DELET - Departamento de Letras

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Resultados da Pesquisa

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    O agressor, de Rosário Fusco : o mal ou a paranoia.
    (2022) Rosa, Victor Luiz da
    O artigo analisa um romance de Rosário Fusco, O agressor, publicado em 1943 e logo resenhado por Antonio Candido em sua coluna no jornal Folha da Manhã. Diferentemente da avaliação de Candido, no entanto, orientando ao que parece pela defesa tanto do romance nacional quanto de certo realismo na literatura, e que critica no livro de Fusco justamente sua suposta desintegração em relação à “experiência brasileira”, o artigo procura revalorizar O agressor tendo em vista duas aproximações: com Kafka e com o surrealismo. Para isso, busca-se associar o romance ao “método crítico-paranoico”, tal como elaborado por Salvador Dalí, resultado por sua vez de uma leitura que fez das primeiras teorias lacanianas em torno da noção de paranoia, que também são consideradas, em larga medida, no presente artigo. Como se verá, a exemplo do que argumenta Gunther Anders a respeito do autor de O processo, por meio de sua técnica própria de estranhamento, a literatura de Fusco não faz outra coisa senão tocar o cerne da realidade.
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    O nu e o vestido - por ocasião da descoberta do Brasil.
    (2022) Rosa, Victor Luiz da
    O presente artigo apresenta uma compreensão do modernismo brasileiro com base em suas relações possíveis com a moda. Desde a suposta inspiração da Semana de Arte Moderna em uma fashion week francesa até o new look que Flávio de Carvalho desenvolve para uma performance já nos anos 1950, o artigo passa ainda pelas obras de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral. Dessa forma, interpreta um conjunto de textos literários, quadros, polêmicas e até mesmo certas performances ocorridas, expostas e publicadas ao longo do período modernista, que se orientaram pela moda em seus dois principais aspectos: o tempo e o vestuário. E conclui, por meio de uma sugestão etimológica, que, para os modernistas, a própria ideia de descoberta, como ato do conhecimento, se associaria à condição da nudez.
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    O cálculo e o enigma : Machado de Assis e o jogo de xadrez.
    (2021) Rosa, Victor Luiz da
    O artigo analisa um conjunto de textos literários de Machado de Assis, entre contos, crônicas e romances, nos quais o jogo de xadrez é mencionado ou tematizado, assim como reinterpreta certos momentos da vida do autor de modo a contextualizar e esclarecer a presença do jogo em sua obra. Partindo do primeiro torneio de xadrez realizado no Rio de Janeiro, em 1880, em que Machado participa ao lado do pianista e amigo Arthur Napoleão – provavelmente seu professor no jogo –, assim como do ensaio de Herculano Gomes Mathias sobre a relação de Machado com o xadrez, publicado já em 1952, o presente artigo propõe uma hipótese segundo a qual, por meio das noções de cálculo e enigma, o xadrez aos poucos deixa de ser mero tema literário e passa a constituir a própria estrutura e raciocínio da ficção machadiana. É quando o xadrez passa a ser jogado não mais apenas entre os personagens da trama, e sim entre autor e leitor, em planos cruzados e simultâneos. O torneio de 1880 poderia, nesse sentido, ser tomado como um marco biográfico dessa mudança.
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    Cenas, séries : César Aira e Andy Warhol.
    (2021) Rosa, Margarete Petri da; Rosa, Victor Luiz da
    Este texto busca estabelecer aproximações entre os procedimentos de criação do escritor argentino César Aira e do artista plástico americano Andy Warhol por meio, principalmente, da apropriação de imagens espetaculares veiculadas pelos meios de comunicação de massa. Através de distintos processos artísticos, e cada um a sua própria maneira, os dois parecem se valer da repetição como estratégia de criação ao fazer uso de tais imagens em suas obras. Aira recorre a essa estratégia na produção de cenas, personagens e narradores de forma a materializar uma espécie de seriação. Quanto a Warhol, segundo Danto (2012), a repetição é um elemento fundamental de sua estética cujo desejo era também o de produzir procedimentos seriais e não obras singulares. A fim de que tais paralelos sejam estabelecidos, este artigo aborda sobretudo as seguintes obras: As noites de Flores (AIRA, 2006) e White Burning Car III (WARHOL, 1963).
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    Vazio, evasão (uma leitura de João Gilberto Noll).
    (2020) Rosa, Victor Luiz da
    O artigo indaga a literatura de João Gilberto Noll a partir de uma dinâmica entre as figuras do vazio e da evasão, que permeiam alguns dos principais debates em torno da literatura do autor desde os anos 1980, de Silviano Santiago a Reinaldo Laddaga, mas que se procura reinterpretar a partir de um diálogo com o pensamento de Jacques Rancière e Georges Didi-Huberman, assim como da leitura que Deleuze e Guattari realizam da obra de Kafka. Nesse sentido, analisa-se a maneira como três das principais chaves de leitura da obra de Noll – corpo, voz e território – se articulam e desarticulam por meio de um sintoma específico, o de orfandade, que expõe seus primeiros sinais, não por acaso, no conto inaugural do autor, “Alguma coisa urgentemente”.
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    “Nebulosa e retumbante” : notas sobre as Badaladas do Dr. Semana.
    (2020) Rosa, Victor Luiz da
    O presente artigo se propõe a refazer a trajetória editorial das crônicas publicadas originalmente na coluna “Badaladas” da revista Semana Ilustrada (1860-1876) sob o pseudônimo Dr. Semana. Em ocasião do recente lançamento de Badaladas do Dr. Semana, volume organizado por Sílvia Maria Azevedo no qual defende a atribuição de grande parte da série a Machado de Assis, o artigo procura responder como a pesquisadora desafia, com tal atribuição, alguns dos nomes consolidados da crítica machadiana, a exemplo de Lúcia Miguel Pereira, José Galante de Sousa e Raimundo Magalhães Júnior. Mas também como a pesquisadora se vale de uma série de pistas e de procedimentos de atribuição autoral que estes mesmos críticos deixaram como legado. No caso dessas “Badaladas”, as duas principais complicações para uma atribuição segura da autoria se referem, por um lado, à escassez, ou quase inexistência, de provas materiais que liguem Machado de Assis a esse grande conjunto de textos, assim como pela natureza do pseudônimo Dr. Semana, que era usado não só pelo autor de Dom Casmurro, mas por diferentes cronistas do periódico, controvérsia que é tratada pelo artigo em segundo momento, com o auxílio de depoimentos de outros pesquisadores machadianos, como John Gledson e Lúcia Granja.
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    A morte da autora Veronica Stigger.
    (2019) Rosa, Victor Luiz da
    O artigo analisa a ficção de Veronica Stigger, em especial o pequeno conto “200 m2”, a partir da construção de uma cena que fundaria uma poética em sua literatura. No texto em questão, a personagem, que se chama Verônica, encena o suicídio dela própria – e dela como autora. Uma das consequências teóricas dessa cena da morte da autora nos leva a pensar em uma tensão entre “letra morta” e “palavra viva”, conforme a releitura que o filósofo Jacques Rancière faz da crítica de Platão à escrita. Mas tal cena também aponta, à medida que instaura uma série de “separações” entre a escrita e seu objeto, para uma alternativa crítica de sua literatura frente à sociedade do espetáculo. Tal trajetória, finalmente, abre uma pergunta incontornável a respeito do conto analisado, pergunta que deve ser estendida aos livros seguintes de Stigger, e que, no entanto, não dá margem para nenhuma resposta aceitável: se a autora morreu, como é capaz de seguir escrevendo seus livros?
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    Nenhuma Bulgária existe : viagem e inexistência em O púcaro búlgaro, de Campos de Carvalho.
    (2019) Rosa, Victor Luiz da
    O artigo analisa o último romance de Campos de Carvalho, O púcaro búlgaro (1964), por meio das noções de viagem e inexistência. E procura mostrar algumas consequências críticas e narrativas do impasse entre a promessa de uma “expedição ao fabuloso reino da Bulgária” – feita pelo narrador logo de saída com a eloquência de um viajante tarimbado – e seu constante adiamento ao longo do romance. Por meio de um estilo na maioria das vezes inexato e fabuloso, sempre verborrágico e exagerado, o narrador dessa expedição torna-se complexo não por dominar o assunto que supostamente é objeto de seu interesse (o púcaro búlgaro), e sim porque, ao contrário, ele gira no vazio. E nesse giro só pode “devanear sobre o nada”, como ele próprio diz, enquanto não atina para a razão de escrever o diário. Tal impasse, de um lado, dialoga de modo crítico e irônico com certa tradição dos relatos de viagem à medida que se apropria de alguns dos seus pressupostos, como a confiabilidade do narrador e a obsessão pelas classificações, para fazer deles objeto de piada; de outro, na tentativa de realizar um romance altamente experimental, aponta ao princípio que Breton formula no “Manifesto do surrealismo”, segundo o qual a “existência está em outro lugar”, ou seja, na Bulgária, que não existe. Desse modo, o romance de Campos de Carvalho poderia ser pensado como uma experiência de desarme da nossa maneira de ler os relatos de viagem nacionais, ao mimetizar tais narradores e expor – ao ridículo – os seus limites. É a hipótese que se propõe.