Navegando por Autor "Silva, Charles Luiz da"
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Item Vozes ativas : socialização, vivências e resistência de estudantes negros do Ensino Médio em uma escola de Belo Horizonte - MG.(2022) Silva, Charles Luiz da; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Santos, Adilson Pereira dos; Silva, Natalino Neves da; Tosta, Sandra de Fátima PereiraA Lei n. 10639/03 que instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro- brasileira no ambiente escolar, enfrentou muitos obstáculos até sua consolidação e a pressão do Movimento Negro foi crucial para sua aprovação. Porém, até os dias atuais a aplicação da Lei nas escolas ainda não se universalizou. O objetivo principal desta pesquisa foi compreender como estudantes negros do Ensino Médio de uma escola estadual de Belo Horizonte reconhecem e vivenciam os saberes invocados pela Lei n. 10.639/03 no ambiente escolar. A investigação teve caráter qualitativo e utilizou-se da pesquisa bibliográfica, da análise documental e da entrevista semi diretiva com quatro jovens negros concluintes do Ensino Médio de uma escola estadual de Venda Nova, uma sub-região de Belo Horizonte, MG. A discussão trazida na investigação abordou inicialmente a trajetória do Movimento Negro e seu envolvimento com a educação enxergando nesse campo uma grande possibilidade de emancipação da população negra desde o pós escravidão no século XX até a aprovação das leis de ações afirmativas de discriminação positiva, em especial a Lei n. 10.639/03. Para tal discussão foram cruciais autores como Gomes (2017) e Domingues (2009) dentre outros. Também foi realizada uma reflexão sobre juventudes, com ênfase nas lógicas socializadoras das camadas populares e na juventude negra, trazendo dados sobre o processo de exclusão dessa população no Ensino Médio. Para isso, autores como Dayrell (2007) e Thin (2010) foram muito importantes, entre outros. Com a análise da literatura, das leis, das entrevistas e do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola estudada buscamos relacionar as respostas dos estudantes sobre as relações étnico-raciais e suas experiências na escola. Os resultados nos mostram que: A abordagem das relações étnico-raciais na escola não reflete um ambiente democrático em sua acepção ampla e cotidiana; é necessário o fomento de uma “cultura escolar para as relações étnico-raciais”. Outro ponto encontrado em nossa pesquisa foi a apropriação heterodoxa de espaços que a escola cedia para os alunos, culminando em manifestações relativas às questões étnico-raciais de maneira mais próxima ao que os alunos julgavam ser uma abordagem apropriada ao tema e ao que preconiza a Lei n. 10.639/03. Por fim, vale ressaltar que fica notória a necessidade de uma maior abertura da escola com relação aos anseios dos jovens, proporcionando canais de uma escuta ativa para possíveis proposições de intervenção.