Mudanças recentes na escolaridade e suas consequências para os rendimentos do trabalho por grupos ocupacionais no Brasil.

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2019

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Observa-se no Brasil uma tendência de crescimento da escolaridade dos indivíduos, em especial a partir da década de 1990, com a universalização do ensino fundamental e médio para todo o país. Contudo, é interessante mensurar a relevância da inserção nas ocupações como mediadoras dos retornos salariais à escolaridade, uma vez que os prêmios para os acréscimos aos anos de estudo ocorrem de modo diferente entre as ocupações. Assim, torna-se relevante a análise de como as mudanças no retorno da escolaridade ocorreram para determinadas ocupações nos últimos anos, e assim, este trabalho tem como objetivo avaliar qual o efeito da escolaridade sobre a renda por grupos ocupacionais e em que medida as alterações nos salários estão relacionados às transformações na escolaridade e/ou a modificações na composição por ocupações. Destarte, pretende-se identificar se ocorreram mudanças no retorno da escolaridade entre os anos de 2002 a 2015 considerando os rendimentos do trabalho por grupos ocupacionais, mensurando em especial as alterações que ocorreram com as mulheres neste período dentro destes grupos. A tipologia empregada é a natureza das tarefas, que categoriza as ocupações em rotineiras versus não rotineiras, e manuais versus cognitivas, e através desta, almeja-se investigar: o comportamento dos rendimentos do trabalho por escolaridade; o nível de escolaridade por grupos ocupacionais no período analisado e identificar se houve modificações; o desempenho dos rendimentos do trabalho por escolaridade segundo grupos ocupacionais; e o efeito de possíveis transformações na composição ocupacional sobre os rendimentos do trabalho. Para tanto, foram estimadas dois modelos, ambos empregando regressões nos dois períodos, de modo que o primeiro foi estimado com a tipologia natureza das tarefas como variável explicativa, e no segundo, as estimações foram realizadas para cada tipologia ocupacional específica. Os resultados realçam que apesar do crescimento da escolaridade dos indivíduos, em maior proporção para as mulheres, estas ainda sofrem discriminação e penalização dos salários, em especial na categoria cognitiva rotineira, em que exibem maiores níveis de escolaridade e proporção feminina. Observa-se também queda dos retornos aos níveis mais elevados de escolaridade, de modo mais intenso nas ocupações que apresentam menores remunerações aos trabalhadores nelas empregados, que são as manuais rotineiras e não rotineiras. Assim, percebe-se que os retornos salariais reduziram no Brasil de modo diferente entre as ocupações, além de ocorrer maior perda para ocupações não intelectuais, sendo que a categoria manual rotineira é a que exibiu maior parcela da população, maior participação feminina e mais incremento de ensino superior. Evidenciando que mesmo com a redução da discriminação e aumento da escolaridade, as ocupações com menores salários continuam penalizadas nos salários.

Descrição

Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada. Departamento de Ciências Econômicas e Gerenciais, Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas, Universidade Federal de Ouro Preto.

Palavras-chave

Salário - efeito da educação, Currículos - avaliação, Ocupações, Graduação escolar, Educação para o trabalho

Citação

GOMES, Stela Rodrigues Lopes. Mudanças recentes na escolaridade e suas consequências para os rendimentos do trabalho por grupos ocupacionais no Brasil. 2019. 83 f. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2019.

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