DELET - Departamento de Letras
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Item Discurso e representações da memória no manifesto O Visconde de Ouro Preto aos seus concidadãos, do Visconde de Ouro Preto (1891).(2014) Miguel, Nárllen Dayane Advincula; Menezes, William AugustoNesta pesquisa, analisamos o Manifesto O Visconde de Ouro Preto aos seus concidadãos, do Visconde de Ouro Preto (1891). Nesse Manifesto, O Visconde apresenta sua versão monarquista, segundo suas impressões e reminiscências, acerca da Proclamação da República no Brasil. Realizamos, assim, uma análise discursiva de sua escrita a partir de duas dimensões: a do discurso e a das representações da memória. Para tanto, adotamos uma abordagem conceitual centrada na Teoria Semiolinguística, com atenção para as categorias ligadas ao processo de semiotização do mundo, ao ato de linguagem, aos modos de organização do discurso enunciativo e argumentativo, à memória dos discursos, à memória das situações de comunicação e à memória das formas de signos. Consoante a esses aspectos, abordamos, sumariamente, o ethos e o discurso fundador projetados no discurso do Visconde. As análises evidenciaram que o ex-ministro possui uma enunciação pautada na defesa do Regime Monárquico, apresentando um escopo de designações e reflexões antirrepublicanas. Estando suas memórias em diálogo com o acontecimento político Proclamação da República, o Visconde de Ouro Preto atribui sentidos, ora nefastos, ora salutares, aos acontecimentos políticos e sociais que o cercaram, empregando modalizações enunciativas de alocutividade (eu-tu), elocutividade (eu-eu) e delocutividade (eu-ele). Há ainda o emprego de procedimentos semânticos e discursivos na encenação argumentativa de seu Manifesto, na pretensão de persuadir seu leitor-concidadão a acreditar na veracidade de suas palavras, consideradas pelo Visconde como “subsídios para a História”. Ele reforça determinados valores de verdade, dignidade, ética e moral, sob a imagem de um “ethos de caráter”, com um discurso que busca ser fundador e fidedigno sobre a instauração do Regime Republicano no Brasil e sobre o cenário político no qual estava inserido no final do Reinado de D. Pedro II. Além disso, o Visconde emprega enunciados circunscritos na memória discursiva no nível do discurso, da situação e do signo reafirmando o aspecto antirrepublicano de seu discurso.