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    A Universidade de São Paulo e a interventoria de Adhemar de Barros : memórias de um conflito político.
    (2017) Esteves, Henrique Afonso; Carvalho, Rosana Areal de; Carvalho, Rosana Areal de; Abreu, Marcelo Santos de; Bontempi Júnior, Bruno
    Esta pesquisa de mestrado tem como objetivo compreender a Universidade de São Paulo no advento do Estado Novo a partir das tensões entre distintas representações políticas de Adhemar de Barros, no período em que o mesmo atuou como interventor federal, de 1937 a 1941. Surgiu da constatação de que, em alguns pontos da memória da Universidade de São Paulo, o interventor era visto como inimigo, enquanto, em sua biografia, já contemporânea, e pelas páginas dos periódicos no Estado Novo, era descrito como político visionário de vasto conhecimento e de inúmeras contribuições à infraestrutura e à educação médica da universidade. Insere-se na área de investigação das instituições de ensino e tem como eixo norteador aspectos teóricos levantados pela Nova História em seu processo de renovação metodológica, principalmente, no que se refere à política, à cultura e às representações. A problemática desenvolve-se a partir do seguinte questionamento: teria Adhemar de Barros, utilizado um alto cargo político com o intuito de extinguir ou reprimir a instituição, ou apenas adequá-la ao regime estadonovista, sua nova condição, para manter-se visível à política após a extinção do poder legislativo e dos partidos? As fontes utilizadas, vistas como elementos que conferem identidade à instituição, são jornais, discursos solenes, entrevistas e memórias do corpo docente, que variam em documentos primários e secundários, de época e contemporâneos. A metodologia se deu através de uma meso-abordagem que privilegia os movimentos de interação entre políticas internas e externas, sujeitos e grupos, sociedade e instituição. Os resultados apontam para duas representações distintas do mesmo interventor. Enquanto os periódicos, sob tutela do Departamento de Imprensa e Propaganda, expõem um Adhemar de Barros visionário, sobretudo, pelas obras que contemplam a Faculdade de Medicina; a memória institucional relaciona-o com o regime repressivo, que lhe deu sustentação política como interventor, e com suas ações que iam à contramão do laicismo e da liberdade administrativa, propagada principalmente por membros da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Entendemos que o valor deste trabalho se deposita na construção da História por meio das instituições educativas e sua memória, pois essas revelam, além de uma cultura interna própria, ações políticas que extrapolam, comumente, o espaço dos seus prédios.