Infectividade e patogenicidade de diferentes isolados de Leishmania (Leishmania) chagasi obtidos de cães naturalmente infectados.

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Data
2016
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Resumo
No Brasil, a Leishmaniose Visceral (LV), que tem como agente etiológico a Leishmania chagasi (sinonímia Leishmania infantum), vem sendo amplamente distribuída. O cão se destaca como reservatório doméstico deste parasito, favorecendo sua transmissão no ambiente urbano. Considerando que a transmissão da L. chagasi ocorre necessariamente com a participação dos cães no ambiente urbano, e que muitos deles podem ter sido tratados ou estar em tratamento contra esta infecção, sem induzir cura parasitológica, é possível especular que em ambientes domésticos possam estar circulando cepas com características de resistência ao tratamento, bem como alta infectividade e patogenicidade. Neste contexto, torna-se fundamental a caracterização de isolados de L. chagasi, oriundos de cães naturalmente infectados, bem como o estudo do comportamento in vitro e in vivo destes isolados para identificação de padrões de infectividade e patogenicidade. Dentre os resultados obtidos neste estudo, foi possível confirmar, pela PCR-RFLP, que todos os isolados são da espécie L. chagasi. De forma interessante, o cultivo dos diferentes isolados em linhagem de macrófago canino (DH82) evidenciou perfis distintos de infectividade e carga parasitária. Esta abordagem permitiu identificar os isolados com comportamentos polares in vitro, representados por infectividade e carga parasitária elevada (isolado 616) ou reduzida (isolado 614). Após este estudo inicial in vitro, foi realizado uma análise do perfil de infecção em hamsters, utilizando estes isolados, bem como a cepa padrão PP75 e a cepa selvagem OP46. Em um segundo experimento com estes isolados e com as cepas padrão (PP75 e OP46), os animais de cada um dos grupos foram submetidos a uma intervenção com a administração de Glucantime® em dose subterapêutica. De forma interessante, a taxa de sobrevida nos animais infectados com o isolado 616 foi de 100%, enquanto que para os animais infectados com o isolado 614 (com ou sem intervenção medicamentosa), bem como com o isolado 616 (nos animais que receberam Glucantime®) foi em torno de 50%. De um modo em geral, o isolado 614 induziu: (i) maiores alterações clinicopatológicas, (ii) indicativo de alteração hepática pelas análises bioquímicas, (iii) intenso infiltrado inflamatório no fígado, (iv) elevação da carga parasitária avaliada por qPCR no baço e no fígado. Estes resultados mostraram que o isolado que foi menos infectivo (614) nos ensaios in vitro foi o mais infectivo e patogênico em hamsters. Por outro lado, na presença de infecção com o isolado 616 e com administração de Glucantime®, o perfil da infecção mostrou maior gravidade, alterando, portanto, a evolução da infecção. Em conjunto, os dados obtidos pela análise in vitro em macrófagos caninos da linhagem DH82, a partir de isolados de L. chagasi apresentando perfis polares de infectividade, não refletiram o mesmo padrão nos ensaios in vivo utilizando hamsters. Além disto, foi observado que o tratamento não efetivo da leishmaniose visceral experimental pode induzir alteração no curso da infecção, tornando-a mais agressiva.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Infecção, Leishmaniose visceral, Hamster
Citação
OLIVEIRA, Lucilene Aparecida Resende. Infectividade e patogenicidade de diferentes isolados de Leishmania (Leishmania) chagasi obtidos de cães naturalmente infectados. 2017. 102 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.