Rosa, Victor Luiz da2023-02-152023-02-152019ROSA, V. L. da. Nenhuma Bulgária existe: viagem e inexistência em O púcaro búlgaro, de Campos de Carvalho. Remate de Males, v. 39, n. 1, p. 389-402, 2019. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8652490>. Acesso em: 06 jul. 2022.2316-5758http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/16197O artigo analisa o último romance de Campos de Carvalho, O púcaro búlgaro (1964), por meio das noções de viagem e inexistência. E procura mostrar algumas consequências críticas e narrativas do impasse entre a promessa de uma “expedição ao fabuloso reino da Bulgária” – feita pelo narrador logo de saída com a eloquência de um viajante tarimbado – e seu constante adiamento ao longo do romance. Por meio de um estilo na maioria das vezes inexato e fabuloso, sempre verborrágico e exagerado, o narrador dessa expedição torna-se complexo não por dominar o assunto que supostamente é objeto de seu interesse (o púcaro búlgaro), e sim porque, ao contrário, ele gira no vazio. E nesse giro só pode “devanear sobre o nada”, como ele próprio diz, enquanto não atina para a razão de escrever o diário. Tal impasse, de um lado, dialoga de modo crítico e irônico com certa tradição dos relatos de viagem à medida que se apropria de alguns dos seus pressupostos, como a confiabilidade do narrador e a obsessão pelas classificações, para fazer deles objeto de piada; de outro, na tentativa de realizar um romance altamente experimental, aponta ao princípio que Breton formula no “Manifesto do surrealismo”, segundo o qual a “existência está em outro lugar”, ou seja, na Bulgária, que não existe. Desse modo, o romance de Campos de Carvalho poderia ser pensado como uma experiência de desarme da nossa maneira de ler os relatos de viagem nacionais, ao mimetizar tais narradores e expor – ao ridículo – os seus limites. É a hipótese que se propõe.pt-BRabertoRelato de viagemNenhuma Bulgária existe : viagem e inexistência em O púcaro búlgaro, de Campos de Carvalho.No Bulgaria Exists : travel and nonexistence in O púcaro búlgaro, by Campos de Carvalho.Artigo publicado em periodicoEsta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Fonte: o PDF do artigo.https://doi.org/10.20396/remate.v39i1.8652490