Crenças linguísticas nas aulas de língua portuguesa de uma escola de periferia.
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Data
2022
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Resumo
A proposta desta pesquisa foi investigar as crenças linguísticas nas aulas de língua materna, a
partir das perspectivas de alunos(as) dos três anos do Ensino Médio e da professora de língua
portuguesa, em uma escola da rede pública na periferia de Vespasiano (MG). Acreditamos
que, a partir das reflexões sobre crenças linguísticas, é possível (re)pensar o ensino-
aprendizagem de língua portuguesa. Para as concepções teóricas, baseamo-nos nos princípios
da linguística aplicada e da sociolinguística, nos estudos sobre crenças linguísticas e sobre o
ensino-aprendizagem e também práticas de letramentos. Adotamos, neste trabalho, a
concepção de crenças linguísticas como construções sociais e individuais que influenciam
nossos modos de perceber o mundo (BARCELOS, 2006), bem como impactam fenômenos da
língua (BOTASSINI, 2015) e podem ser modificadas e ressignificadas (SOUZA, 2012).
Tendo em vista o contexto de desenvolvimento desta investigação, uma periferia na região
metropolitana de Belo Horizonte, fundamentamos nossa teoria também a partir das questões
de raça, gênero, classe, identidades e suas implicações com a língua e a linguagem. Para a
pesquisa, utilizamos procedimentos metodológicos diversificados, como quantitativo-
qualitativo, análise documental, e observações sob um olhar etnográfico. Foram realizadas
entrevistas, via questionário, com assertivas sobre crenças linguísticas aos(às) estudantes e à
professora na escala Likert, que apontaram discordância ou concordância com as afirmações.
Adicionalmente, foram realizadas observações virtuais, durante a pandemia, e em campo,
quando da volta às aulas presenciais. Tendo em vista que a maior parte da pesquisa ocorreu
durante o regime de estudo não presencial, realizou-se análise dos Planos de Estudos
Tutorados (PETs), documentos elaborados pela Secretaria de Estado de Educação de Minas
Gerais (SEEMG). Nos resultados, observamos, por um lado, que há crenças como a
existências de “certo” e “errado” na forma de falar, a homogeneidade da língua portuguesa
com alto percentual de concordância entre alunos(as), assim como o dever de a escola ensinar
a variedade culta aos estudantes, tanto para alunos(as) quanto para a docente. Por outro lado,
crenças linguísticas como de que brasileiro(a) não sabe português já são avaliadas com
discordância por grande parte de alunos(as) e docente – esta apresenta uma visão menos
progressista quando comparadas suas crenças às dos(as) discentes. Nos PETs analisados,
observamos que tais materiais não apresentam fundamentação teórica adequada acerca da
variação linguística, razão esta de equívocos em definições e usos de termos sociolinguísticos.
Não há utilização de gêneros textuais representativos de situações reais de uso; as abordagens,
em sua maioria, limitam-se a aspectos lexicais baseados na gramática tradicional, além de
desconsiderar a BNCC, mesmo quando se propõem a considerá-la. As observações em
campo, principalmente virtuais, e as entrevistas semiestruturadas nos trouxeram como
resultados o conhecimento de que os(as) alunos(as) estão envolvidos em práticas sociais de
letramentos de reexistência, letramentos digitais, multiletramentos, em ambientes
extraescolares como batalhas de hip-hop, igrejas, redes sociais, entre outros.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Letras. Departamento de Letras, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Letramento, Língua portuguesa - estudo e ensino, Língua materna, Sociolinguística
Citação
NASCIMENTO, Daniele Francisca Martins do. Crenças linguísticas nas aulas de língua portuguesa de uma escola de periferia. 2022, 184 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2022.
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