Patrimônio pedológico e fatores impactantes ambientais nas trilhas de uso público em parques do Espinhaço Meridional.
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Data
2017
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Resumo
Os solos são circunscritamente considerados recursos naturais para fins econômicos para muitas
áreas do conhecimento, como por exemplo, a Agronomia e as Engenharias. Em áreas protegidas
por sua vez são relacionados à sustentação da vida. Este olhar funcional dos solos demonstra sua
subvalorização como parte dos 5G (patrimônio geológico, geodiversidade, geoconservação,
geoturismo e geoparques). Estudos relacionados aos impactos ambientais por sua vez não
correlacionam a valoração da natureza para além da biodiversidade. A partir destas premissas o
presente trabalho pretendeu estabelecer um inventário do patrimônio pedológico representado por
pedossítios, bem como os fatores ambientais impactantes nos solos de trilhas em áreas naturais
protegidas, ambos para a sua pedoconservação. Foram selecionadas três trilhas médias e lineares,
sobre substratos diversos, em áreas altamente visitadas de unidades de conservação (UC) da Serra
do Espinhaço Meridional /MG: a “Trilha da Cachoeira da Farofa” no Parque Nacional da Serra
do Cipó (PNSC) sobre diamictitos e sedimentos de aluvião; a “Trilha do Pico do Itacolomi” no
Parque Estadual do Itacolomi (Peit) sobre filitos e quartzitos; “Trilha do Campo Ferruginoso” no
Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), sobre couraças e itabiritos. A metodologia
envolveu três etapas: escritório, campo e laboratório. A primeira envolveu revisão e elaboração
de instrumentos de coleta de dados (formulários estruturado qualitativo-quantitativos de oferta
pedoturística por meio de “Lugares de Interesse Pedológico” – LIPe nas trilhas amostradas);
tabulação de dados de oferta e geração de gráficos no software Microsoft Office Excel. A segunda
por: seleção de pontos significativos para teste de resistência superficial do solo através de
penetrômetro de cone com anel volumétrico; abertura de trincheiras nas margens (zonas intactas)
e leito principal (zonas de visitação) das trilhas com descrição macromorfológica dos horizontes
pedológicos; coleta de amostras deformadas e indeformadas de solo com o objetivo de detectar
eventuais alterações físicas e morfológicas como compactação nos horizontes mais superficiais e
erosão no leito da trilha; e quantificação pedoturística. A laboratorial envolveu: análises textural
(granulométrica), medida da porosidade por meio da adsorção de nitrogênio líquido (N2BET),
difratometria de raios x e microscopia óptica de lâminas delgadas. Os resultados demonstraram
que há alterações físicas e morfológicas mais significativas nos solos do leito das trilhas do que
nas adjacências, na sequência Peit>PNSC>PESRM, que se acredita serem relacionadas ao
substrato, declividade e visitação. Os 28 LIPe inventariados têm pontuação média baixa quanto
aos critérios científico e cultural mas alta quanto ao educativo e turístico, carecendo de estratégias
de geoconservação, como proteção legal, conservação, valorização e divulgação e
monitoramento. Tais LIPe são atrativos fundamentais para as “trilhas-solo”, estimulando uma
ramificação do ecoturismo, turismo rural e geoturismo: o “pedoturismo”. Apesar do fim maior
das unidades de conservação ser a conservação da biodiversidade e a categoria Parque permitir a
visitação com fins científicos, é premente o maior investimento em pesquisas para a conservação
dos recursos abióticos. Espera-se que tais dados sirvam para a revisão dos planos de manejo das
três UC, conciliando os três tipos de relatórios e se fazendo como extensão para seus conselhos
consultivos, na forma de contribuição para a gestão, pedoconservação de suas trilhas-solo,
satisfazendo comunidades tradicionais do entorno e visitantes.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Solos, Patrimônio geológico, Geoturismo, Geoconservação
Citação
FONSECA FILHO, Ricardo Eustáquio. Patrimônio pedológico e fatores impactantes ambientais nas trilhas de uso público em parques do Espinhaço Meridional. 2017. 287 f. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.