Avaliação do papel dos pequenos roedores na epidemiologia das riquetsioses em bairros da periferia de Caratinga, Minas Gerais.

Abstract

Nos últimos anos, várias espécies do gênero Rickettsia têm sido detectadas pela primeira vez no Brasil, algumas delas potencialmente patogênicas para humanos. Pequenos roedores são incriminados nos Estados Unidos e Europa como hospedeiros amplificadores de algumas espécies de Rickettsia. No Brasil, entretanto, o papel desses animais no ciclo epidemiológico das doenças riquetsiais ainda não está bem compreendido. O presente estudo investigou a prevalência de Rickettsia spp. em pequenos roedores através do uso de técnicas sorológicas e moleculares. No total, 122 pequenos roedores foram coletados durante o ano de 2013, no município de Caratinga, Estado de Minas Gerais. Os soros desses animais foram submetidos ao teste de imunofluorescência indireta (RIFI) para detecção de anticorpos contra Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri e Rickettsia felis. Amostras de DNA foram extraídas de tecidos (fígado e baço) e dos ectoparasitos coletados sobre o pelo dos pequenos roedores. O DNA extraído foi amplificado por meio de PCR usando dois diferentes pares de oligonucleotídeos iniciadores gênero-específicos (gltA e 17KDa) e dois oligonucleotídeos iniciadores grupo-específicos (ompA e ompB). A prevalência de anticorpos contra os antígenos testados foi de 55,7% para R. rickettsii, 44,2% para R. parkeri e 18% para R. felis; 5,4% (5/93) dos pools de ectoparasitos testados foram positivos à PCR. As análises das sequências de nucleotídeos desses cinco pools mostraram 99% e 100% de identidade com sequências gênicas de gltA e 17kDa, respectivamente, de R. felis depositadas no GenBank. Pela primeira vez realizou-se a detecção de R. felis em pulgas da espécie Xenopsylla cheopis no Brasil. Dessa forma, este trabalho representou uma importante contribuição e um importante ponto de partida para futuras pesquisas que busquem elucidar as diversas lacunas do conhecimento que existem no complexo ciclo epidemiológico das riquetsioses no Brasil, em especial o papel dos pequenos roedores.