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    A educação física em “celas de aula” : possibilidades e desafios de professores iniciantes atuantes em unidades prisionais.
    (2018) Custódio, Glauber César Cruz; Nunes, Célia Maria Fernandes; Nunes, Célia Maria Fernandes; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Paixão, Jairo Antônio da
    A educação prisional é uma realidade hoje no Brasil. Essa modalidade de educação é amparada por variados documentos, decretos e resoluções que visam garantir o direito à educação aos sujeitos em situação de privação de liberdade. Em seu currículo, são oferecidas diferentes disciplinas, entre elas, a Educação Física, que tem suas características e necessidades específicas. Dessa forma, esta investigação intencionou compreender as possibilidades e possíveis desafios enfrentados pelos professores de Educação Física, no início de carreira, atuantes em escolas de unidades prisionais da Região dos Inconfidentes. Esta investigação, constitui-se como uma pesquisa de natureza qualitativa, que utilizou como instrumentos para obtenção dos dados entrevista semiestruturada, questionário e caderno de campo. Participaram da pesquisa três professores de Educação Física, em início de carreira, que atuam nos três estabelecimentos prisionais convencionais da região elegida para o estudo com a oferta da educação prisional. Constatamos que os professores iniciantes de Educação Física defrontam-se com diferentes desafios nas escolas prisionais, que podem limitar suas possibilidades, como a formação inicial que não abarcou, em nenhum momento, algum conteúdo ou disciplina específica à educação prisional. A indisponibilidade de formação continuada específica à área também aparece como uma outra questão. Os professores participantes citam, também, o olhar negativo da sociedade sobre a educação prisional, os dilemas com agentes de segurança prisional, a falta de autonomia dos professores diante das rígidas regras dos estabelecimentos prisionais, a imprevisibilidade das ações escolares em virtude dos acontecimentos inesperados nas prisões, a falta de apoio da escola aos professores, o não reconhecimento da importância da Educação Física e de seu professor pelos docentes das outras disciplinas, a precarização física estrutural das escolas prisionais, as restrições de matérias e estratégias didáticas. Há, ainda, uma condição negativa específica para a Educação Física, no que se refere as aulas acontecerem somente dentro da sala/ cela, sendo as aulas teóricas sua grande maioria. Essas circunstâncias limitam o alcance dos propósitos educacionais da disciplina e engendram um paradoxo, pois, quando se pensa na disciplina pressupõe-se a presença de movimento e de práticas corporais. Todavia, salienta-se que os professores revelam grande satisfação em exercerem a docência em escola prisional, destacando, por exemplo, o grande respeito que os alunos têm. Diante de tais questões, entendemos que faz-se necessário repensar aspectos da formação dos professores e a lógica de organização das escolas prisionais através de mecanismos que reduzam os desafios e que favoreçam a prática docente com a Educação Física nesse contexto.