DEGEO - Departamento de Geologia

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    Processos fossildiagenéticos de restos de mamíferos quaternários coletados em cavernas carbonáticas de Minas Gerais e Bahia.
    (2023) Fernandes, Ingrid; Leite, Mariangela Garcia Praça; Vasconcelos, André Gomide; Leite, Mariangela Garcia Praça; Hubbe, Alex Christian Rohrig; Varejão, Filipe Giovanini
    Restos quaternários coletados em cavernas carbonáticas apresentam diversas características fossildiagenéticas em função da morfologia e composição dos ossos, de seu eventual retrabalhamento e das condições ambientais específicas do local de deposição e/ou soterramento. No caso de ossos e dentes de vertebrados, seis processos diagenéticos que atuam na preservação das partes duras dos organismos são reconhecidos: incrustação, permineralização, substituição, recristalização, mumificação e moldes e contramoldes. A identificação dos modos de fossilização visa contribuir para o entendimento das etapas tafonômicas e os aspectos paleoambientais do local de soterramento. Esses processos, geralmente identificados com base em análises macroscópicas, contribuem em pesquisas bioestratinômicas e ambientais. Porém, maioria das vezes, apenas descrições macroscópicas podem não ser suficientes para determinar o grau de preservação de um osso em uma determinada caverna, sendo poucos os trabalhos paleontológicos que utilizam análises de detalhe para um melhor entendimento dos processos de fossilização. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo principal analisar as feições fossildiagenéticas em restos de vertebrados quaternários encontrados em diferentes cavernas calcárias de Minas Gerais e Bahia. Para tal, foram descritas 40 lâminas de ossos e dentes em microscópio óptico, das quais, 19 foram avaliadas em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) acoplado a Espectroscópio de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX). Adicionalmente, 17 amostras foram analisadas em Difratômetro de Raios-X (DRX), e 10 em Espectrômetro de Emissão Óptica por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Enquanto as análises macroscópicas permitiram a caracterização de apenas três processos fossildiagenéticos (i.e., incrustação, permineralização e substituição), as demais análises demonstraram que, além dos processos citados, também ocorreu a recristalização dos restos de vertebrados. Esses processos compartilharam materiais/minerais que incluíram: calcita, aragonita, dolomita, argilominerais, óxidos/hidróxidos de ferro e/ou manganês, intraclastos e extraclastos. Microscopicamente, incrustação foi sem dúvida, o processo mais comum, seguido da permineralização. Ambos os processos são poligenéticos, com diferentes minerais, como calcita, aragonita, dolomita e óxidos/hidróxidos de ferro e/ou manganês (precipitação química) e materiais, como argilominerais, intraclastos e extraclastos (infiltração mecânica de argilas e agregação de partículas) formando camadas sobrepostas de espessuras e continuidades variadas. Algumas dessas camadas, em especial as carbonáticas, semelhantes às formadas em espeleotemas, incluíram a precipitação de aragonita acicular na forma de leques. Já a substituição, ocorreu do mosaico fino calcita por dolomita e a recristalização foi observada nos ossos, com a hidroxiapatita, que sofreu um incremento da razão Ca/P. Desse modo, os resultados demostraram a grande importância da inclusão de análises mais detalhadas nos estudos fossildiagenéticos, já que somente análises macroscópicas podem não ser suficientes para se avaliar a quantidade de minerais e materiais presentes no processo de fossilização, se determinada amostra trata-se efetivamente de um fóssil ou até mesmo determinar seu grau de preservação.