DELET - Departamento de Letras

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    A história como um pesadelo feminino : uma análise de The Handmaid’s Tale e The Testaments, de Margaret Atwood.
    (2023) Gonçalves, Aline Machado; Galery, Maria Clara Versiani; Galery, Maria Clara Versiani; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Oliveira, Natália Fontes de
    Nessa dissertação intitulada “A história como um pesadelo feminino” são analisados os romances distópicos The Handmaid’s Tale e The Testaments da escritora canadense Margaret Atwood publicados, respectivamente, em 1985 e 2019. O objetivo é mostrar como o texto atwoodiano sugere a história como pesadelo feminino. Partindo da concepção de intertextualidade como “memória da literatura”, foram mobilizadas diferentes referências históricas e tradições literárias com as quais os romances dialogam. Por isso, a dissertação foi dividida em quatro capítulos. No primeiro, apresenta-se como a recepção crítica analisa as obras e destaca-se como a questão étnico-racial no Gileadverso, isto é, no universo fictício de Gilead, vem sendo esquecida. No segundo, discute-se a inserção das distopias estudadas na tradição utópica e distópica e a subversão empreendida pelo texto atwoodiano quanto à representação feminina nessa tradição. Destaca-se, além disso, como a sátira é um elemento presente na gênese da utopia enquanto gênero. No terceiro capítulo, mobiliza-se as discussões de Maurice Halbwachs, Michael Pollak, Aleida Assmann, Paul Connerton, e Jan Assmann e conceitos como os de “memória individual”, “memória coletiva” e “memória cultural” para mostrar como um Estado pode, intencionalmente, interferir e manipular as memórias dos indivíduos que nele vivem, qual é o caso do fictício Estado totalitário fundamentalista misógino de Gilead. No quarto capítulo, partindo dos trabalhos de Giorgio Agamben e Paul Ricoeur, discute-se quem são testemunhas de eventos históricos e como elas podem (ou não) ter seus relatos validados. Ainda nesse capítulo, questiona-se com o auxílio de Joan Scott, Gayatri Spivak e Michelle Perrot o discurso acadêmico da presumida “transparência” na prática científica que esconde posturas fortemente ideológicas e, muitas vezes, misóginas. Conclui-se que a história como um pesadelo feminino não é uma exclusividade das narradoras, sendo uma referência ao tratamento dispensado às testemunhas femininas ao longo do tempo.