MPEC - Mestrado Profissional em Ensino da Ciência
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Item Sabedoria nunca é muita : interlocuções promovidas entre os saberes populares envolvidos na produção de doces por moradoras de uma comunidade quilombola e a educação química.(2020) Damasceno, Cristian Júnior; Souza, Gilmar Pereira de; Flôr, Cristhiane Carneiro Cunha; Cabral, Wallace Alves; Freitas, Cláudia Avellar; Flôr, Cristhiane Carneiro Cunha; Souza, Gilmar Pereira deNeste trabalho apresentamos os saberes populares dos povos Quilombolas inseridos em um contexto de proteção e resgate de uma herança de conhecimentos em benefício da sociedade e da preservação da memória e cultura. Nosso objetivo foi investigar como os saberes populares mobilizados dentro de uma comunidade Quilombola em sua produção de doces caseiros, podem contribuir para o seu reconhecimento, valorização e o Ensino de Química. Dessa forma pensamos em elaborar um material que pudesse resgatar os saberes populares e os articulasse aos conhecimentos Químicos escolares. Após realizarmos uma revisão da literatura, percebemos que os estudos relacionados as comunidades tradicionais quilombolas, no que tange ao resgate e valorização dos seus saberes, ainda são insuficientes diante dos inúmeros saberes tradicionais que podem ser abordados em sala de aula. Por meio de entrevistas realizadas com moradoras do quilombo Vila de Santa Efigênia, no município de Mariana, estado de Minas Gerais, estabelecemos uma conexão entre saberes populares e saberes acadêmicos/escolares e, apoiados no referencial teórico-metodológico da análise de discurso de linha francesa, realizamos entrevistas com quatro moradoras da comunidade Quilombola Vila Santa Efigênia a fim de produzir um documentário sobre a produção de doces dessa comunidade e o Ensino de Química, constituindo assim o nosso corpus analítico. A partir das falas das entrevistadas estabelecemos critérios de análise e de produção dos produtos que acompanham esta dissertação. As suas falas nos remetem à complexidade discursiva da identidade periférica e quilombola que se constrói, em parte, por meio dos saberes e valores guardados e transmitidos por certos indivíduos da comunidade. A partir da perspectiva da ciência e a sabedoria tradicional carregada pelas entrevistadas tornou-se possível estabelecer relações intertextuais para a produção de uma cartilha voltada à educação Química na perspectiva de uma comunidade Quilombola. A aplicação das categorias e conceitos da linguística nos permitiu entender melhor a complexidade das identidades quilombolas criadas pelas moradoras entrevistadas e a forma como o discurso feito sobre os saberes tradicionais locais – a produção de doces caseiros – tem a ver com a própria história do espaço que a Vila Santa Efigênia ocupa na vida e no imaginário de seus moradores.