DELET - Departamento de Letras
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Item Sombras modernistas : o(s) guia(s) de Ouro Preto e a invenção do barroco mineiro.(2016) Menezes, Rebecca Marques; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Amaral, Sérgio Alcides Pereira do; Menezes, William Augusto; Amaral, Sérgio Alcides Pereira do; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Mendes, Paulo Henrique AguiarEsta dissertação de Mestrado tem como discussão motivadora a constatação de que o Guia de Ouro Prêto, de Manuel Bandeira (1938), agencia uma série de projetos - colonial, barroco, republicano, modernista - a fim de inventar (fazendo uso de sua etimologia que sugere o sentido de encontrar) argumentos para preservação de Ouro Preto. O Guia reúne esses projetos/lugares físicos e simbólicos, a começar pela narrativa fantástica dos contos de fadas na anedota que abre o livro, ao caráter oficialesco de demarcação da impregnância estatal no movimento modernista. Um dos capítulos é dedicado à passagem dos viajantes cronistas, mesmo confrontando alguns de seus comentários, o fato de figurarem no guia aponta que Bandeira foi guiado por eles, esses primeiros historiadores de nossa história colonial; outro se dedica às sombras da antiga Vila Rica, Tiradentes e Aleijadinho, as quais agenciam a noção de ― barroco mineiro‖, cunhada por Lourival Gomes Machado; além das minuciosas descrições dos templos e igrejas feitas pelo ex-estudante de arquitetura. Bandeira também funda uma tradição da ―arte de guiar‖ o passado colonial; é o que veremos na reverberação do Guia de Bandeira nos guias de Otto Maria Carpeaux, As setes cidades do ouro - Ouro Preto (2000) e Lourival Gomes Machado, ―Viagem a Ouro Preto‖ (1943), cotejados com o guia maior . Essa recuperação também pretende verificar o mapa narrativo que essa prática adquire ao longo do tempo, por meio do relato de guias que hoje atuam em Ouro Preto. Outras questões emergem ao longo da discussão, são elas: i) A condição estrangeira da escrita da nossa história (tópicas da viagem e do estrangeiro), a começar pela carta de Caminha, aos viajantes, naturalistas, ambos documentos históricos que orientaram a escrita dita oficial, até aos modernistas, influenciados pela cultura europeia. A grande alegoria dessa formação estrangeira pode ser recuperada na obra de Guimarães Rosa (1956), Recado do Morro e na de Machado de Assis, Um homem célebre, além da caricatural Macunaíma, de Mário de Andrade (1928); ii) A invenção do barroco mineiro: esse é o argumento dominante para preservação de Ouro Preto, o qual propõe um diálogo semiótico e narrativo com o estilo barroco, mas adaptado aos trópicos. Dos valores estéticos da obra de Aleijadinho à mentalidade barroca de Tiradentes, essas duas sombras congregam os valores do barroco mineiro. Esse barroco tropical também pode ser vislumbrado no texto de Darcy Ribeiro (1995) O povo brasileiro, apontando a herança barroca trazida com os povos ibéricos, e nas discussões de Raízes do Brasil, em que Sérgio Buarque de Hollanda (1936) aponta os impactos coloniais na configuração da geografia brasileira, desenhando, assim, cidades mais próximas ao modelo barroco. Dessa retrospectiva histórico-literária, por fim, aporta-se em 1980, ano em que Ouro Preto recebe o título de Patrimônio Mundial pela UNESCO. Esse marco iniciará de modo massivo a prática de visitação à antiga Vila Rica, a qual perdura ainda hoje. Mas quem conduzirá turistas tão ávidos por diversão pelas ladeiras coloniais? Traremos, portanto, o depoimento de um atual guia, figura física que conduz os visitantes, de modo a compreender quais as ressonâncias dessa arte de guiar: Bandeira ainda caminha ao lado dos visitantes e dos guias?Item Contracultura e contramemória em Os Subterrâneos, de Jack Kerouac.(2014) Silva Junior, Sávio Augusto Lopes da; Galery, Maria Clara VersianiEste trabalho pretende analisar a obra literária Os subterrâneos, do autor norte-americano Jack Kerouac, tendo como base os termos contramemória e contracultura. A expressão contramemória foi cunhada por Aleida Assmann (2011), que observa a forma como a literatura constrói uma memória formada a partir de descartes dos arquivos da cultura oficial. Estes descartes nos remetem ao bebop, estilo de jazz muito presente na obra analisada e famoso por sua agilidade que destoa do jazz comercial. A corrente bebop, por muito tempo, foi apreciada por um público muito específico, criando assim uma forma de contracultura. O termo contracultura – cunhado por Theodore Roszak (1972) e, posteriormente, apropriado por diversas manifestações culturais – define culturas que vivem às margens da sociedade e que se opõem à cultura dominante, tida como opressora. O romance Os subterrâneos, publicado pela primeira vez em 1958, trata do envolvimento do narrador Leo Percepeid – codinome de Jack Kerouac – e Mardou Fox, integrante genuina da cultura do bebop jazz, marginalizada e de origens afro-americana. Em meio ao cenário boêmio de North Beach em São Francisco, Percepeid permeia uma cultura que lhe é estranha, visto que este é integrante da classe media branca norte-americana. As diferenças sociais e culturais do casal criam uma constante tensão, relacionada à marginalização vivida por Mardou Fox e a cultura a qual ela faz parte. Este trabalho também busca resgatar parte da herança literária de Jack Kerouac para observar a forma como o cânone se mistura à contracultura presente em seu romance. Acredita-se que essa mistura entre alta cultura e marginalização busque legitimar a contracultura, expandindo o cânone literário e inserindo-a no arquivo da contramemória.