Biocoagulação por quitosana como alternativa no tratamento de águas residuárias da indústria mineral : redução de turbidez e salvaguardo da biota aquática.

Abstract

A legislação ambiental vigente estabelece que os efluentes, de qualquer fonte poluidora, somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde que não causem alteração nas condições e padrões previstos para os mesmos. Esta normativa prevê ainda sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, que causarem poluição de qualquer natureza. A indústria minerária, em sua operação corriqueira, realiza a supressão de vegetação deixando grandes áreas de solo exposto, possibilitando o carreamento de sólidos para os cursos d’ água por eventos pluviométricos, causando poluição hídrica por meio da alteração do parâmetro turbidez por partículas coloidais e, por conseguinte, o desenquadramento dos cursos d’ água. Assim, fica latente a necessidade de se imprimir esforços para o tratamento de águas residuárias da indústria minerária. Todavia, a utilização de coagulantes comuns pode resultar em ecotoxicidade para a biota áquatica em níveis agudos ou crônicos. A presente pesquisa objetivou a avaliação da utilização do biopolímero e coagulante natural Quitosana para remoção de turbidez em águas residuárias da indústria minerária através da biocoagulação. Foi ainda avaliada a ecotoxicidade do coagulante natural em comparação aos coagulantes comumente utilizados. Para isso foram empregados efluentes pluviais sintéticos produzidos a partir da dispersão das partículas finas (coloidais) dos solos em águas naturais. Ambos os materiais, água e solos, foram coletados nas bacias de sedimentação, localizadas na área da mineração. A turbidez dos efluentes sintéticos produzidos variou entre 500 e 4000 uT. Os estudos de remoção de turbidez dos efluentes sintéticos foram conduzidos em Jar Test empregando-se como agentes coagulantes Quitosana, PAC®12 e Superfloc®N100 em doses variáveis. Os resultados demonstraram a eficiência do tratamento de remoção de turbidez com Quitosana para efluentes com diversas faixas de turbidez. Os resultados foram particularmente promissores para as amostras de baixa turbidez (inferior a 1000 uT) possibilitando, inclusive o atendimento aos parâmetros limite preconizados pela Resolução CONAMA nº 357. Além disso foi possível concluir que tanto a Quitosana quanto os efluentes tratados com esse agente coagulante apresentam menor toxicidade à biota aquática do que a combinação entre o cloreto de polialumínio (PAC®12) e o polímero aniônico (Superfloc®N100).