DEGEO - Departamento de Geologia

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    Arcabouço tectono-estratigráfico da bacia do São Francisco nos arredores das serras da Água Fria e da Onça, porção centro-norte do Estado de Minas Gerais.
    (Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto., 2008) Hercos, Cízia Mara; Martins Neto, Marcelo Augusto
    A área investigada está situada nos setor oriental da bacia do São Francisco, porção centro-norte de Minas Gerais, e compreende as imediações da cidade de Jequitaí e das serras da Água Fria, da Onça e das Porteiras. No contexto geotectônico essa região se encontra inserida na zona de antepaís do Cráton do São Francisco, afetada por uma tectônica epidérmica sem envolvimento do embasamento na deformação da cobertura. O objetivo deste estudo foi reconstruir o arcabouço tectono-estratigráfico do segmento em questão, a partir da integração de dados sísmicos com dados de superfície, além de investigar o posicionamento estratigráfico das rochas que afloram na serra da Água Fria, incluindo os diamictitos da Formação Jequitaí. Foram utilizadas as seções sísmicas RL-060 e RL-300, além dos dados dos poços 1- RF-1-MG e PSB-17. O levantamento dos dados de superfície foi concentrado próximo à linha RL-300 que atravessa parte da área, com direção NW-SE. As atitudes estruturais e os contatos foram projetados para a seção de modo a completar a geometria estrutural, bem como buscar a correlação entre as unidades estratigráficas aflorantes com aquelas reconhecidas em subsuperfície. A partir da análise dos padrões sísmicos de reflexão, identificou-se que o preenchimento da bacia do São Francisco no segmento considerado é representado por três megasseqüências: (a) megasseqüência inferior, constituindo o preenchimento de grábens e hemigrábens, (b) megasseqüência intermediária, caracterizada por superfícies erosivas internas e por uma proeminente feição canalizada na base, sobreposta por estratos subparalelos no topo; e (c) megasseqüência superior, representada por uma sucessão de estratos paralelos a subparalelos com grande continuidade lateral. O limite entre elas ocorre através de discordâncias que são bem caracterizadas na sísmica, porém sutis nos afloramentos. Os depósitos areno-diamictíticos da Formação Jequitaí ocorrem no interior de um hemigráben (megasseqüência inferior), com falha de borda mergulhando para leste e limitando um bloco de embasamento a oeste (Alto do Boqueirão). Esses depósitos foram correlacionados ao desenvolvimento do rifte Macaúbas, e não são correlacionáveis aos conglomerados e “diamictitos” amostrados ao final do poço 1-RF-1-MG, os quais ocorrem na megasseqüência intermediária. Sobrepondo a Formação Jequitaí ocorrem depósitos de arenitos, siltitos, argilitos, ritmitos areno-pelíticos e margas, capeados por rochas carbonáticas pertencentes à megasseqüência intermediária e correlacionados ao estágio flexural da bacia Macaúbas. Sobre os depósitos da megasseqüência intermediária repousa uma seqüência pelito-carbonática (megasseqüência superior) que foi correlacionada ao desenvolvimento da bacia Bambuí.A análise estrutural permitiu dividir a área em três domínios estruturais, com base em dados de superfície e na interpretação sísmica: Oriental, Central e Ocidental, com magnitude da deformação diminuindo no sentido oeste. O acervo estrutural indica que o segmento bacinal investigado registra os efeitos de uma inversão tectônica relacionada ao evento compressional Brasiliano envolvendo o embasamento no processo deformacional nos domínios central e oriental. Foram distinguidas várias feições que suportam tal proposição, a saber: grábens e horts limitados por falhas normais reativadas como reversas, recobertas por estratos dobrados com maior encurtamento relativo; soerguimento do alto do Boqueirão, ocasionando a geração de uma extensa monoclinal no seu flanco oeste; elevação considerável do relevo estrutural no domínio oriental, cerca de 2500m, resultando na exumação de rochas pertencentes ao Supergrupo Espinhaço (embasamento relativo da bacia do São Francisco) no núcleo das megaculminações antiformais, como a anticlinal da serra do Cabral. Em escala regional o segmento estudado constituiu uma protuberância dentro da zona de antepaís do cráton São Francisco, aqui denominada de “Saliência de Pirapora”, onde o embasamento participou na deformação da cobertura, configurando uma tectônica thick-skinned, em oposição ao estilo thin-skinned vigente.
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    Deformação da cobertura com embasamento envolvido em caixas de areia : estudo de caso da região da Serra da Água Fria (MG), Bacia São Francisco.
    (2010) Gomes, Caroline Janette Souza; Danderfer Filho, André; Hercos, Cízia Mara
    Modelos experimentais foram empregados para testar uma interpretação tectônica da região da serra da Água Fria, localizada a nordeste da serra do Cabral, na porção leste do Craton São Francisco (MG). Em três experimentos investigou-se o efeito de diferentes materiais analógicos sobre o encurtamento progressivo de uma bacia extensional, constituída por grábens e horsts posicionados sobre um descolamento basal intracrustal. O intuito do estudo era analisar a dupla vergência de falhas reversas sobre o Alto do Boqueirão, um alto do embasamento, e dobras induzidas por falhamentos de polaridade contrária ao sentido do transporte tectônico regional na sequência pós-rifte. O experimento I foi montado somente com areia colorida, simulando o comportamento rúptil, enquanto que nos experimentos II e III introduziu-se na sequência pós-rifte uma anisotropia basal, mediante o uso de microesferas de vidro e cristais de mica, respectivamente. Os experimentos revelaram que a hipótese de que um bloco de embasamento, situado sobre um descolamento intracrustal, possa ter agido inicialmente como um obstáculo à deformação progressiva durante a inversão tectônica, e posteriormente, ao se tornar móvel, como um indenter, é geométrica e cinematicamente viável. Nesta condição, demonstrou-se que o bloco do embasamento induz falhas reversas com dupla vergência na sequência pós-rifte. Além disso, os experimentos revelaram que a introdução de um material incompetente, especialmente de microesferas de vidro, confere à camada de areia sobreposta, uma reologia rúptil-dúctil. A este comportamento atribuiu-se a formação de fault-propagation folds durante a compressão, tais como caracterizadas sobre o bloco móvel do embasamento na região da serra da Água Fria.
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    Arcabouço estrutural da Bacia do São Francisco nos arredores da Serra da Água Fria (MG), a partir da integração de dados de superfície e subsuperfície.
    (2008) Hercos, Cízia Mara; Martins Neto, Marcelo Augusto; Danderfer Filho, André
    A porção leste da Bacia do São Francisco, nos arredores da serra da Água Fria, conta com uma seção sísmica (240-RL-300) de direção NW-SE. Ao longo dessa seção foi possível reconhecer os estilos estruturais dominantes no segmento estudado e constatar que o mesmo pertence a um compartimento tectônico, denominado Saliência de Pirapora, onde o embasamento foi envolvido na deformação das rochas da cobertura (tectônica thickskinned). A partir da integração dos dados sísmicos e de campo, foi possível dividir esse segmento em 3 domínios estruturais: Oriental, Central e Ocidental, que são caracterizados, no nível estrutural mais raso, pela presença de megadobras, uma extensa monoclinal (Monoclinal do Boqueirão) e estratos suborizontais, respectivamente. A deformação é maior no domínio Oriental e diminui em direção ao Ocidental. No domínio Oriental foi constatado um soerguimento do relevo estrutural de cerca de 2500m; em profundidade, nos arredores da serra da Água Fria, foi interpretado um hemigráben invertido (inversão fraca) balizado a oeste por um alto de embasamento (Alto do Boqueirão), recoberto em contato discordante por uma unidade que exibe maior encurtamento relacionado ao desenvolvimento das megadobras. O alto do Boqueirão atuou como um anteparo rígido (butress), causando o encurtamento da sequência sin-rifte ao bloquear o transporte tectônico dirigido para oeste. A monoclinal do Boqueirão foi gerada em resposta ao soerguimento desse alto durante a inversão da bacia. O encurtamento total da área foi acomodado por dois mecanismos: inversão de falhas normais em resposta ao soerguimento regional do embasamento, e dobramentos na cobertura amplificados por esforços horizontais.