PPEA - Mestrado (Dissertações)
URI permanente para esta coleçãohttp://www.hml.repositorio.ufop.br/handle/123456789/7799
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Item Resistências de comércio, produto e capital : os efeitos das importações de bens de capital no Brasil e nas economias mundiais.(2020) Oliveira, Anselmo Carvalho de; Oliveira, Heder Carlos de; Betarelli Junior, Admir Antonio; Oliveira, Heder Carlos de; Betarelli Junior, Admir Antonio; Fernandes, Rosangela Aparecida Soares; Mendonça, Talles Girardi de; Miguez, Thiago de Holanda LimaAs atividades setoriais que se vinculam à formação bruta de capital físico são reconhecidamente estratégicas para qualquer economia, pois, ao contribuir para a expansão da capacidade produtiva e alterar a quantidade de capital físico por trabalhador, elas podem gerar difusão tecnológica, ganhos de produtividade e crescimento econômico. Não obstante, a oferta dos bens produzidos pela indústria de bens de capital é insuficiente para atender o nível de absorção das demais atividades produtivas na economia brasileira. Em geral, essa característica estrutural se associa aos países onde o desenvolvimento da indústria de capital foi retardatário com tecnologias atrasadas. As importações podem complementar a oferta da indústria nacional, mas também podem estimular a difusão e internalização de tecnologias mais avançadas entre os setores domésticos. Dessa maneira, esta dissertação avalia os efeitos das importações de bens de capital sobre o crescimento econômico do Brasil e de um conjunto de países entre 2008 e 2016. O foco da análise reside especialmente na resistência ao comércio e na acumulação de capital, uma vez que, por hipótese, as resistências ou custos de transação reduzem os fluxos comerciais com efeitos negativos sobre a acumulação de capital e o crescimento econômico. Para acomodar o objetivo principal desta dissertação, foram estimadas equações gravitacionais pelo método Poisson-Pseudo Maximum Likelihood (PPML). As estimações consideraram efeitos fixos para países-setor-ano, que absorvem as resistências multilaterais, e para pares de países com o propósito de controlar as resistências bilaterais não observáveis e resolver o problema da endogeneidade. Os resultados indicam que as resistências bilaterais ao comércio, tais como as barreiras geográficas, político-administrativas e culturais, foram estatisticamente significativas e apresentaram os sinais esperados, conforme registrado também em outros trabalhos da literatura aplicada. Em média, um aumento de 10% nas tarifas de importação reduziria as importações mundiais e brasileiras em até 1.04% e 3.91%, respectivamente. O Brasil possui o sexto maior custo bilateral médio para as importações de bens de capital, o que aumenta os gastos das empresas nacionais para terem acesso aos bens necessários para a sua produção; e o décimo terceiro maior custo para as suas exportações desses bens, cujas consequências são o encarecimento dos seus produtos de exportação para o consumidor final no país importador, reduzindo a sua capacidade de inserção nesses mercados. A partir dos efeitos fixos para exportador (origem)-setor-ano e para importador (destino)-setor-ano, foi possível calcular a resistência multilateral utilizada para estimar a função Cobb-Douglas de produção e a função de acumulação de capital. Os resultados da função Cobb-Douglas mostraram que a participação do trabalho na produção foi relativamente maior do que a do capital, o que indica um custo relativo do capital mais alto do que o do trabalho. O coeficiente do termo de resistência multilateral externo permite inferir que os custos de transação afetaram os preços aos produtores negativamente. Esse resultado sinaliza que políticas comerciais que promovam a exposição maior dos produtores ao mercado internacional podem ter efeitos positivos sobre o produto. Já os resultados das estimações dos termos de resistência multilateral interno foram utilizados para estimar a função de acumulação de capital. O coeficiente do termo de resistência multilateral interno estabeleceu a relação causal inversa entre a resistência ao comércio e a acumulação de capital. Na medida em que o aumento do estoque de bens de capital é determinante para o aumento da produtividade do trabalho e do produto, essa relação seria um indício da dificuldade que a resistência ao comércio traz para o crescimento de uma nação. Esse resultado sinaliza que políticas de abertura comercial, ao reduzirem o custo relativo do investimento, aumentam o estoque de bens de capital. Portanto, os países, principalmente os não desenvolvidos, têm muito a ganhar ao promoverem reformas que reduzam essas resistências e incentivem as importações desses bens.