efeitos sobre os camundongos infectados. Concluímos que o ATM em NC apresentou eficácia por via oral e que NC são capazes de impedir ou minimizar os efeitos cardiotóxicos e neurocomportamentais causados pelo ATM em sua forma livre.

Descrição

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. CIPHARMA, Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto.

Palavras-chave

Nanocápsulas, Arteméter, Malária, Cardiotoxicidade, Neurotoxicidade

Citação

SOUZA, Ana Carolina Moreira. Avaliação in vivo da eficácia antimalárica, toxicidade cardiovascular e neurocomportamental do arteméter por via oral veiculado em nanocápsulas. 142 f. 2017. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.

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