DELET - Departamento de Letras

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    Os biblioepigramas do livro Apoforeta, de Marcial.
    (2015) Agnolon, Alexandre
    O objetivo do artigo é apresentar tradução poética inédita de quatorze epigramas pertencentes ao livro Apoforeta, segundo as edições modernas, o décimo quarto livro de epigramas de Marcial. Os poemas que vertemos constituem um ciclo de epigramas todo ele dedicado aos livros com que, ao londo dos banquetes das Saturnais, os convivas poderiam ser presenteados. "Poemas-cartões" que eram, remetiam, de um lado, à função originária do epigrama como "inscrição", e, de outro, conforme a subespécie "enigma", da epigramática helenística, convidavam o destinatário presente a adivinhar o que ganhara, aspecto que se relacionava com o caráter lúdico da festa. Mas também podiam os epigramas do ciclo ser compreendidos como "biblioepigramas", já que, na brevíssima descrição da obra literária, Marcial tanto fazia as vezes de poeta-filólogo, porque ao tecer juízos poéticos e retóricos assumia discurso crítico, como de poeta-bibliófilo, ao remeter o leitor à materialidade do livro. O livro como objeto indica para o leitor de hoje o matiz helenístico com que o poeta, incorporando a tradição precedente, a julgava e para o público antigo cumpria a função precípua e imediata do mimo que, em virtude das belas encadernações, devia agradar os olhos antes de tudo.