O permiano da bacia de Sergipe-Alagoas.
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2020
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Resumo
A Formação Aracaré representa o Eopermiano da fase de sinéclise paleozoica da bacia de SergipeAlagoas. Suas rochas afloram principalmente na região central da bacia. Diversas campanhas de campo
resultaram no levantamento de cinco perfis estratigráficos, nos quais foram identificadas 28 fácies
sedimentares. Para um melhor entendimento dessas fácies, 30 lâminas delgadas foram confeccionadas,
15 amostras foram selecionadas para análises de difratometria de raios X, 40 para análises geoquímicas
de elementos maiores, menores e traços, e três amostras de rochas carbonáticas para análises isotópicas
de carbono e oxigênio. As seções sedimentares são compostas predominantemente por arenitos
estratificados, cherts, carbonatos silicificados, dolomitos finos e pelitos siliciclásticos a mistos. As fácies
identificadas foram reunidas em seis associações de fácies que refletem as condições paleoambientais.
AF1 é denominada de continental eólico-fluvial e é composta de arenitos variando entre finos a grossos,
com estratificações tangenciais e tabulares. A AF2 representa uma planície de maré mista composta por
sedimentos pelíticos com estruturas de ressecamento, microbialitos laminados com teepees, ritmitos
heterolíticos tipo linsen e packstones intraclásticos. A AF3 é composta por mudstones laminados, siltitos
maciços verde e folhelhos escuros, sendo interpretada como depósitos de laguna protegida. A AF4
representa depósitos gerados por onda da zona de Foreshore/shoreface sendo composta por arenitos
com estratificações cruzadas de baixo ângulo e grainstones silicificados. As fácies representativas da
barreira protetora da laguna estão agrupadas na AF5, sendo elas: grainstones ooidais, trombolitos e
estromatólitos. A AF6, interpretada como tidal inlets de ligação entre a laguna protegida e a região
aberta de alta energia, é composta por grainstones intraclásticos e brechas mistas. As principais feições
diagenéticas observadas nas análises petrográfica foram silicificações eodiagenéticas nos carbonatos,
dissoluções de feldspatos e litoclastos e sobrecrescimento de quartzo em mesodiagênese. As análises
geoquímicas revelaram elevados teores de sílica na maioria das amostras, resultado do aporte de
terrígenos e dos conspícuos processos de silicificação. Resultados dos percentuais de elementos maiores,
menores, traço e terras raras, assim com suas relações, reforçaram a importância do aporte terrígeno e
corroboraram a hipótese de uma deposição em ambiente plataformal em condições oxidantes.
Infelizmente, a intensidade dos processos diagenéticos alteraram o sinal primário dos carbonatos
amostrados, o que dificultou a correlação dos resultados de isótopos estáveis com dados do Eopermiano
disponíveis na literatura. O conjunto de resultados obtido mostrou que os depósitos da Formação
Aracaré compunham um ambiente costeiro com uma rampa de sedimentação mista adjacente, sendo
parte um mar epicontinental. O paleoambiente, definindo internamente um sistema lagunar controlado
por planícies de maré protegido da região da alta energia por shoals carbonáticos e construções
microbiais. Na região costeira haveria campos de dunas e rios de pequeno porte desaguando em
pequenos deltas dentro ou fora do sistema lagunar alimentando o ambiente marinho com grãos
terrígenos. A região, localizada entre as latitudes de 40° e 50°, situaria-se no chamado cinturão árido,
no centro do paleocontinente Gondwana. O clima semiárido com monções, com alternância de períodos
mais secos com eventos de grande pluviosidade, ficou refletido nas fácies descritas, em que depósitos
eólicos associado a tapetes microbiais se intercalam com fácies carbonáticas com grande aporte
terrígeno e camadas com troncos fósseis de pteridófitas silicificados. Destaque para a ocorrência das
espículas silicosas de esponjas, a grande diversificação de camadas de cherts e os carbonatos com
diferentes graus de substituição por polimorfos de sílica. As análises químicas confirmaram a origem
biogênica da sílica, apontando como principal fonte as espículas de esponjas. A ausência, porém, de
espiculitos não permitiu uma correlação com o modelo de glass ramps; porém, tudo indica que as
silicificações encontradas tenham uma relação direta com o chamado o Permian Chert Event (PCE).
Apesar da contribuição dos resultados para a uma melhor compreensão do Eopermiano na Bacia de
Sergipe-Alagoas, como tantos outros trabalhos, o presente estudo criou novas perguntas, que podem vir
a ser respondidas através de pesquisas futuras com mais dados de isótopos estáveis, detalhamento das
análises nos cherts e datações radiométricas dos depósitos da Formação Aracaré.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geologia estratigráfica - permiano, Geoquímica, Fácies - geologia
Citação
SILVA, Rafael Oliveira. O permiano da bacia de Sergipe-Alagoas. 2020. 141 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2020.