DEGEO - Departamento de Geologia

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    Estudo da gênese dos carbonados relacionados com o Cráton do São Francisco.
    (2020) Ferreira, Gabriel Henrique Coelho; Cipriano, Ricardo Augusto Scholz; Zincone, Stéfano Albino; Graça, Leonardo Martins; Cipriano, Ricardo Augusto Scholz; Barbosa, Cassandra Terra; Penha, Ulisses Cyrino
    Carbonado é uma peculiar variedade policristalina de diamante, encontrada em depósitos pláceres no Brasil e na República Centro-Africana, cuja origem e história geológica não é um consenso. Os estudos cristalográficos usando microscópio eletrônico de varredura (MEV) e difração de elétrons retroespalhados (EBSD) foram conduzidos para uma amostra do Brasil. A mineralogia essencial inclui diamante (62,7 %), goyazita (14,5 %) e florencita (11,9 %). O zero solution registrou 10,8 % e representa porosidade com morfologia irregular inter e intra-granular. Os grãos de diamante registram limites irregulares com bordas interlobadas e ausência de orientação cristalográfica preferencial. As figuras de polo das fases diamante, florencita e goyazita mostram coincidências sistemáticas em todo carbonado investigado. Os resultados de EBSD revelaram que 59,0 % dos grãos de diamante são subestruturados, 24,5 % recristalizados e 16,5 % deformados. Embora os resultados tenham mostrado uma distribuição gradual de tamanho dos grãos de diamante, foi possível distinguir duas regiões, uma com predominância de grãos grossos subestruturados e outra de grãos finos deformados. Nossos resultados sugerem que a cristalização primária do agregado micrométrico de grãos de diamantes euédricos ocorreu no manto e, subsequentemente, um evento de deformação promoveu o cisalhamento de contorno de grão no agregado, gerando os limites irregulares dos grãos com bordas interlobadas, os grãos finos que compõem as bandas de cisalhamento e a alta concentração de poros. Um crescimento epitaxial de florencita e goyazita sobre o diamante também pode ser caracterizado em duas posições espaciais diferentes, como evidenciado pelas coincidências dos planos (0001) // (111) e (10-11) // (1-11). Reunindo nossos resultados e estudos prévios, propomos um novo modelo de desenvolvimento do carbonado que inclui a cristalização do agregado de grãos de diamante no manto, deformação, ascensão e colocação próxima a um reator nuclear natural e, por fim, a erosão e o retrabalhamento por fluidos hidrotermais.
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    Petrogênese e geocronologia de xistos pelíticos na região de Pinheiros Altos-Piranga, Quadrilátero Ferrífero, MG.
    (2019) Queiroz, Yanne da Silva; Queiroga, Gláucia Nascimento; Moraes, Renato; Queiroga, Gláucia Nascimento; Alkmim, Fernando Flecha de; Novo, Tiago Amâncio
    Nas imediações de Piranga, sudeste do Quadrilátero Ferrífero (QF), emerge uma seqüência metapelítica associada a rochas metamáficas e metaultramáficas atribuídas até então ao Supergrupo Rio das Velhas, de idade arqueana. Novos dados geoquímicos, geocronológicos e petrológicos, incluindo análise de pseudoseções, foram realizados sobre 3 amostras de mica xistos com o intuito de fornecer novos registros sobre o cenário geocronológico-estratigráfico dessa seqüência metapelítica e contribuir para a compreensão do papel da orogenia Brasiliana no cenário de evolução tectônica do Quadrilátero Ferrífero. A seqüência metapelítica é composta por rochas inequigranulares porfiroblástica, com matriz granolepidoblástica a lepidogranoblástica, formadas pela paragênese plagioclásio + quartzo + biotita + muscovita + granada + estaurolita ± Mg-clorita, típica de fácies anfibolito. Os valores de temperatura do pico metamórfico, obtidos pelo modo Average do THERMOCALC, variam de 630 a 650 °C, enquanto os valores de pressão são de aproximadamente 7 kbar. As pseudosseções mostram campos de estabilidade muito bem definidos na fácies anfibolito, sendo que o caminho do metamorfismo indica um aumento progressivo das condições de temperatura e pressão. A idade máxima de sedimentação de 1851±61 Ma, com pico unimodal em torno de 2100 Ma, aponta para uma história deposicional muito mais jovem do que aquela anteriormente atribuída a essa sequência metapelítica. Idades U-Pb em monazitas de cerca de 500 Ma indicam a ocorrência de pulsos hidrotermais mais jovens nessa região, responsáveis por recristalizar/resetar essas monazitas durante o Cambriano. Este conjunto de dados permite a redefinição estratigráfica da seqüência metapelítica estudada, agora localizada no topo da coluna estratigráfica do QF e correlacionada provavelmente ao Grupo Itacolomi. No entanto não se descarta a possibilidade dessa unidade pertencer aos Grupos Sabará ou Dom Silvério. Esta sequência foi, portanto, depositada antes da orogênese Transamazônica e metamorfizada e deformada em fácies anfibolito médio a superior provavelmente durante a orogenia Neoproterozóica Brasiliana.
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    Geoquímica de micas e turmalinas de pegmatitos do distrito pegmatítico de Conselheiro Pena - MG : implicações para gênese e evolução de pegmatitos.
    (2018) Torres, Jessica Larissa Lima; Cipriano, Ricardo Augusto Scholz; Cipriano, Ricardo Augusto Scholz; Graça, Leonardo Martins; Faulstich, Fabiano Richard Leite
    Estudos geoquímicos em micas e turmalinas e análises isotópicas em turmalinas de pegmatitos do Distrito Pegmatítico de Conselheiro Pena – Província Pegmatítica Oriental do Brasil – foram conduzidos para: 1) analisar a relação dos corpos com o granito Urucum, que se acredita ser o plúton fonte; 2) investigar sua origem e evolução; e 3) avaliar seu potencial econômico. Considerando o fracionamento de um plúton granítico como o modelo mais aceito para a gênese de pegmatitos, alguns fatores sugerem que os corpos deste estudo não representam magmas residuais provenientes do fracionamento da Suíte Urucum: essa não pode ser classificada como fértil de acordo com a composição química de suas fácies; a posição de pegmatitos a elementos raros ao redor e dentro do Granito Urucum é inconsistente com o modelo de evolução e localização de magmas enriquecidos em elementos raros à medida que evoluem a partir de uma intrusão granítica em comum; e não há padrões geoquímicos claros entre os minerais dos pegmatitos e a Suíte Urucum. Análises de isótopos de boro feitas em cristais de turmalina geraram valores de δ11B na faixa de -16,3 a -11,3 ‰ (n = 86) para os pegmatitos, -13,8 a -11,5 ‰ (n = 8) para os xistos encaixantes da Formação de São Tomé e -14,0 para -13,1 ‰ (n = 6) para a fácies Córrego do Onça da Suíte Urucum. Essa composição isotópica extremamente similar sugere que todas as rochas analisadas provêm de uma fonte comum, mas são necessários mais estudos para determinar se as intrusões são provenientes do fracionamento de um plúton granítico não aflorante ou representam a fusão parcial de um protólito metassedimentar ainda desconhecido. A maioria dos pegmatitos são classificados como complexos e alguns (Boca Rica, Cigana e Pomarolli) são portadores de Li, com espodumênio, trifilita e/ou ambligonita. No entanto, as composições químicas das micas e turmalinas não apresentam correlação com a presença de tais minerais de Li: onde os minerais litiníferos ocorrem, micas e turmalinas possuem baixos valores de elementos raros, enquanto que as micas e turmalinas de pegmatitos sem minerais de Li (Urucum, Sapo e Jonas) contêm maiores quantidades de elementos como Li, Rb, Cs e Sn. Portanto, parece não ser possível usar as análises químicas das micas e turmalinas para avaliar o potencial econômico de cada pegmatito.
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    Contribuição à estratigrafia e geocronologia U-Pb de zircões detríticos da Formação Moeda (Grupo Caraça, Supergrupo Minas) na Serra do Caraça, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais.
    (2016) Nunes, Filipe Silva; Martins, Maximiliano de Souza; Lana, Cristiano de Carvalho; Alkmim, Fernando Flecha de; Babinski, Marly; Martins, Maximiliano de Souza
    O posicionamento litoestratigráfico da região denominada serra (maciço) do Caraça é um dos pontos mais controversos na literatura geológica do Quadrilátero Ferrífero. O trabalho traz à luz do conhecimento, novos dados litoestratigráficos associados a dados geocronológicos para a região. Os metassedimentos encontrados na serra, apresentam correlação lito e cronoestratigrafica com a Formação Moeda, apresentando idade deposicional máxima em 2520 ± 13 Ma, neoarqueana tardia. Foram reconhecidas três unidades (associações de fácies) na região. A unidade 1 foi interpretada como um sistema fluvial entrelaçado, a unidade 2 como um sistema fluvial entrelaçado com retrabalhamento eólico localizado, e a unidade 3 como um sistema fluvial entrelaçado com formação de linha de costa em porção restrita da bacia. Acredita-se que os sedimentos tenham se depositado em ambiente de rifte intra continental com evolução para margem passiva, representando o começo de um ciclo de Wilson na porção sul do cráton são Francisco por volta de 2,5 Ga, transcição entre o arqueano e o paleoproterozoico.
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    Petrogênese do Granulito Pedra Dourada, MG.
    (2015) Marinho, Kassia de Souza Medeiros; Evangelista, Hanna Jordt
    O Granulito Pedra Dourada (GPD) consiste de uma associação de rochas metamórficas de fácies granulito que ocorre ao norte da cidade de Ponte Nova, região sudeste de Minas Gerais. Tal unidade aflora em corpos com área de até 45 km2, encaixados entre os ortognaisses do Complexo Mantiqueira e a sequência metavulcanossedimentar do Grupo Dom Silvério, ambos de fácies anfibolito. As três unidades estão inseridas na Faixa Araçuaí, que corresponde ao domínio externo do Orógeno Araçuaí. Motivado pela discrepância de grau metamórfico com os terrenos adjacentes, o presente trabalho teve como objetivos fundamentais compreender a gênese do GPD e elucidar o seu significado geotectônico no contexto do Orógeno Araçuaí. O GPD compreende rochas orto e paraderivadas. Os ortogranulitos são predominantes e incluem litotipos félsicos (biotita granulito e ortopiroxênio granulito) e subordinadamente granulitos máficos. Os paragranulitos são aluminosos e se caracterizam pela presença de minerais ricos em Al (granada, sillimanita, espinélio). O biotita granulito félsico é composto por feldspato potássico + plagioclásio + quartzo + biotita ± granada. O ortopiroxênio granulito félsico é constituído de plagioclásio + feldspato potássico + quartzo + ortopiroxênio + biotita ± clinopiroxênio ± granada ± hornblenda. Os granulitos máficos são formados por plagioclásio + ortopiroxênio + clinopiroxênio + biotita ± hornblenda ± quartzo ± granada. Os granulitos aluminosos são compostos de granada + plagioclásio + quartzo + biotita ± feldspato potássico ± ortopiroxênio, além de sillimanita e hercinita, que só ocorrem inclusos em granada poiquiloblástica. As estimativas P-T do metamorfismo granulítico obtidas no THERMOCALC com o método Average PT variam entre 797 – 725 °C e 7,1 - 6,5 kbar para o granulito félsico; 740 – 730 °C e 9,5 – 9,0 kbar para o granulito máfico; 846 – 759 °C e 7,6 - 6,4 kbar para o granulito aluminoso. Dados geoquímicos mostram que os protólitos félsicos são granitos, dioritos e granodioritos, predominantemente peraluminosos e com assinaturas cálcio-alcalinas. São quimicamente semelhantes a granitóides de margem convergente. Os protólitos máficos são gabros e dioritos metaluminosos de caráter tholeiítico, composicionalmente correlacionáveis a basaltos de margem de placa. Os protólitos aluminosos são pelitos e grauvacas peraluminosos, análogos a sedimentos de margem convergente. Análises geocronológicas U-Pb via LA-ICP-MS revelaram que os granulitos félsicos apresentam pelo menos dois protólitos distintos. O mais antigo representa o registro de um evento magmático neoarqueano (ca. 2,7 Ga), enquanto o mais recente corresponde a um magmatismo juvenil com idade paleoproterozóica (ca. 2,1 Ga). O estudo de proveniência sedimentar do granulito aluminoso indicou a contribuição de diversas áreas-fonte, com picos de frequência entre o Paleoarqueano (ca. 3350 Ma) e o Riaciano (ca. 2268 Ma). A idade máxima de sedimentação foi interpretada em ca. 2,2 Ga, associada a bacias intra-arco riacianas. O metamorfismo de fácies granulito ocorreu em ca. 2,07 - 2,04 Ga e afetou as rochas juvenis, as bacias riacianas e as porções do embasamento arqueano. Esse evento tectono-termal é relacionado ao período colisional da Orogenia Transamazônica. A ocorrência de granada coronítica em todos os litotipos sugere uma trajetória de resfriamento aproximadamente isobárico (IBC-path) após o pico metamórfico. Sendo assim, os terrenos granulíticos requereram uma segunda orogenia que permitisse a sua exumação. No contexto geológico do GPD, esse evento pode ser atribuído à Orogenia Brasiliana.
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    Assinatura geoquímica da hematita compacta do Quadrilátero Ferrífero – MG : uma contribuição para a compreensão de sua gênese.
    (2015) Rodrigues, Daniel Aparecido da Silva; Nalini Júnior, Hermínio Arias
    O estudo da gênese da hematita compacta do Quadrilátero Ferrífero (QFe) é motivo de interesse tanto científico quanto econômico. No entanto, têm-se poucos trabalhos sobre estudos geoquímicos relevantes que possam contribuir para a gênese do minério hematítico. A hematita compacta é um tipo especial de minério de ferro, pois apresenta elevado teor em ferro, baixo teor em sílica e textura maciça. Há certa controvérsia sobre o tipo de mineralização envolvido na formação da hematita compacta, alguns autores defendem a origem supergênica e outros a participação de fluidos hipogênicos-metamórficos-hidrotermais na formação desse tipo de minério. Esse trabalho tem como objetivo contribuir para o entendimento da gênese da hematita compacta. As amostras para estudo foram coletadas em três regiões distintas do QFe: Complexo Itabirito (Minas do Pico, Galinheiro e Sapecado), Complexo Fazendão (Minas São Luiz, Tamanduá e Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito). Foram coletadas amostras de hematita compacta e amostras de itabirito, com a intenção de comparar e verificar se há semelhança geoquímica entre ambas, sobretudo no que se refere à composição de elementos-traços, inclusive os elementos terras raras (ETR’s). Fez-se a caracterização mineralógica das amostras por técnicas microscópicas (Microscopia Óptica e MEV-EDS) e por DRX. A composição da hematita compacta é bastante simples, sendo constituída, essencialmente, por hematita (valor médio de Fe2O3 = 98,0%). Em todas as amostras foram observados a presença de magnetita (FeO.Fe2O3 = 3,0 a 20,0%) e, ainda em algumas amostras foram evidenciados a martitização, que é um processo de alteração oxidativa, em que a magnetita se transforma em hematita. Já as amostras de itabirito são constituídas, principalmente, por camadas alternadas de hematita e quartzo. A determinação de ferro total foi realizada pelo método titulométrico com dicromato de potássio, os valores obtidos variaram de 98,51 a 99,86%; 87,45 a 98,51% e 98,59 a 99,74% para as amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Todas as amostras apresentam valores de óxido ferroso (FeO) inferiores a 1,0%. As análises geoquímicas foram realizadas para se determinar os elementos maiores e menores por ICP-OES e a determinação dos elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Y, Er, Tm, Yb e Lu) por ICP-MS. As amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito são as que apresentam maiores teores de Fe total médio e maiores teores médio de elementos-traços analisados quando comparado com os outros complexos estudados. Todas as amostras analisadas apresentam anomalias positiva de Eu, indicando uma possível contribuição de fontes hidrotermais na formação da hematita compacta. A maioria das amostras apresentam anomalias positivas de Ce, sugerindo uma ambiente redutor na época de formação dessas amostras. A variação na concentração de elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y, pode indicar heterogeneidade na concentração original dos fluidos mineralizantes ou nos processos envolvidos na gênese desse minério. Apesar das variações de concentração, observa-se um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL na maioria das amostras.
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    Contribuição à geoquímica, geocronologia, estrutura e evolução dos segmentos central e setentrional do arco magmático Rio Doce, Orógeno Araçuaí, MG.
    (2015) Gonçalves, Leonardo Eustáquio da Silva; Alkmim, Fernando Flecha de; Soares, Antônio Carlos Pedrosa
    O Orógeno Araçuaí, localizado no sudeste do Brasil, juntamente com o cinturão do Congo Ocidental, situado na parte central oeste da África, formam o Orógeno Araçuaí-Oeste Congo, o qual foi gerado durante o fechamento do segmento terminal do Oceano Neoproterozóico Adamastor. Confinado entre os crátons do São Francisco e Congo, esta porção do Adamastor era somente parcialmente oceanizada. Embora este sistema orogênico seja diferente da vasta maioria dos orógenos conhecidos, ele contém uma grande quantidade de rochas ígneas orogênicas formadas em todos os estágios de sua evolução, desde o Ediacarano até o Ordoviciano. No presente estudo serão fornecidas novas informações sobre os segmentos central e setentrional da assembléia granítica Ediacarana mais antiga, a Supersuite G1, a qual em conjunto com o Grupo Rio Doce materializa o Arco Magmático Rio Doce. No segmento central, situado entre as cidades de Governador Valadares e Ipanema, MG, relações de campo e composições mineralógicas permitiram a individualização de três associações de litofacies, denominadas de zona com rochas portadoras de Opx, Tonalito-Granodiorito rico em enclaves e Granito a Tonalito pobre em enclaves, as quais foram interpretadas como exposições de diferentes níveis crustais na parte central do Orógeno Araçuaí. Portanto, essa região parece representar uma seção crustal inclinada, sendo que as raízes mais profundas do arco estão agora expostas ao longo de sua borda oeste. Quimicamente, essas associações plutônicas consistem majoritariamente de rochas magnesianas, metaluminosas a levemente peraluminosas (média ASI = 1,02), com assinatura cálcio-alcalina a alcali-cálcica de médio a alto-K. Nessa mesma região, rochas dacíticas e riolíticas do Grupo Rio Doce são essencialmente magnesianas, peraluminosas, cálcicas a cálcio-alcalinas e de médio a alto-K. Por outro lado, os plutons que formam a terminação norte do arco, entre os municípios de Teófilo Otoni e Rio do Prado, MG, consistem de granodioritos, tonalitos e monzogranitos, os quais quimicamente são similares à uma série magnesiana, levemente peraluminosa (média ASI = 1,07), cálcica (68%) a cálcio-alcalina (24%), e em menor proporção alcali-cálcica (8%), de médio a alto-K. As rochas graníticas G1 de ambas as áreas são marcadas por anomalias negativas de Nb-Ta, Sr e Ti, que seriam típicas de magmas relacionados à subducção. Entretanto, a combinação de dados isotópicos de Sr, Nd e Hf (HF(t) = -5,2 e -11,7 para os granitos G1 do norte), caracterizam o predomínio de uma assinatura crustal relacionada à anatexia de rochas meta-ígneas e meta-sedimentares, sobre cristalização fracionada de magmas de derivação mantélica. Novos dados U-Pb obtidos em zircão do segmento central do arco restringem a cristalização das rochas graníticas entre ca. 625 e 579 Ma, enquanto as idades das rochas meta-vulcânicas variam entre ca. 585 e 578 Ma. Esse evento, o qual antecede, com alguma superposição, a colocação dos granitos do tipo-S sin-colisionais do orógeno, deve assim representar o evento pré-colisional, relacionado à subducção, que teve lugar na formação do Orógeno Araçuaí. Adicionalmente, composições isotópicas Sm-Nd de rocha total mostram valores variáveis de Nd(t) entre -13,02 e -6,52, e idades modelo TDM variando entre 1,51 e 1,87 Ga. Portanto, predominantemente construído sobre um arco magmático Riaciano entre 630 e 580 Ma, a porção central do Arco Rio Doce mostra que fundidos crustais largamente prevalecem sobre magmas mantélicos, fornecendo dessa forma um bom estudo de caso, que em estudos futuros, poderá ser comparado a contextos orogênicos similares em outras partes do mundo. Para o segmento norte, novas idades U-Pb em zircão individualizaram dois grupos de granitóides. O mais antigo deles cristalizou entre 630 e 590 Ma e experimentou migmatização em torno de 585 Ma, ao passo que o grupo mais jovem cristalizou entre 570 e 590 Ma, e não mostra qualquer evidência de migmatização. Várias das amostras estudadas mostram boa correlação, em termos químicos, com campos de composições experimentais de fusão de anfibolitos, com algumas amostras plotando no campo de fusão de grauvacas. As rochas G1 do segmento norte apresentram diferenças se comparadas aos típicos granitos do tipo-I ou granitos do tipo-S, sendo particularmente similares aos granitos transicionais I/S descritos no arco Ordoviciano Famatiniano (NW Argentina). Sugere-se, portanto, um modelo híbrido, o qual envolveria fusão de rochas meta-ígneas (anfibolitos) e meta-sedimentares (meta-grauvacas) para a produção de magma na terminação norte do Arco Rio Doce. Entretanto, a real contribuição entre os membros finais nesse processo é um trabalho desafiador, ainda a ser realizado.
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    Geoquímica e petrogênese da Suíte Galiléia : exemplo de magmatismo tipo-I metaluminoso pré-colisional Neoproterozóico da região do médio rio Doce (MG).
    (2005) Nalini Júnior, Hermínio Arias; Machado, Rômulo; Bilal, Essaid
    A Suíte Galiléia (594 ±6 Ma; U-Pb em zircões) está situada na região do Médio Vale do Rio Doce, entre as cidades de Governador Valadares e Galiléia, no oeste do estado de Minas Gerais. Corresponde a um batólito granítico alongado (>70 km x ~60 Km) com características tectônicas pré-colisionais associado com o corredor de Cisalhamento Conselheiro Pena-Resplendor. Possui uma foliação no estado sólido predominante e uma foliação magmática subordinada. É constituída essencialmente por tonalitos, tonalito-granodioritos e granitos, sendo comum a presença de enclaves microgranulares quartzo monzodioríticos. Estas rochas possuem características químicas cálcio-alcalinas, médio-K, meta-aluninosas a marginalmente peraluminosas, com índice de saturação em alumina entre 0,85 e 1,07. Os teores em SiO2 (tonalitos, granodioritos e granitos) variam entre 58,1 a 72,1%, com valores de K2O entre 1,1 e 4,4% e razões Na2O/K2O entre 0,6 e 2,8. Observam-se, em diagramas do tipo Harker, alinhamentos contínuos de grande parte dos elementos maiores e traços (Fe2O3, Al2O3, P2O5, CaO, K2O, MnO, Co, V, Sc, Zn e Ga), que são compatíveis com a cristalização de minerais ferrromagnesianos, feldspatos (plagioclásio e feldspato potássico) e minerais acessórios. Os isótopos de Sr e Nd disponíveis sugerem a predominância de processos de reciclagem crustal para a origem dessas rochas.
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    Geologia e petrogênese de corpos máficos-ultramáficos da faixa Brasília Sul, borda sul do Cráton São Francisco - MG.
    (2013) Pinheiro, Marco Aurélio Piacentini; Suita, Marcos Tadeu de Freitas
    No sul de Minas Gerais, porção meridional do orógeno Tocantins, ocorrem variedades de (meta)mafitos-ultramafitos em meio a metassedimentos neoproterozóicos, plataformais a oceânicos. Este trabalho aborda as associações do Complexo Petúnia, sul do Complexo Campos Gerais, e da região de Andrelândia. As do Complexo Petúnia são variedades metamórficas de dunito, olivina (ol) ortopiroxenito pegmatóide, cromitito, hornblendito, gabros, e basaltos (granada anfibolitos). Os ol ortopiroxenitos constituem-se de ortopiroxênio (En87-93) pegmatóide que envolve cúmulus de Crespinélio e ol (Fo84-91), bandados cripticamente, e compõem variedades de xistos e felses de antofilita, clorita (cht), carbonato (car), talco e magnetita (mag). O cromitito é laminado, com cromita fina, ortocumulática (assinatura estratiforme) e cht pseudomórfica intercúmulus. Os metagabros formam tipos coronítico e cataclasado. O primeiro exibe trama sub-ofítica com augita, labradoritabytownita(by) e ilmenita (il), com ol reliquiar compondo reações incompletas com plagioclásio (pl) e il, com coronas múltiplas de serpentina (opx) e anfibólio monoclínico (cam), Fe-tschermakita (tsch) e gedrita. O metagabro cataclasado (diopsídio, albita-oligoclásio e Mg-hornblenda-actinolita) apresenta textura de substituição, granonematoblástica e pseudotaquilito. Os granada anfibolitos (pargasitahornblenda, oligoclásio-andesina, titanita e granada almandínica), nematoblásticos a miloníticos, tem assinaturas variando de basaltos MORB´s aos de arco vulcânico, sugestivos de magmas transicionais, manto fértil e zonas de supra-subducção. Análises termobarométricas (calibrações de Al em anfibólio) forneceram valores de 7,5-9,0 Kbares, e pares de hornblenda (hbl)-pl forneceram valores entre 635- 675°C e 7,5-8,9 Kbares. Dados de concórdia U-Pb (zircão, SHRIMP) do metagabro forneceram idade de cristalização em 2.963±6 Ma. Os baixos valores de EGP nos (meta)ultramafitos e altos no metagabro coronítico (~15ppb de Pt+Pd), e cromititos (ca. 1ppm) aventam a possibilidade de um magma rico em EGP, provavelmente concentrados em horizontes específicos (reefs) com a possivel influência de processos concentradores/dispersores metamórfico/hidrotermais. Na região de Andrelândia, corpos anfibolíticos, em meio às unidades metassedimentares das nappes Andrelândia, Liberdade, Pouso Alto e Lima Duarte, compõe-se de basaltos MORB´s aos de arcos de ilhas. Isto sugere ambientes oceânicos cronocorrelatos associados a zonas de supra-subducção. Idades concórdia U-Pb (zircão, SHRIMP) forneceram valores de cristalização riacianas, ca. 2,15 Ga, com intercepto inferior em torno de 600 Ma. Foram determinadas condições termobarométricas desarmônicas entre as variedades, com valores entre 5,5-8,3Kbares e 550-930°C para anfibolitos em meio a metassedimentos da Nappe Liberdade, 7,5-8,1 Kbares e 700°C, da Andrelândia e, 8,3-8,9 Kbares e 780-810°C, e da Lima Duarte. Um litotipo ultramelanocrático, cálcico, de composição ultrabásica, ocorre associado a metaultramafitos na base da klippe Carvalhos. Apresenta textura granoblástica (gnáissica) com granada (grd), clinopiroxênio (cpx), hbl e epidoto (ep), com simplectitas retrógradas de cpx (dipsídio)/hbl e pl ao redor de grd, com espinélio (spl), il, magnetita e car, e, provavelmente constitua uma variedade metarrodingítica. O cpx granoblástico apresenta composição acima do campo do dipsídio e alto conteúdo de Alvi, e diopsídica em grãos simplectíticos ao redor de grd (Alm28- 33Gro35-42Py24-31). O cam é tsch em grano/poiquiloblastos e hbl-tsch em grãos lamelares (simplectíticos). O ep apresenta conteúdo de Al2O3 expressivo (~28,00%), com o pl em campo de anortita pura e caráter secundário (retrógrado). O spl, essencialmente secundário, tem composição sensu stricto e Mg/Fe+2= 1. A paragênese grd+ cpx± hbl± ep, com pl secundário, simplectítico com Ca-cpx, é sugestiva de rochas submetidas a fácies eclogito. Foram estimadas condições acima de 20Kbares a partir da formação de grd em rochas metaultramáficas, com condições entre 1.350- 1.500°C, determinadas experimentalmente para a transição spl-grd, em estado subsolidus, em sistema CMAS. Pares de grd-cpx, grd-hbl fornecem valores entre 970-1.000°C e 560-760°C, respectivamente. Calibrações clássicas de Al em anfibólio forneceram condições entre 10,5-11,5 Kbares para variedades granoblásticas, e de 8,1-8,4 Kbares para lamelares. Diferenças químicas entre as metaultramáficas (e o metarrodingito) da base da klippe Carvalhos, e os anfibolitos associados, indicam que essas associações não são derivadas de uma fonte magmática comum, com os metaultramafitos e o metarrodingito, possivelmente correlacionados aos metabasaltos retroeclogíticos de idades criogenianas ou ectasianas/calimianas da região, e relacionados a peridotitos orogênicos de alta a ultraalta pressão (HP/UHP), e a seções crustais de ofiolitos meso- a neoproterozóicos desmembrados e extirpados durante a exumação do prisma acrescionário da Nappe Pouso Alto. Os anfibolitos, por sua vez, são relacionados à infraestrutura riaciana (Complexo Mantiqueira), da orogenia neoproterozóica.
  • Item
    Aspectos de campo, petrográficos, química mineral, litogeoquímica, geocronologia U-Pb e geoquímica isotópica Sm-Nd de tonalitos paleoproterozóicos da porção setentrional da Suíte Alto Maranhão, Minas Gerais.
    (Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto., 2008) Martins, Lúcio Anderson; Seixas, Luís Antônio Rosa
    Variados processos petrogenéticos são propostos neste trabalho para explicar a gênese e evolução magmática de rochas tonalíticas da porção setentrional da Suíte Alto Maranhão, cinturão de granitóides paleoproterozóicos (2,3 – 2,1 Ga) de arco magmático acrescidos ao núcleo arqueano da porção meridional do Cráton São Francisco. Estudos realizados em tonalitos de uma ampla região ao sul do Quadrilátero Ferrífero permitem separar os seguintes grupos petrológicos: (i) biotita-hornblenda quartzo-dioritos a tonalitos de baixa sílica, com os minerais acessórios zircão, apatita, ilmenita, titanita e allanita; (ii) biotita (± hornblenda) tonalitos de média sílica com os mesmos minerais acessórios que os anteriores; (iii) biotita tonalitos de alta sílica, com maior proporção de K-feldspato, muscovita e acessórios zircão, apatita, titanita e allanita; e (iv) biotita (± hornblenda) tonalitos de média sílica com granada, magnetita, zircão, apatita e allanita. Os quartzo-dioritos e tonalitos de baixa sílica apresentam abundantes estruturas de magma mingling com enclaves magmáticos dioríticos co-genéticos e representam magmas primitivos derivadas do manto metassomatizado associado a zonas de subducção. Possuem Cr (>100 ppm) e Ni (>50 ppm), idade de cristalização U-Pb em 2128 ±9 Ma, idade modelo TDM≤2,43 Ga, parâmetro εNd(2128Ma) entre -1,07 e -0,15, e evidências geoquímicas de diferenciação magmática controlada pela cristalização fracionada de hornblenda e minerais acessórios. Os tonalitos de média sílica do grupo (ii) mostram feições de campo transicionais para fácies com estruturas de magma mingling . A distribuição dos elementos maiores e traço em diagramas binários de variação, o padrão de elementos terras raras, o perfil em diagramas multielementares normalizados ao manto primitivo, e os parâmetros isotópicos Sm/Nd de amostras desse grupo sugerem origem derivada do magma parental do grupo de baixa sílica, com variável contaminação por crosta mais antiga. Os biotita tonalitos de alta sílica contém intensa atividade filoneana de diques pegmatíticos e aplíticos. Possuem geoquímica de elementos maiores e traço similar à de suítes TTG alto alumínio, idade modelo Sm/Nd TDM de 2,30 Ga e εNd(2128Ma) positivo (+0,8), o que permite associar esse magmatismo aos demais tonalitos de baixa e média sílica dos grupos (i) e (ii). Contudo, nesse caso o processo petrogenético proposto é a fusão parcial de um protólito máfico paleoproterozóico com pouco tempo de residência crustal, e deixando como resíduo granada ± hornblenda. Os tonalitos de média sílica com granada e magnetita do grupo (iv) são mais velhos que os demais, com idade U-Pb (zircão) (ID-TIMS) de 2337,2 ± 6,1 Ma, idade modelo TDM(2337) de 2,43 Ga e εNd (2337) = +1,3. Comparativamente, os dados geoquímicos também mostram algumas diferenças importantes, notadamente valores mais baixos de K2O, Ba e Sr, e ligeiramente mais elevados em Ta e Nb, de modo que esses granitóides contém anomalia menos pronunciada de Nb-Ta em diagramas normalizados ao manto primitivo. Sugere-se que representam a composição de líquidos derivados da fusão parcial de uma fonte máfica paleoproterozóica logo após sua extração do manto, e com pouca ou nenhuma retenção de fase mineral contendo Ta-Nb no resíduo.