POSLETRAS - Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos da Linguagem
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Navegando POSLETRAS - Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos da Linguagem por Assunto "Análise crítica do discurso"
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Item A construção social da voz na performatividade do gênero : uma análise prosódico-discursiva no falar transgênero feminino.(2020) Santos, Leandro Augusto dos; Antunes, Leandra Batista; Antunes, Leandra Batista; Marusso, Adriana Silvia; Bodolay, Adriana NascimentoO presente trabalho teve como objetivo verificar o papel da prosódia na construção social da Voz de mulheres transgênero. Para tanto, escolhemos trabalhar com trechos de vídeos de 6 youtubers famosos: 2 homens cis (Christian Figueiredo e PC Siqueira), 2 mulheres cis (Kéfera Buchmann e Niina Secrets) e 2 mulheres trans (Mandy Candy e Thiessa). Delimitamos uma tag específica de vídeos para que pudéssemos ter mais comparabilidade de gênero textual (BAKHTIN, 1952-1953), e também para que os aspectos prosódicos tivessem maior semelhança (BARBOSA, 2012). Nossa análise discursiva, sob a perspectiva da Análise de Discurso Crítica, mostra que os homens constroem uma subjetividade hegemônica (FAIRCLOUGH, 2001) e pertencente à matriz heterossexual de normatividade (BUTLER, 1990), possuindo uma performatividade da imagem de “homem pegador” e de “homem ogro”. Nas mulheres cis observamos que Kéfera pretende se mostrar como uma “mulher sem frescuras” e Niina como uma “mulher empreendedora”, possivelmente na tentativa de subverter os padrões machistas de práticas sociais. Mandy e Thiessa possuem um número bem menor de inscrições em seus respectivos canais e representam uma categoria excluída pela heteronormatividade. Pudemos perceber que elas servem de visibilidade, inspiração e gurus de seus seguidores, tentando subverter as categorias de nossa sociedade. Além disso, há uma constante preocupação com conceitos como “passabilidade”, que demonstra insegurança de mulheres trans frente ao olhar do Outro (BARROSO, 2012). Com as análises acústicas, pudemos perceber que a voz das mulheres trans aqui analisadas possuem características mais femininas do que masculinas, o que comprova nossa hipótese de que pessoas que passaram pelo processo de transição hormonal teriam que moldar sua frequência fundamental para uma construção social de suas Vozes (BARROS FILHO, 2004). Pudemos perceber que as mulheres dos dois grupos apresentaram valores de f0 mais elevados que os homens, além de tessitura de até 40 Hz a mais que eles. Isso demonstra que há uma variação melódica maior no falar das mulheres, sejam cis ou trans. O teste de percepção – realizado de maneira remota com 79 pessoas – mostrou que as mulheres trans possuem passabilidade no que se refere a suas Vozes, tendo tido poucas respostas que mostram “confusão” do participante. Também notamos que Christian possui valores de f0 mais altos que PC Siqueira, o que nos faz perceber que as categorias de traços masculinos ou femininos não é linear e é tão binária quanto qualquer teoria social, ainda que haja diferenças fisiológicas nos tratos vocálicos de cada sexo/gênero.