Caracterização do nicho térmico em comunidades de formigas de restinga.

Abstract

A corrente teoria de nicho ecológico o define como o resumo das tolerâncias de necessidades de um organismo, onde essas são as dimensões por onde a ocorrência de um ser vivo é restringida. Dentre as dimensões que podem ser particionadas, a temperatura se constitui como uma das mais importantes, pois está na base dos processos de distribuição dos seres vivos. Tendo como base o aumento das médias globais de temperatura previsto para os próximos anos, os ambientes tropicais podem possuir maior vulnerabilidade, pois, considerando que são ambientes quentes e poucos sazonais, as comunidades biológicas vivendo nesses lugares tendem a apresentar nichos térmicos estreitos, segundo a hipótese de adaptação térmica. Pelo fato das restingas estarem inseridas em ambientes costeiros, sob forte tensores ambientais como a temperatura, elas se apresentam como excelentes ambientes para estudos desse tipo. Além disso, apresentam diversas comunidades de formigas, as quais são organismos que demonstram grande influência térmica na estruturação de suas comunidades. O presente estudo buscou elucidar os padrões térmicos da comunidade de formigas estudada através da construção de modelos de nicho térmico, com base em padrões de ocorrências. Construímos dois transectos de armadilhas de ‘pitfalls’ epigéicos ao longo de um gradiente de vegetação, um localizado nas dunas frontais e o segundo na fisionomia floresta de restinga, com temperatura e umidade sendo medidas durante um período de 24h. A cada três horas os ‘pitfalls’ eram trocados, totalizando, ao final de um dia, oito trocas. O processo foi repetido em três áreas diferentes, separadas por 500m umas das outras. A comunidade de formigas apresentou uma segregação temporal, que se projetou homogeneamente entre as fitofisionomias estudadas, formando um grupo de espécies majoritariamente diurno, e um outro majoritariamente noturno. Além disso, abundância e frequência foram significativamente maiores nos períodos quentes, evidenciando que a temperatura está intimamente ligada ao nível de atividade das formigas.