Avaliação de parâmetros parasitológicos e imunológicos no baço, fígado e em células derivadas de leucócitos circulantes, em cães naturalmente infectados por Leishmania infantum, assintomáticos ou sintomáticos.
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Data
2017
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Resumo
A Leishmaniose Visceral zoonótica é um problema de saúde pública global com uma expansão
crescente em várias regiões do mundo. O cão, como principal reservatório doméstico do parasito,
apresenta-se como um dos fatores que favorecem a expansão da doença em humanos. Dois dos
principais órgãos afetados pela leishmaniose visceral canina (LVC) são o baço e o fígado, que
apresentam alterações estruturais, decorrentes da infecção. A célula mais parasitada no contexto da
infecção por L. infantum é o macrófago, sendo também a célula mais importante na eliminação de
formas amastigotas, através da produção de óxido nítrico (NO), ou espécies reativas de oxigênio
(ROS). Dessa forma, nosso estudo buscou avaliar a influência de determinadas citocinas na
produção de mediadores microbicidas por macrófagos do baço, fígado e derivados de monócitos
circulantes, assim como, a correlação destes fatores imunológicos, com a forma clínica, a carga
parasitária e a esplenomegalia no contexto da leishmaniose visceral canina (LVC). Nossa estratégia
experimental contou com 27 cães, divididos entre cães não infectados (CNI - n=7), cães infectados
assintomáticos (CA - n=10) e cães infectados sintomáticos (CS - n=9). Nos cães infectados, foi
avaliada a carga parasitária por qPCR e LDU (Leishman donovan units), sendo observada uma
carga parasitária maior no baço e fígado do grupo CS. Foi ainda avaliada a presença e grau de
esplenomegalia, por ultrassonografia, sendo verificado que cães do grupo CS, apresentam um maior
grau de esplenomegalia, comparativamente a cães do grupo CNI e CA. Para avaliação da resposta
imune no baço e fígado, foi realizada por citometria de fluxo uma avaliação ex vivo destes
compartimentos. Os resultados demonstraram que em ambos os órgãos existe uma maior população
de linfócitos T CD3+
em cães do grupo CA, comparativamente ao grupo CNI. No fígado foi
constatado um menor percentual de linfócitos T CD4+ e um maior percentual de linfócitos T CD8+,
no grupo CS, relativamente aos grupos CNI e CA. Ao avaliar a produção intracelular de IFN- e
IL-4 nas subpopulações de linfócitos T, foi observado que linfócitos T CD4+ do baço e fígado de
cães do grupo CA demonstraram uma maior capacidade de produção de IFN-, em comparação aos
do grupo CNI e CS. Seguidamente, foram avaliadas por qPCR as expressões de RNAm de várias
citocinas associadas com a resistência e susceptibilidade e da enzima iNOS em baço e fígado, tendo
sido constatada uma maior expressão de IL-12 em ambos os órgãos de cães do grupo CA, em relação
ao grupo CNI. No compartimento esplênico, foi ainda observado um aumento na expressão de iNOS
no grupo CA, por comparação aos grupos CNI e CS e um aumento na expressão de IL-10 nos cães
do grupo CS, em relação aos grupos CA e CNI. Ainda nos compartimentos esplênico e hepático,
foi avaliada a produção de NO e ROS por macrófagos, tendo sido constatada um aumento na
frequência de macrófagos produtores de NO em cães do grupo CA, por comparação aos do grupo
CNI. Em relação à produção de ROS, foi observada uma maior produção em macrófagos do grupo
CA, em relação ao grupo CNI, em ambos os órgãos. Foram ainda realizadas avaliações
imunológicas in vitro, em sistemas de co-cultivo incluindo macrófagos derivados de monócitos
circulantes após infecção com promastigotas vivos de L. infantum GFP, em cultivo com
subpopulações de linfócitos T autólogos (M + CD4+; M + CD8+; M + CD4+ e CD8+). Partindo
desses co-cultivos foi concluído que macrófagos do grupo CA apresentaram uma maior redução da
taxa e intensidade de infecção quando em co-cultivo com linfócitos T CD4+ e/ou CD8+, além disso
foi observada um maior predomínio de linfócitos T CD4+ produzindo IFN- em detrimento de
células produtoras de IL-4 nos cães do grupo CA. Além disso, foi constatado qCA apresentaram
um maior percentual de macrófagos produtores de NO quando em co-cultivo com linfócitos T CD4+
e linfócitos T CD4+ e CD8+, quando comparados ao grupo CS. Foi ainda, examinada a possível
existência de correlações entre os parâmetros avaliados nas diferentes metodologias. Foi assim
observada uma íntima correlação entre fatores, tais como, a expressão de IL-12, o percentual de
linfócitos T CD4+ produtores de IFN- e o percentual de macrófagos produtores de NO que estão
associados à resistência. Por outro lado, fatores tais como a expressão esplênica de IL-10, a
esplenomegalia e o parasitismo, são fatores intimamente associados à susceptibilidade perante a
infecção por L. infantum. Estes resultados contribuem para o entendimento da imunopatologia da
LVC e permitiram identificar marcadores de resistência e susceptibilidade, num contexto clínico e
no desenvolvimento de novas formas de diagnóstico e vacinas.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Óxido nítrico, Macrófagos, Leishmaniose visceral, Leishmania
Citação
VIEIRA, João Filipe Pereira. Avaliação de parâmetros parasitológicos e imunológicos no baço, fígado e em células derivadas de leucócitos circulantes, em cães naturalmente infectados por Leishmania infantum, assintomáticos ou sintomáticos. 2018. 149 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.