Composição química de sulfetos associados à mineralização de ouro orogênico no Greenstone Belt Pitangui : exemplos dos depósitos Pitangui e Papagaios.
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2022
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Resumo
O greenstone belt Pitangui (GBP) é uma nova fronteira na pesquisa e na exploração de ouro
orogênico no Brasil. A utilização de LA-ICP-MS na determinação dos elementos traços, presentes
na composição química dos sulfetos, contribui na investigação desse tipo de sistema mineral,
entretanto poucos estudos nacionais são encontrados com essa abordagem na região. Existem dois
modelos principais para a fonte de metais e fluidos mineralizantes na geração dos depósitos de
ouro orogênico no GBP: (i) desidratação do pacote metavulcanossedimentar do greenstone belt;
e (ii) contribuições magmáticas de fluidos hidrotermais, metais e calor. Além disso, altas
temperaturas têm sido reportadas para a gênese dos depósitos no GBP. No depósito Pitangui, as
rochas hospedeiras correspondem a metagrauvacas e metapelitos da Formação Onça do Pitangui
e o controle estrutural das zonas de cisalhamento subverticais de direção NW-SE delineiam o
depósito quanto à geometria. Veios de quartzo representam a zona mineralizada e a zona proximal
apresenta intensa formação de sericita, ambas com pirita e pirrotita. Cinco tipos de pirita (PyI,
PyII, PyIII, PyIV e PyV) e dois de pirrotita (PoI e PoII) foram reconhecidas nesse depósito. A PyI
apresenta altas concentrações de Co, Bi, Pb, Sb, Te, Se, Ag e Au e somado às características
texturais sugerem uma origem singenética. As concentrações de Co, Ni, Pb, Te, Sn, Se, As, Bi,
Sb, Ag, Mo e W na pirita epigenética (PyII-IV) sugerem que a desidratação das sequências
metavulcanossedimentares do GBP constituem as principais fontes de metais e fluidos. A PyV,
por sua vez, só aparece no dique metamáfico pós-orogênico e sua origem permanece incerta. No
depósito Papagaios as zonas de cisalhamento subverticais mineralizadas ocorrem
predominantemente nas rochas metavulcânicas máficas, com subordinadas lentes de formação
ferrífera bandada (BIFs) da Formação Rio Pará. A sulfetação da zona mineralizada é marcada
pela presença de quatro tipos de pirita (PyI-IV), quatro de pirrotita (PoI-IV) e três de arsenopirita
(ApyI-III). Esses sulfetos constituem quatro assembleias distintas. Elementos traços com
afinidade tipicamente de rochas máficas (e.g., Ni, Cu, Co) ou de rochas metassedimentares como
as lentes de metaBIF e filito carbonoso (e.g., Sb, Bi, Pb e Sn) indicam as próprias rochas da
Formação Rio Pará como fonte de metais que constituem os sulfetos. Por outro lado, os teores de
Mo, W e Se nos sulfetos podem indicar alguma contribuição de rochas magmáticas félsicas. As
altas temperaturas indicadas pela (i) deformação dúctil; (ii) sincronicidade da alteração
hidrotermal e sulfetação com a deformação; (iii) fácies anfibolito inferior das rochas hospedeiras;
(iv) assembleia de sulfetos; (v) química mineral dos sulfetos; e (vi) geotermômetro da arsenopirita
(568 °C a 610 °C = ApyI; 425 °C a 465 °C = ApyII) sugerem características de depósito hipozonal
ou mesozonal formado sob altas temperaturas para a gênese do depósito Papagaios, em que a
segunda hipótese deve ser a mais acertiva. O depósito Pitangui parece corresponder a um depósito
mesozonal sin- a pós tectônico. Demonstra-se ainda que, quanto maior o teor de Bi, Ag, Pb, Sb,
Zn, Co, Ni e Cu nos sulfetos, maior o teor de ouro da zona mineralizada no depósito Papagaios.
Enquanto que os elementos Bi, Ag, Pb, Sb e Te são aqueles diretamente proporcionais ao Au
quando relacionados à pirita do depósito Pitangui.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Metalogênese, Sedimentação e depósitos, Sulfetos, Quadrilátero Ferrífero - MG, Elementos traços
Citação
MAURER, Victor Câmara. Composição química de sulfetos associados à mineralização de ouro orogênico no Greenstone Belt Pitangui: exemplos dos depósitos Pitangui e Papagaios. 2022. 165 f. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.