DELET - Departamento de Letras
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Item Poesia negro-brasileira contemporânea como expressão de espaços : aproximações e digressões nas poéticas de Conceição Evaristo e Edimilson de Almeida Pereira.(2023) Tiago, Alisson Felipe; Rezende, Carolina Anglada de; Rezende, Carolina Anglada de; Amorim, Bernardo Nascimento de; Alexandre, Marcos AntônioEsta pesquisa objetiva investigar as manifestações do espaço nas poéticas de Conceição Evaristo e Edimilson de Almeida Pereira. As múltiplas significações do espaço são exploradas, portanto, seu sentido dar-se-á a partir de um ambiente dêitico, como discutido por Émile Benveniste (1995), em uma instância discursiva. Buscando desconstruir estereótipos sobre a cultura negra, serão cotejados estudiosos como Achille Mbembe (2018), Paul Gilroy (2020), Édouard Glissant (2021) que, de diferentes formas, refletem sobre a condição do sujeito negro, além disso, dissertam sobre como o ideal da modernidade é uma estrutura herdeira das instituições coloniais. Outro ponto de desconstrução desses pensadores é a ideia de uma identidade cultural pura, centralizada e enraizada. Em seguida passaremos pela contextualização e conceitualização do termo “negro-brasileira”. Nesta etapa reflete-se com pensadores como Cuti (2010), Zilá Bernd (2010) e Almeida Pereira (2008), percebendo-se que esse termo não limita, legitima ou restringe a produção literária, mas, sim, oferece novos espaços de produção e crítica literária. Ao cartografar os espaços imaginados pelos poetas tem-se como aporte o Pensamento- Paisagem de Michel Collot (2013), que observa como a relação do sujeito com o seu ambiente produz um novo mundo na escrita, baseado na perspectiva do escritor, mundo este que não se limita a ser uma mera mimese dos lugares que o poeta visitou, antes, é sua recriação na linguagem. Assim, o poeta, ao reimaginar o mundo, pode quebrar ciclo de representações estereotipadas da cultura e do sujeito negro. Sob a concepção do Espaço Literário de Maurice Blanchot (1987), será observado como a literatura também se apresenta em um ambiente autônomo, significando-se em seu próprio espaço discursivo e demostrando a impossibilidade de o poeta olhar objetiva e diretamente para a poesia. Percebe-se, inicialmente que as poéticas dos autores aqui estudados, apesar de se aproximarem pela temática, distanciam-se quanto ao modo de produção, pois a escritora mineira utiliza-se da linguagem ordinária e referencial, enquanto o poeta juizforense explora as possibilidades do signo, descrito por Blanchot como palavra bruta e palavra essencial respectivamente. Por fim, esta pesquisa também mapeia nas obras dos poetas as apresentações da performance. Nela o corpo pode se apresentar como lugar da memória, por Leda Martins (2021), e também como a representação performática da linguagem capaz de criar um efeito-mundo, segundo Barbara Cassin (2010). Entretanto, refletimos sobre como corpos-poema flertam com a ideia de uma performance que desprivilegia a presença de tal forma que a própria ideia de corpo em performance é colocada em suspensão.