O ensino remoto de matemática no ensino médio em uma escola mineira percursos e percalços.

Abstract

Esta pesquisa, de cunho qualitativo fenomenológico, coloca em destaque a implantação da proposta de ensino remoto da rede estadual mineira em uma turma do segundo ano do Ensino Médio Regular de uma escola do interior de Minas Gerais. A questão de investigação, que orientou o caminhar da pesquisa e a própria pesquisadora-professora para a compreensão do fenômeno investigado, foi “Como se deu a implantação, em uma turma do segundo ano do Ensino Médio, da proposta de ensino emergencial e remoto de matemática apresentada pela Secretaria de Estado e Educação de Minas Gerais (SEE-MG) com vistas à manutenção do ensino diante da pandemia e necessidade de isolamento social?”. Visando compreender a implantação da proposta, em seus percursos e percalços, é apresentado um breve panorama do cenário da pandemia e seus reflexos na sociedade e em especial na educação de Minas Gerais, embasado por documentos oficiais (Decretos, Leis e Resoluções), bem como pelo Documento Orientador para o Regime Especial de Atividades Não Presenciais da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (REANP/SEE-MG). Considerando o papel preponderante das tecnologias de informação e comunicação (TIC) para que o ensino remoto se tornasse realidade, há uma reflexão quanto ao seu uso no processo de ensino e aprendizagem, dialogando com discussões atuais quanto à EaD e Ensino Remoto, em suas aproximações e afastamento; à aprendizagem móvel, ou Mobile Learning, e reconfiguração do uso do celular visando a aprendizagem; ao Ensino Híbrido e suas possibilidades. Para a coleta dos dados, foram destacadas as ações e interações ocorridas na implantação do REANP na turma acompanhada, com foco na disciplina de Matemática, cujo tema abordado é a Análise Combinatória. Foram considerados como fontes de dados as interações ocorridas, remotamente entre a pesquisadoraprofessora, equipe escolar e alunos; as devolutivas dos alunos para as atividades propostas e para a Sondagem realizada; os recursos do REANP, como os documentos orientadores, a apostila do PET e as tele aulas do Programa Se liga na Educação. Os dados coletados foram organizados em forma de descrição e sustentaram as análises ideográfica e nomotética da abordagem fenomenológica. A partir das unidades de significado que se destacaram e dos sentidos explicitados por elas, as convergências efetuadas levaram a três grandes categorias de compreensão do fenômeno indagado: O papel das tecnologias e as (re)organizações que se dão; A prática docente em meio ao ensino remoto; e Ensino e aprendizagem da Matemática: (re)configurações no ensino remoto. Por meio delas, discorremos sobre a implantação da proposta, tecendo reflexões quanto ao uso das tecnologias, à prática docente e ao ensino do tema focado. As categorias indicam que o uso das TIC, ainda que com foco na comunicação e não no seu potencial pedagógico para o ensino da matemática, foi um caminho possível, que exigiu dos professores um repensar sobre sua prática e suas ações, visando envolver seus alunos e suprir lacunas e dificuldades que se apresentaram. As reflexões quanto às análises, levaram à elaboração do Produto Educacional intitulado Ensino Híbrido e Mobile Learning: uma proposta para introdução de conceitos de Análise Combinatória no Ensino Médio, que apresenta uma síntese das reflexões possibilitadas na pesquisa e uma proposta de abordagem para o ensino do tema, com sugestões de atividades que podem ser realizadas de forma presencial ou remota, síncrona ou assíncrona, destacando aspectos da aprendizagem móvel e do ensino híbrido como caminhos no cenário pós-pandemia.