Navegando por Autor "Silveira, Juliana Machado"
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Item Os escritos confessionais de Úrsula Suárez como artes de fazer.(2021) Silveira, Juliana Machado; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Borges, Celia Maia; Fernandes, Luiz Estevam de OliveiraEste trabalho visa interpretar os escritos autobiográficos de Sóror Úrsula Suárez, publicados pela Academia Chilena de História, sob o título de Relación Autobiográfica em 1984. Esta religiosa, que viveu entre os anos de 1666-1749, pertencia à elite de Santiago, formada pela linhagem de antigos conquistadores, ricos mercadores e funcionários da Corte. Aos doze anos ingressou, contra a vontade da família, no Convento de Nuestra Señora de la Victoria, de onde jamais saiu. Nesta Casa religiosa, destacou-se exercendo importantes cargos, como os de provisora (1684-1685), definidora (1687), vicária (1710-1713) e abadessa (1721-1724). Aos 33 anos, recebeu a ordem do diretor espiritual para escrever uma série de relatos confessionais que abarcavam sua vida desde a infância. Úrsula provavelmente chamou atenção do clero da cidade por conta de suas experiências sobrenaturais, como visões, conversações, sonhos e profecias. Esta prática de escrita era comum durante o período colonial e tinha como objetivo investigar a ortodoxia e a verdade da vivência das religiosas. Na América Hispânica, estes escritos receberam grande influência do ideário místico que floresceu na Península Ibéria durante os séculos XVI e XVII, inspirado por um pensamento difundido na região Reno-Flemenga e pelo estilo dos cristãos conversos, assumindo contornos diversos. De forma geral, os relatos conventuais femininos delineavam um caminho espiritual interior livre de mediações eclesiásticas. A principal problemática lançada pelo estudo que se almeja desenvolver é: que critérios de inteligibilidade podem ser empregados para interpretação historiográfica destes escritos? Tomando como referência a obra A invenção do cotidiano, do historiador Michel de Certeau, sugerimos como hipótese que as experiências de Úrsula Suárez, constituem-se como artes de fazer, que são pequenos e silenciosos atos promovidos no intuito de burlar os sistemas e as normas estabelecidos. Isto porque ela reinventou suas crenças através de experiências cujas dinâmicas ultrapassavam um corpo estático de doutrinas, balizadas pelos códigos religiosos e pela tradição. Deste modo, estas deixam de orientar o discurso religioso para dar lugar ao sincrético, ao novo e ao improviso. Em termos metodológicos, buscamos desvendar elementos textuais que indiquem o delinear de subjetividade feminina através de sua escrita.