Percepção dos professores de medicina de uma escola pública brasileira em relação ao sofrimento psíquico de seus alunos.
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Data
2017
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Resumo
O sofrimento psíquico do estudante de Medicina é conhecido e já estudado. O papel do professor em detectar
dificuldades geradoras de sofrimento psíquico em seus alunos e saber como lidar com elas é fundamental
para a prevenção desse sofrimento. Entretanto, nem sempre os professores estão preparados para esses desafios.
Objetivo: Estudar a percepção dos docentes do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) em relação ao sofrimento psíquico de seus alunos. Método: Estudo transversal quantitativo
realizado com os docentes do ciclo profissional do curso de Medicina da UFMG. A amostra de 102
docentes foi obtida por sorteio aleatório e dividida em quatro estratos: masculino até dez anos de docência,
masculino com mais de dez anos, feminino com até dez anos de docência e feminino com mais de dez anos.
Foi elaborado um questionário autoaplicativo de 28 itens com cinco opções da escala de Likert. Para análise
dos dados foram construídos quatro indicadores: indicador de percepção de sofrimento psíquico (IPSP),
indicador de compromisso do professor com as dificuldades emocionais do estudante (ICDE), indicador de
atuação frente ao sofrimento psíquico (IAPS) e indicador geral (IG). Realizou-se análise dos quartis e calculou-
se a diferença entre os grupos utilizando testes não paramétricos. Cinco questões não incluídas nos indicadores
foram analisadas separadamente. Resultados: Dos 102 sorteados, 79 docentes responderam e sete
se negaram a participar da pesquisa. Foi constatada preocupação com o sofrimento psíquico dos estudantes,
variável entre os estratos. Para o IG, as professoras com mais tempo de docência obtiveram a mediana mais
elevada em relação aos homens com menos tempo (p<0,05). Para os demais indicadores, apesar da diferença
entre os quartis, a comparação das medianas não mostrou diferenças estatisticamente significativas. Para as
perguntas não incluídas nos indicadores, do total de professores, 85% já tiveram alunos com dificuldades
emocionais. Os homens, com maior frequência, afirmaram desconhecer a existência de problemas emocionais
entre os estudantes. Houve desconhecimento das instâncias de acolhimento psicólogico aos estudantes
por 16,5% dos professores. A ocorrência de bullying na FMUFMG não foi percebida por mais de 50% dos
professores. Apenas 28% admitiram que seus atos ou atitudes teriam desencadeado sofrimento psíquico no
estudante. Ao se perguntar sobre apoio ao professor, 75,9% desejavam uma instância de apoio emocional
ao professor. Conclusão: Este estudo, apesar das limitações, é inédito ao avaliar a percepção do docente do
curso de Medicina em relação ao sofrimento psíquico dos estudantes. Tempo de docência e sexo feminino
parecem exercer um papel importante na percepção do docente sobre o sofrimento psíquico do estudante.
Parcela significativa de professores desconhece a existência das instâncias de apoio psicológico aos estudantes.
Situações de assédio e bullying na escola médica permanecem negadas por muitos docentes.
Descrição
Palavras-chave
Estudantes de medicina, Educação de graduação em medicina, Estresse psicológico, Docentes de medicina, Stress psychological
Citação
SILVA, M. A. M. da et al. Percepção dos professores de medicina de uma escola pública brasileira em relação ao sofrimento psíquico de seus alunos. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 41, n. 3, p. 432-441, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-55022017000300432&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 16 jun. 2018.