Indicadores de qualidade microbiológica da água de consumo, fatores de virulência e condições sanitárias dos povos indígenas Maxakali, Pataxó e Xakriabá, aldeados em Minas Gerais.

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Data
2015
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Resumo
Em Minas Gerais residem sete etnias indígenas. Na região norte, os Xakriabá; na nordeste, os Maxakali, Pankararu e Aranã; na leste, os Krenak; na central, os Pataxó; na centro-oeste, os Caxixó; e na sul, os Xuluru-Kariri. A população é estimada em aproximadamente 10 mil indivíduos, vivendo em mais de 2 mil domicílios distribuídos em aproximadamente 70 aldeias. Crianças indígenas com até cinco anos, naturalmente mais sujeitas a agravos, apresentam risco elevado para doenças diarréicas devido à maior exposição ambiental. Os coliformes fecais, cujo principal representante é a Escherichia coli, são utilizados no monitoramento da qualidade da água Objetivo: Este trabalho teve como objetivo determinar a qualidade microbiológica da água de consumo domiciliar de três etnias indígenas residentes em Minas Gerais, avaliar a susceptibilidade a antibióticos dessas linhagens de Escherichia coli, assim como identificar fatores de virulência desses isolados. Metodologia: O desenho do estudo foi do tipo descritivo, respaldado com exames laboratoriais e análise molecular. Análise da qualidade microbiológica da água de beber foi realizada no universo dos domicílios (N=132) das terras indígenas Maxakali, Pataxó e numa amostra (n=249) dos 1334 domicílios da Terra Indígena Xakriabá, utilizando como critério ter ou não crianças infectadas por Giardia duodenalis e/ou Entamoeba histolytica. Para realização das análises microbiológicas, a água de beber foi coletada em sacos coletores estéreis de 100 ml, e em seguida realizada a filtração em sistema à vácuo em membrana Millipore®. Tais membranas eram transferidas para placas de petri em meio específico Coliblue®, com a finalidade de detectar coliformes totais e Escherichia coli. Nas amostras positivas pelo Coliblue®, ágar McConkey foi utilizado como triagem de isolados lactose positivo para posterior identificação da Escherichia coli. A identificação das espécies de micro-organismos foi realizada através de série bioquímica com o emprego dos meios EPM-MILi. Análise dos fatores de virulência foi realizada nos isolados (n=57) identificados como E. coli. As amostras positivas para E. coli em meio Coli blue®, e após confirmação através da série bioquímica, foram cultivadas em meio BHI a 37 ͦC /24 horas. A caracterização genotípica foi realizada pela técnica da PCR para detecção dos seguintes genes relacionados a fatores de virulência em E. coli: astA, steA, steB, eae, bfp, stx1, stx2, INV, aggA. A frequência absoluta e relativa de condições sanitárias segundo positividade por E.coli e coliformes totais também foi avaliada. As análises estatísticas descritivas (média, desvio padrão, mediana e percentis) e de associação (qui-quadrado) foram realizadas no programa SPSS. A frequência global de domicílios com água contaminada com coliformes totais e E. coli foi respectivamente igual a 80,0% (357/446) e 42,5% (189/445). Dessas, 147 amostras foram positivas pelo Coli blue, 47 amostras foram positivas pelo ágar McConkey, sendo 25 confirmadas pela série bioquímica como E. coli. Dessas, os seguintes fatores de virulência foram positivos: eae (35,29%), astA (52,9%), bfp (67,6%), INV(85,3%), stx1 (16,7%), stx2 (20,6%), steB (8,8%), aggA (17,6%). Conclusão: O estudo demonstrou a presença de genes circulantes que codificam para fatores de virulência de E. coli, nas terras indígenas Maxakali, Xakriabá e Pataxó. Esses resultados demonstram a necessidade de ampliação do sistema de saneamento básico na nessas terras indígenas.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Virulência - microbiologia, Índios - população, Epidemiologia
Citação
SIQUEIRA, Gabriela Lanna de Carvalho. Indicadores de qualidade microbiológica da água de consumo, fatores de virulência e condições sanitárias dos povos indígenas Maxakali, Pataxó e Xakriabá, aldeados em Minas Gerais. 2015. 125 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2015.