Navegando por Autor "Buscacio, Cesar Maia"
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Item Uma abordagem histórico-sonora do Gualaxo do Norte : interfaces entre inventários e ensino.(2020) Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Buscacio, Cesar MaiaEste artigo introduz questões relativas à interpretação histórico‐sonora do entorno do rio Gualaxo do Norte, Estado de Minas Gerais, desenvolvidas, neste ano em curso, pelos autores na pesquisa de pós‐doutorado em História. Essa espacialidade ganhou projeção mundial devido às funestas consequências da queda da Barragem de Fundão, ocorrida em novembro de 2015, evento que suscitou intensas mobilizações por reparações às comunidades e ao meio ambiente, inclusive no âmbito da memória e do patrimônio. Iniciamos o artigo analisando os inventários patrimoniais realizados, no início do século XXI, pelas prefeituras dos municípios de Mariana e Barra Longa, os quais abarcam áreas e construções próximas ao Gualaxo do Norte, consideradas bens culturais. A seguir, apresentamos material didático, elaborado em versão QRCode, acerca das sonoridades mencionadas em memórias e relatos de viajantes nos séculos XVIII e XIX, cotejando com os silenciamentos daqueles inventários quanto à diversidade de percepções sensoriais ali vivenciadas.Item Americanismo e nacionalismo musicais na correspondência de Curt Lange e Camargo Guarnieri (1934-1956).(Editora UFOP, 2010) Buscacio, Cesar MaiaItem O “americanismo musical” de Curt Lange : por uma Bildung mestiça e tropical.(2019) Buscacio, Cesar Maia; Buarque, Virgínia Albuquerque de CastroEste artigo interpreta um texto produzido por Curt Lange em 1935 e publicado na Revista Brasileira de Música, no qual ele apresenta o americanismo musical aos leitores brasileiros. Lançando como questão identificar, através desse escrito, balizas teóricas que fundamentaram tal movimento, postula-se que Curt Lange configure o americanismo musical como um enlace da singularidade cultural da América Latina com o universalismo de um legado cultural da humanidade. Tal imbricação, contudo, ainda não estaria concluída, e seu aprimoramento no campo das ideias e das artes deveria culminar numa sociedade mais irmanada. Essa interface singular-universal, por sua vez, pode ser remetida à formação germânica de Bildung, recebida por Curt Lange, em diálogo com premissas do imaginário romântico, do historicismo e da recém-fundada antropologia cultural. Em desdobramento, o americanismo musical reconfigura a tensão universal-particular através da valorização da mestiçagem da “raça latina” e do reconhecimento de um “ethos tropical”.Item Brechas sonoras : resistências e recriações. Esgarçando sistemas político-culturais.(2023) Buscacio, Cesar Maia; Buarque, Virgínia Albuquerque de CastroEste artigo tematiza a promoção de brechas sonoras por parte de grupos subalternizados, entendendo-as como práticas de resistência e de parcial recriação das condições de existência frente a processos de exploração, espo- liação e até de aniquilação com que historicamente defrontam-se tais seg- mentos sociais. Consideramos que as brechas sonoras esgarçam postulados de legitimação identitária e hierárquica vinculadas a sensibilidades e racio- nalidades, contribuindo dessa maneira para fissurar a hegemonia de sistemas político-culturais estabelecidos na modernidade. Sugerimos, como hipótese, que as brechas sonoras assim procedem mediante uma tríplice operatória: 1) seu trânsito incessante, dificultando que sejam por completo capitalizadas ou reificadas; 2) sua imbricação ao sensório e à corporeidade, no acionamento de epistemologias distintas do uso instrumental; 3) sua invocação a ordens utópicas do social, através da interligação a cosmologias, ancestralidades etc. Procedemos, em desdobramento, a uma interpretação de brechas sonoras efetivadas por povos ameríndios e africanos/afrodescendentes nas terras de Minas no decorrer dos séculos XVIII e XIX. Em termos teóricos, funda- mentamos nossa reflexão principalmente no trabalho do historiador jesuíta Michel de Certeau, que abordando as sonoridades como o “outro” da escritura ocidental, indicou seu potencial como “artes do fazer” e “táticas” dos fracos.Item A educação musical em Minas Gerais na segunda metade do século XIX : o caso do músico Leôncio Francisco das Chagas.(2017) Gomes, Vitor Sérgio; Lopes, Eliane Marta Teixeira; Lopes, Eliane Marta Teixeira; Jardilino, José Rubens Lima; Buscacio, Cesar Maia; Galvão, Ana Maria de OlveiraOs acervos de documentos musicais do século XIX, sob custódia das instituições mineiras, oferecem inúmeras possibilidades para abordagens históricas de pesquisa. São fontes que, quando interpretadas, dão mostra da riqueza de sonoridades que se deram na região de Minas Gerais, onde, a certa altura, transitou um dos maiores contingentes de músicos do Brasil. Nesse cenário, abordar as práticas em que a educação musical se deu é demanda imprescindível. Mas como encontrar as portas que permitam passagem a esse mundo, cuja memória ainda não foi construída? A pesquisa que deu origem a esta dissertação de mestrado teve como principal objetivo analisar os modos de participação do músico Leôncio Francisco das Chagas (1838-1912) nas práticas musicais educativas da região mineradora central, na segunda metade do século XIX, tomando como circunscrição geográfica o município de Lamim e outras localidades adjacentes do Estado de Minas Gerais. A partir de seu arquivo pessoal, buscamos compreender em que instâncias de sociabilidade transitou como aprendiz e músico, esclarecendo quais aspectos influenciou e por quais foi influenciado. Realizamos levantamento nos acervos das principais instituições que acondicionam documentos musicais da região no entorno de Lamim e em jornais da segunda metade do século XIX. Assim, foi possível encontrar documentos remanescentes do trabalho de Leôncio Chagas sob custódia de quatro descendentes. O cruzamento dos dados nos levou às suas práticas musicais religiosa, doméstica, escolar, familiar e àquelas que se passavam na rua. Em decorrência desse cruzamento, alcançamos novas possibilidades de entendimento da educação musical em Minas Gerais. Também compreendemos, de dentro para fora, a diversidade de experiências musicais em tantos espaços, expondo a necessidade de realizar recortes criteriosos que revelem as intenções, ainda não percebidas (porque não estudadas) por trás de seu uso. Quando se leva em consideração apenas uma audição estética, perde-se a escuta da educação musical enquanto mecanismo de poder, deixando-se passar a importância das camadas populares, a música das capelas, das corporações das pequenas cidades, seus maestros, compositores e seus mestres, o repertório doméstico e cotidiano, as representações artísticas, religiosas e políticas relevantes para a nossa sociedade.Item Imbricação entre “popular” e modernidade : um projeto biográfico-musical de Claudio Santoro no período entre 1947 e 1957.(2017) Buscacio, Cesar Maia; Buarque, Virgínia Albuquerque de CastroA produção musical de Claudio Santoro entre 1947 e 1957, período em que empreendeu quatro viagens ao Leste Europeu e a países então integrantes da União Soviética, é geralmente vinculada pela musicologia à temática nacionalista-popular, em afinidade com a vertente preponderante no lado oriental da Cortina de Ferro, conhecida como “realismo socialista”. Não obstante, propomos uma reflexão, neste artigo, de como a escrita epistolar e autobiográfica de Santoro, de forma articulada a algumas de suas peças musicais, sem desconsiderar esse vínculo estético-ideológico, promovia uma tripla imbricação: a reiteração de elementos de cunho neoclássico; a inserção de expressões musicais associadas a grupos subalternizados no Brasil (batuques, frevos etc.), em remissão à ótica do exótico e/ou folclórico; a concomitância de sonoridades do cotidiano urbano e industrial em suas trilhas sonoras para produções cinematográficas. Dessa forma, considera-se que Claudio Santoro se apresenta como um compositor de importante singularidade, pois, por meio dele, mostra-se possível interpretar as possibilidades combinatórias da música, por vezes bastante inusitadas e performativas em sua relação com a cultura, a história e os percursos biográficos. Para proceder tal análise, neste artigo recorremos às cartas enviadas por Claudio Santoro à musicista Nadia Boulanger e ao compositor Louis Saguer, arquivadas na Biblioteca Nacional da França, juntamente com extratos de sua inédita autobiografia gravada nos anos 1980 e de entrevista por ele concedida na década de 1970, estando estes dois últimos registros sob a guarda da família de Santoro.Item Magda Tagliaferro : representações de uma pianista.(2023) Daher, Anderson da Mata; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Reyner, Igor Reis; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Reyner, Igor Reis; Vieira, Alice Martins Belem; Aubin, Myrian Ribeiro; Buscacio, Cesar Maia; Abreu, Marcelo Santos deNesta pesquisa, investigo os processos de representação da pianista brasileira Magdalena Tagliaferro com base em sua autobiografia e em publicações sobre essa musicista em jornais e revistas franceses. Como problemática, busco interpretar as estratégias assumidas pela pianista para constituir, corroborar ou contestar tais representações a ela vinculadas, bem como as motivações que orientaram suas escolhas em prol de algumas dessas figurações em detrimento de outras. Os resultados da pesquisa são apresentados em cada capítulo. No primeiro, busquei analisar a autobiografia da pianista e destacar alguns pontos por ela relatados, a fim de contextualizar historicamente sua trajetória inicial. No segundo capítulo, interpretei como as sociabilidades e afetividades vivenciadas por essa musicista auxiliaram como um meio para a consolidação de sua carreira. No terceiro capítulo, refleti sobre os critérios musicológicos, estéticos e culturais das escolhas de Magdalena para suas apresentações no palco e em estúdio, além de introduzir sua pontual incursão no canto. Por fim, no último capítulo, discuto a recepção da crítica musical francesa sobre a atuação de Magda, destacando principalmente as relações de gênero e de pertencimento nacional que perpassaram tais publicações na imprensa especializada. Como conclusão, aponto como as representações acerca da pianista culminaram na configuração de uma dupla e emblemática figuração, articuladora dos imaginários feminino e masculino ocidental circulantes principalmente no campo artístico. Por um lado, Magdalena foi aproximada das “divas” que até então atuavam no bel canto, o que lhe assegurou o reconhecimento de seu protagonismo como concertista ao piano; simultaneamente, ela foi uma das precursoras de um modelo de virtuose pianística feminina.Item A música brasileira : um estudo da correspondência entre Curt Lange e Camargo Guarnieri (1934-1935).(2007) Buscacio, Cesar MaiaEste trabalho propõe um estudo da correspondência trocada entre Curt Lange e Camargo Guarnieri nos anos de 1934 e 1935, privilegiando uma tríplice investigação: a carta como linguagem, como instrumental constituidor de sociabilidades e como estratégia de poder. Através deste epistolário, emerge a relevância da atuação de Curt Lange na divulgação da música brasileira do século XX, assim como a diversifi cada produção de compositores, musicó- logos e intérpretes no cenário musical do período.Item A música de Claudio Santoro e o giro cultural, epistemológico e político de 1968.(2019) Buscacio, Cesar Maia; Buarque, Virgínia Albuquerque de CastroO ano de 1968 mostrou-se emblemático por seus questionamentos às abordagens e sistemas macro-estruturais, numa imbricação entre política, cultura e ciência. Como o campo musical dialogou com tais irrupções? Este artigo busca responder pontualmente a esta inquirição, através da interpretação da produção e da trajetória do regente e compositor brasileiro Cláudio Santoro: no decorrer de 1968, ele transitou entre a Europa, os Estados Unidos e o Brasil, veiculando suas primeiras obras em música eletroacústica. Recorrendo-se à leitura de algumas missivas inéditas e de pesquisas acadêmicas já elaboradas sobre Santoro, postulase aqui, como hipótese, a existência de afinidades entre as intersubjetividades políticas dos movimentos de 1968 e a música eletroacústica de Santoro, desdobradas, por sua vez, em três aspectos complementares: a) a relevância da atuação criativa do intérprete; b) o exercício de democratização da cultura através do acionamento das linguagens, inclusive da música; c) a articulação entre modernidade, memória cultural e música urbana.Item Regimes de escuta e espaço histórico de Minas (séculos XVIII-XIX).(2021) Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Buscacio, Cesar MaiaEste artigo é resultado de pesquisas acerca das sonoridades ecoantes em Minas Gerais entre os séculos XVIII e XIX, desenvolvidas no âmbito dos estágios pós-doutorais realizados junto ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ao Programa de Pós- graduação em Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Discorre sobre o tríplice regime de escuta (teológico- católico, racional-ilustrado e romântico) que conferia sentidos à pluralidade sonora ecoante nas terras mineiras entre os séculos XVIII e XIX, ou seja, antes da virada tecnológica que permitiu a gravação e a reprodução de sons em equipamentos de produção industrial. As sonoridades que então reberveravam nessa espacialidade (dos ecossistemas, dos ofícios, das práticas de sociabilidade, de religiosidade, de controle e repressão sócio-política etc.) eram significadas mediante códigos politicoculturais, aqui conceituados como regimes de escuta, com seus específicos critérios de valoração, hierarquização, depreciação e até de silenciamento do audível. Em termos teóricos, a noção de regime de escuta, fundamentada na reflexão foucaultiana, é cotejada neste texto com a concepção musicológica de paisagem sonora. De forma concomitante, é postulado, em interlocução com a reflexão formulada por Michel de Certeau, que os regimes de escuta operantes em Minas colonial e imperial tiveram importante papel na configuração histórica deste território, buscando aproximá-la de um projeto civilizatório continuamente esgarçado não só por tensões e conflitos com alteridades ambientais e socioculturais, mas também por práticas de resistência e subversão dos grupos subalternizados.