Estudo geoquímico-mineral das formações ferríferas bandadas do Sinclinal Gandarela, Quadrilátero Ferrífero (MG).
Data
2016
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Resumo
A composição química, principalmente de elementos-traços, das formações ferríferas bandadas (FFB)
e de suas fases minerais é uma ferramenta importante para entendermos a gênese e os processos
evolutivos pelos quais essas rochas passaram. As FFB constituem a principal fonte de minério de ferro
do mundo e podem auxiliar na compreensão da evolução atmosférica, da composição química dos
oceanos e da história evolutiva do planeta Terra. Porém, a baixa fração em massa de elementos-traços
nas fases minerais dessas formações, requer um método analítico que apresente baixo limite de
detecção. Com isso, foi necessário o desenvolvimento de uma metodologia através de curvas de
calibração para a determinação dos elementos-traços Y, La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er,
Tm, Yb e Lu em diferentes fases minerais, via LA-ICP-MS. A metodologia desenvolvida neste
trabalho apresentou-se aplicável ao estudo proposto, apresentando linearidade, precisão e acurácia.
Foram selecionadas para estudo 11 amostras de itabirito silicoso compacto e itabirito silicoso semicompacto
do Sinclinal Gandarela, região centro-nordeste do Quadrilátero Ferrífero (MG). Essas
rochas apresentaram uma associação mineral composta por hematita lamelar, magnetita, goethita,
quartzo, martita (produto de transformação da oxidação da magnetita em hematita) e outros minerais
ganga, como celadonita, barita, monazita e xenotima. Foi determinada a química mineral de Y-ETR
em grãos de magnetita, martita, hematita lamelar, goethita e celadonita. A magnetita apresentou
valores de concentração desses elementos inferiores aos limites de detecção do método. De forma
geral, a hematita lamelare e goethita apresentaram assinaturas geoquímicas semelhantes: i)
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL; ii) anomalia positiva em Eu, que indica uma
contribuição hidrotermal na formação desses minerais; iii) anomalia negativa em Ce, que indica um
ambiente de formação oxidante; iv) anomalia positiva em Y, que indica condições de mares modernos
e refletem uma rápida precipitação dos óxidos de ferro favorecida pela migração de águas marinhas
redutoras e levemente ácida até ambientes rasos de águas mais alcalinas e oxidantes; v) anomalia
negativa em Nd; vi) ausência de contaminação clástica. Martita e celadonita apresentaram um padrão
geoquímico distinto dos demais minerais, exceto pela presença de um enriquecimento dos ETRP em
relação aos ETRL das martitas. Um enriquecimento do conteúdo de Y-ETR e da razão Y/Ho também
foi notado entre os óxidos/hidróxidos de ferro, relativo ao aumento do grau de oxidação deles, que
pode evidenciar uma mudança na composição do fluido e/ou um aumento na razão rocha/fluido,
favorecida pela fixação de elementos terras raras (principalmente de ETRP) e uma mobilização dos
elementos Y e Ho durante o processo de mineralização, respectivamente. A maioria dos grãos de
hematita lamelar e goethita apresentaram uma assinatura geoquímica similar ao itabirito hospedeiro,
indicando que há uma contribuição desses minerais para o padrão geoquímico dessas rochas.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geoquímica, Rochas - formação mineral, Sinclinal Gandarela - Minas Gerais, Ciclo mineral - biogeoquímica
Citação
SOUSA, Denise Versiane Monteiro de. Estudo geoquímico-mineral das formações ferríferas bandadas do Sinclinal Gandarela, Quadrilátero Ferrífero (MG). 2016. 86 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2016.